Entrada do lixo na agenda do setor de energia.
Valor EconômicoQuatro anos após sua regulamentação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda não conseguiu consolidar o biogás na matriz elétrica.
Encerrado este mês o prazo legal para a extinção completa dos lixões e adaptação das cidades brasileiras às novas regras de gestão do lixo, menos da metade dos municípios se adequou à legislação e apenas seis projetos, que somam modestos 36 MW, saíram do papel em aterros brasileiros.
Apesar dos passos tímidos, o marco regulatório deixou seu legado.
Com a entrada do lixo na agenda do setor de energia, empresas nacionais e estrangeiras se agitam, em movimentos de fusões e aquisições, para explorar o potencial brasileiro de biogás, tanto em cidades quanto nas indústrias e agronegócio.
“A PNRS não influenciou em nada nossos investimentos, mas colocou a gestão dos resíduos em pauta”, diz Alessandro Gardemann, diretor da paranaense GeoEnergética, que tem desde 2013 a americana GE como sócia.
Até então focada no fornecimento de motores a biogás, a multinacional resolveu comprar 5% da empresa fundada pela família Gardemann, que planeja investir R$ 1,5 bilhão em sete anos na instalação de 500 MW em projetos de biodigestão da vinhaça, subproduto do etanol nas usinas sucroalcooleiras.
Empresas como a GE, a belga GWE e a portuguesa Ene Energy são exemplos de estrangeiras que resolveram se aliar a empresas familiares para investir no biogás no Brasil.
O voo mais recente é o da Ene, que se uniu este mês à Estre, fundada por Wilson Quintella Jr.
A portuguesa terá 10% Quatro anos após sua regulamentação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda não conseguiu consolidar o biogás na matriz elétrica.
Encerrado este mês o prazo legal para a extinção completa dos lixões e adaptação das cidades brasileiras às novas regras de gestão do lixo, menos da metade dos municípios se adequou à legislação e apenas seis projetos, que somam modestos 36 MW, saíram do papel em aterros brasileiros. Apesar dos passos tímidos, o marco regulatório deixou seu legado.
Com a entrada do lixo na agenda do setor de energia, empresas nacionais e estrangeiras se agitam, em movimentos de fusões e aquisições, para explorar o potencial brasileiro de biogás, tanto em cidades quanto nas indústrias e agronegócio.
“A PNRS não influenciou em nada nossos investimentos, mas colocou a gestão dos resíduos em pauta”, diz Alessandro Gardemann, diretor da paranaense GeoEnergética, que tem desde 2013 a americana GE como sócia.
Até então focada no fornecimento de motores a biogás, a multinacional resolveu comprar 5% da empresa fundada pela família Gardemann, que planeja investir R$ 1,5 bilhão em sete anos na instalação de 500 MW em projetos de biodigestão da vinhaça, subproduto do etanol nas usinas sucroalcooleiras.
Empresas como a GE, a belga GWE e a portuguesa Ene Energy são exemplos de estrangeiras que resolveram se aliar a empresas familiares para investir no biogás no Brasil.
O voo mais recente é o da Ene, que se uniu este mês à Estre, fundada por Wilson Quintella Jr. A portuguesa terá 10% na Estre Energia Renovável, que atuará em aterros.
As fusões e aquisições não se limitam a estrangeiras.
A Foxx Haztec nasceu em 2013 da fusão das brasileiras Foxx Inova Ambiental (55%) e Haztec Soluções Ambientais (45%), para atuar no tratamento do biogás e geração a partir da queima direta do lixo.
A capitalização dos planos de negócios das empresas do setor passa também por recursos públicos. A aliança com o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) financiou a Ecometano, do grupo MDCPar.
O fundo aportou R$ 250 milhões no MDC, que vende biogás para distribuidoras de gás canalizado, num conceito de negócio alternativo.
“Usar biogás para eletricidade gera perda de eficiência. Já o biometano para uso não termelétrico contribui para a balança comercial”, afirma Mareio Schittini, gerente de Desenvolvimento de Projetos da Ecometano, que vende o biogás do aterro Dois Arcos, de São Pedro da Aldeia (RJ), para a CEG Rio e pretende investir R$ 300 milhões em quatro novas unidades no país até 2016.
A Estre também pleiteia recursos do FI-FGTS e planeja bancar seu plano de negócios, que prevê* R$ 300 milhões para atingir os 100 MW até 2017, com 20% a 30% de capital próprio. “
O biogás é uma área atraente para financiamento, em função do apelo sustentável”, diz Alexandre Alvim, diretor de Novos Negócios da Es-, tre, que opera uma usina de 4,2 MW no aterro de Guataparã (SP).
Lixo lucrativo
Setor tem potencial de expansão.
36 MW foram instalados em aterros desde a regulamentação da nova política.
69,8 MW é a potência instalada atual de usinas a biogás no país.
311 MW é o potencial brasileiro de geração de energia a partir do biogás em aterros entre 2010 e 2020.
R$ 2,1 bilhões é a soma da carteira de investimentos da GeoEnergética, Ecometano e Estre no biogás.
O que diz a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, incluindo a extinção dos lixões, deveria ter sido implantada até 2 de agosto deste ano.
O incentivo à gestão ambiental e empresarial voltada para o reaproveitamento dos resíduos, incluindo a geração de energia, é um dos objetivos da PNRS.
O aproveitamento energético do biogás é a diretriz número 1 para o tratamento e recuperação de gases em aterros sanitários, segundo o Plano Nacional proposto pelo governo.
P&D impulsiona o setor no Brasil
Desde a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, a capacidade de usinas de biogás cresceu cerca de 40 MW nos centros urbanos, seja em aterros ou estações de tratamento de esgoto.
O número é baixo se comparado com os dois primeiros projetos do país, as usinas paulistas São João (24,6 MW) e Bandeirantes (inaugurada com 20 MW, mas atualmente limitada a 5 MW).
Uma série de projetos de pesquisa e desenvolvimento, no entanto, promete movimentar o mercado.
Somente em iniciativas de P&D cadastradas na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) são 23 projetos, que podem adicionar 33,7 MW à matriz até 2016.
A potência instalada atual de usinas a biogás no país é de 69,8 MW. Quando o programa estiver concluído, a capacidade total ultrapassará os 100 MW.
O potencial brasileiro, segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, proposto pelo governo em 2012, mas jamais publicado, é de 311 MW, só em aterros.
Na carteira de projetos, estão iniciativas de P&D com biogás de diferentes fontes, como estações de esgoto, dejetos suínos e até de restos de alimentos.
Este, por exemplo, é o alvo da gaúcha CEEE, que pretende construir uma usina na Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Porto Alegre.
O projeto, de 660 kW, exigirá 7,2 mil toneladas/ano de resíduos perecíveis não utilizados, que hoje vão parar em aterros.
Já a Eletrosul, do grupo Eletro-bras, está apostando numa central de„400 kW que queimará o biogás gerado a partir da biodigestão de dejetos de criação de suínos em Santa Catarina.
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