América do Sul

Venezuela toma dois campos de petróleo de multinacionais

Valor Econômico com
04/04/2006 03:00
Visualizações: 364 (0) (0) (0) (0)

 A Venezuela retomou no final de semana o controle de dois campos petrolíferos operados por multinacionais estrangeiras, a francesa Total e a italiana Eni. As empresas chegaram a um acordo com o governo dentro do período estipulado por Caracas para a migração de contratos, de forma que as petroleiras privadas formassem joint-ventures, cedendo à estatal venezuelana PDVSA a participação majoritária. A Eni ameaçou tomar medidas judiciais.

"Assumimos o controle direto dos dois campos de petróleo [da Total e da Eni] no sábado", afirmou o ministro do Petróleo, Rafael Ramírez. "Estamos resolvendo os problemas com essas empresas, já que estão encerradas as possibilidades de [elas] entrarem nas companhias mistas", disse Ramírez, que também é presidente da PDVSA. "Estamos estudando como compensar as empresas, mas é certo que não aceitaremos mais ficarmos como minoritários nas operações."

A francesa Total disse estar procurando um acordo com o governo, mas a italiana Eni ameaçou ir aos tribunais.

"A Eni considera que essa ação da PDVSA é uma violação dos direitos contratuais da Eni. É intenção da empresa oferecer à PDVSA um período de tempo para acordarmos a reparação total de todos os direitos contratuais", disse um comunicado da empresa italiana. "Se não chegarmos a um acordo, a Eni buscará as ações legais para garantir seus direitos."

Ramírez foi irônico ao comentar a ameaça da Eni: "Eles podem procurar até mesmo o tribunal celestial se quiserem". "Não estamos aqui para chantagear ninguém, este governo não faz chantagens. Queremos impor a lei. Tanto França quanto Itália são países amigos, com os quais temos excelentes relações."

A maioria das petroleiras que operam na Venezuela assinou até a última sexta acordos com o governo do presidente Hugo Chávez concordando em converter seus antigos contratos de operação em companhias mistas (joint-ventures). Para a Venezuela, os 32 contratos de operação em vigor com petroleiras privadas são ilegais e prejudiciais à economia do país. A ação de retomada dos poços de petróleo faz parte do esforço do governo para fortalecer o controle estatal no setor energético e de uma campanha para coletar impostos retroativos ao início dos contratos com as petroleiras privadas.

Segundo Ramírez, estes acordos lesavam os interesses da Venezuela, quinto exportador mundial de petróleo, já que estabeleciam um imposto sobre a renda de 36% e royalties de 1%, enquanto que a Lei de Hidrocarbonetos (aprovada em 2001) passou a fixar uma tributação de 50% e royalties de 16,6%.

No fim de semana, outros cinco campos foram devolvidos voluntariamente: dois pela espanhola Repsol; um pela japonesa Teikoku; um pela colombiana Hocol; e um pela venezuelana Inemaka. As empresas continuam como minoritárias em outros campos de extração.

Nos sete campos de petróleo, a produção total atinge 115 mil barris/dia. No campo que foi tomado da Eni, a produção chega a 50 mil barris/dia; no da Total, a 33 mil barris/dia. As novas regras para empresas privadas afetam 500 mil barris diários dos 2,7 milhões de barris/dia que o país produz.

Empresas como a americana Chevron e a norueguesa Statoil já haviam chegado a acordos com o governo no mês passado.

A Petrobras Energia, subsidiária da Petrobras que opera alguns poços na Venezuela, assinou a migração em setembro passado, durante visita de Chávez ao Brasil. Petrobras e PDVSA estão desenvolvendo uma série de projetos em parceria.

Já a americana Exxon Mobil não aceitou os novos termos propostos pela Venezuela e vendeu suas operações no país à Repsol.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Pessoas
BRAVA Energia anuncia Carlos Travassos como novo Diretor...
28/04/25
OTC HOUSTON 2025
Indústria brasileira vai à OTC 2025 buscando ampliar sua...
28/04/25
Energia Elétrica
Mês de maio tem bandeira amarela acionada
28/04/25
Energia Elétrica
Prime Energy expande atuação em Minas Gerais
28/04/25
Resultado
PPSA encerra 2024 com lucro de R$ 28,8 milhões
28/04/25
Seminário
Estaleiro Mauá realiza Seminário Soluções e Inovações de...
28/04/25
Etanol
Hidratado e anidro fecham a semana em baixa
28/04/25
Etanol
MG deverá colher 77,2 milhões de toneladas de cana na sa...
28/04/25
Bunker
Petrobras e Vale celebram parceria para teste com bunker...
25/04/25
Pessoas
Thierry Roland Soret é o novo CEO da Arai Energy
25/04/25
Combustível
ANP concede autorização excepcional para fornecimento de...
25/04/25
Sísmica
ANP aprova aprimoramento de normas sobre dados digitais ...
25/04/25
RenovaBio
Regulação do RenovaBio trava o mercado e ameaça metas de...
25/04/25
Bacia de Santos
Oil States do Brasil fecha novo contrato com a Petrobras...
24/04/25
Oportunidade
Últimos dias para se inscrever no programa de estágio da...
24/04/25
ESG
Necta Gás Natural reforça compromisso com princípios ESG...
24/04/25
Investimentos
Bahia vai receber fábrica de metanol e amônia verdes e o...
24/04/25
Pré-Sal
Parceria entre CNPEM e Petrobras mira uso do Sirius para...
24/04/25
Meio Ambiente
Porto do Açu e Repsol Sinopec Brasil assinam acordo para...
23/04/25
Combustíveis
Gasolina em Alta: Como o Preço do Petróleo e do Dólar In...
23/04/25
Diesel
Após reajuste da Petrobras, preço do diesel volta a cair...
23/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22