A Eletronuclear decidiu que pegará com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico de Social (BNDES) quase a totalidade dos R$ 10 bilhões previstos na instalação da usina nuclear Angra 3. Na segunda-feira (4), o presidente da estatal, Othon Luiz Pinheiro, disse que 30% desse valor, que seriam financiados por bancos estrangeiros, virão de novos créditos do banco estatal.
A mudança de planos, segundo Pinheiro, foi motivada pelo cenário econômico de crise global no qual o financiamento estrangeiro deixou de ser vantajoso. "Não adianta termos uma moeda excessivamente forte e pagarmos juros altos", disse Pinheiro, que participou do seminário no Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor), da Câmara dos Deputados.
Até agora, a Eletronuclear planejava obter com o BNDES o montante de R$ 6,1 bilhões para a compra de equipamentos nacionais e serviços de engenharia. Outros R$ 890 milhões seriam financiados pela holding Eletrobras, com o fundo da Reserva Global de Reversão (RGR). Até dezembro passado, já tinham sido liberados pelo banco de fomento R$ 342 milhões e outros R$ 594 milhões pela RGR.
O presidente da Eletronuclear afirmou que os recursos que seriam obtidos com os bancos estrangeiros eram da ordem € 1,2 bilhão. Com condições mais favoráveis do BNDES, a estatal vai tomar um financiamento um pouco maior do banco. Para viabilizar esta operação, o Tesouro Nacional repassará primeiramente o montante ao banco para, em seguida, emprestar à Eletrobras. Só então, o dinheiro será repassado à subsidiária. Com isso, o BNDES deve financiar mais 90% do orçamento da usina.
Os recursos considerados "caros" pela estatal seriam destinados à aquisição de equipamentos importados. O repasse seria feito por um pool de bancos europeus, liderados pela instituição francesa Société Générale. De acordo com a Eletronuclear, a estatal ainda tem até setembro deste ano para pedir até € 1,3 bilhão autorizados pela Hermes, agência alemã de seguro de crédito para exportação.
A usina Angra 3 começou a ser construída em 2010 e será a terceira usina da central nuclear de Angra dos Reis (RJ), com potência de 1.405 megawatts (MW). Cerca de US$ 750 milhões já foram desembolsados durante a aquisição de equipamentos feitos para a usina de Angra 2.