Opinião

Petróleo dá reviravolta até 2020, diz analista

Aumento sem precedentes na produção pode gerar crise antes do fim da década.

Folha de São Paulo
06/07/2012 17:41
Visualizações: 461

 

A produção de petróleo no mundo está sofrendo um aumento sem precedentes, o que pode levar a uma crise de superprodução antes do fim da década. A conclusão é de um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, que põe o Brasil entre os seis maiores produtores de óleo em 2020.
A análise foi feita pelo italiano Leonardo Maugeri, ex-diretor da gigante petroleira Eni. Pesquisador-visitante do Centro Belfer para Relações Internacionais, ele é considerado um dos principais analistas do setor no mundo.
Somando dados de produção dos maiores campos de petróleo do globo, Maugeri estimou que o suprimento do combustível saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.
Hoje o mundo já tem cerca de 5 milhões de barris/dia em "capacidade ociosa". Se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer, a superprodução poderá chegar antes do fim desta década, afirma.
Os dados de Maugeri são uma pancada na tese do "pico do petróleo", segundo a qual as reservas são finitas e várias partes do mundo já alcançaram seu pico de produção. Daqui para a frente, reza a teoria, o óleo vai ficar cada vez mais escasso e caro.
"As pessoas do mercado nunca levaram a tese do pico do petróleo a sério", disse Maugeri à 'Folha'. "Sabemos que preço e tecnologia são os únicos fatores reais que controlam o fornecimento".
Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. Ele será puxado, afirma o estudo, pela retomada da produção no Iraque e, principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil.
O maior acréscimo virá dos EUA, graças a uma tecnologia conhecida como fraturamento hidráulico ("fracking", em inglês). Ela permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis.
Efeito Geopolítico
A exploração por essa via começou em 2007. Em 2020, Maugeri calcula em 4,17 milhões de barris o petróleo adicional extraído dessa forma, o que fará dos EUA o segundo maior produtor, atrás somente da Arábia Saudita.
A precondição para essa expansão toda é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro.
Isso produziria um efeito colateral geopolítico: "O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio", diz.
"Isso não significa que o hemisfério ocidental se torna independente", afirma Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe-URFJ. "Mas põe os EUA numa posição muito mais confortável".
Segundo Maugeri, "o mercado toma consciência de que o petróleo iraniano não é mais necessário". Ele atribui a alta do barril para US$ 100 nesta semana a uma "reação psicológica" à crise persa, não a incertezas em relação ao suprimento do produto.

A produção de petróleo no mundo está sofrendo um aumento sem precedentes, o que pode levar a uma crise de superprodução antes do fim da década. A conclusão é de um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, que põe o Brasil entre os seis maiores produtores de óleo em 2020.


A análise foi feita pelo italiano Leonardo Maugeri, ex-diretor da gigante petroleira Eni. Pesquisador-visitante do Centro Belfer para Relações Internacionais, ele é considerado um dos principais analistas do setor no mundo.


Somando dados de produção dos maiores campos de petróleo do globo, Maugeri estimou que o suprimento do combustível saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.


Hoje o mundo já tem cerca de 5 milhões de barris/dia em "capacidade ociosa". Se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer, a superprodução poderá chegar antes do fim desta década, afirma.


Os dados de Maugeri são uma pancada na tese do "pico do petróleo", segundo a qual as reservas são finitas e várias partes do mundo já alcançaram seu pico de produção. Daqui para a frente, reza a teoria, o óleo vai ficar cada vez mais escasso e caro.


"As pessoas do mercado nunca levaram a tese do pico do petróleo a sério", disse Maugeri à 'Folha'. "Sabemos que preço e tecnologia são os únicos fatores reais que controlam o fornecimento".


Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. Ele será puxado, afirma o estudo, pela retomada da produção no Iraque e, principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil.


O maior acréscimo virá dos EUA, graças a uma tecnologia conhecida como fraturamento hidráulico ("fracking", em inglês). Ela permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis.



Efeito Geopolítico


A exploração por essa via começou em 2007. Em 2020, Maugeri calcula em 4,17 milhões de barris o petróleo adicional extraído dessa forma, o que fará dos EUA o segundo maior produtor, atrás somente da Arábia Saudita.


A precondição para essa expansão toda é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro.


Isso produziria um efeito colateral geopolítico: "O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio", diz.


"Isso não significa que o hemisfério ocidental se torna independente", afirma Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe-URFJ. "Mas põe os EUA numa posição muito mais confortável".
Segundo Maugeri, "o mercado toma consciência de que o petróleo iraniano não é mais necessário". Ele atribui a alta do barril para US$ 100 nesta semana a uma "reação psicológica" à crise persa, não a incertezas em relação ao suprimento do produto.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Bacia de Santos
bp avança nos planos para a significativa descoberta de ...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Seagems conquista pela quarta vez o Prêmio Melhores Forn...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil conecta potencial da Margem Equatorial a inve...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Nova versão do Painel Dinâmico de Emissões de Gases de E...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Porto do Açu e IKM avançam em parceria para criação do p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Ambipar participa da OTC Brazil 2025 com foco em soluçõe...
30/10/25
Fenasan 2025
Merax marcou presença na Fenasan 2025 com equipamentos p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Inteligência Artificial, CCUS e descomissionamento sinal...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Vallourec impulsiona o setor de óleo e gás com tecnologi...
30/10/25
ANP
Seminário debate estudos geoeconômicos do Polígono do Pr...
30/10/25
OTC Brasil 2025
ONIP e Firjan promovem reunião com a Transpetro
30/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 destaca alto potencial energético do paí...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Porto do Açu e SISTAC assinam acordo para fornecer servi...
29/10/25
Royalties
Valores referentes à produção de agosto para contratos d...
29/10/25
OTC Brasil 2025
iUP Innovation Connections conecta estratégia de inovaçã...
29/10/25
ANP
Oferta Permanente de Partilha: inscritas podem declarar ...
29/10/25
OTC Brasil 2025
Firjan oferece soluções de tecnologia e de inovação para...
29/10/25
OTC Brasil 2025
Exploração de O&G é chave para o desenvolvimento social ...
28/10/25
OTC Brasil 2025
Especialistas alertam que instabilidade regulatória amea...
28/10/25
Pré-Sal
Petrobras informa sobre recorde de produção do FPSO Almi...
28/10/25
OTC Brasil 2025
Petrobras participa da OTC Brasil 2025, no Rio de Janeiro
27/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.