Redação/Assessoria
Um insumo genuinamente paraibano tem feito toda a diferença no enfrentamento ao Covid-19 na rede estadual de assistência: o álcool 70%. As usinas de cana-de-açúcar abrem mão da receita com o produto, para doação diretamente ao Comitê de Gestão de Crise, responsável pela logística de entrega, que nesta quinta-feira (31), chega a mais de 17 mil litros, correspondendo a 50% da oferta acordada pelo Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool da Paraíba (Sindalcool), articulador da ação.
As primeiras usinas a entregarem o produto foram a Monte Alegre, Miriri, Japungu e Tabu que contaram com a força-tarefa dos colaboradores envolvidos e servidores da Cagepa, Secretaria de Estado da Saúde e Corpo de Bombeiros, cumprindo rigoroso esquema de segurança, por conta do produto inflamável, assim como as regras de distanciamento entre os envolvidos que também fazem uso do álcool 70%, além de Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s).
Para o presidente do Sindalcool, Edmundo Barbosa, mesmo com a entressafra, as usinas funcionando com um contingente menor de trabalhadores, vem conseguindo organizar e dispensar as doações com urgência. As entregas seguem o ritmo da capacidade de recebimento do almoxarifado da Secretaria de Estado da Saúde. "Estamos trabalhando para orientar e controlar todas as doações. Todos juntos conseguiremos passar por esse período de turbulência e incertezas que vivemos atualmente", disse.
O técnico em Prevenção e Controle de Infecção da Comissão Estadual de Controle de Infecção em Serviços de Saúde (Ceciss), Cassiano Augusto Oliveira, reconheceu a eficácia do álcool etílico a 70% para suprimir os microrganismos de maior frequência nas infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo imprescindível na realização de ações simples de prevenção, como a antissepsia das mãos, a desinfecção do ambiente, artigos médico-hospitalares, pisos e superfícies.
"O álcool 70% tem sido imprescindível na realização de ações simples de prevenção como a antissepsia das mãos, na desinfecção do ambiente e de artigos médico-hospitalares, sendo de fácil aplicabilidade e toxicidade reduzida, produzindo efeito em aproximadamente 30 segundos", revelou o técnico do governo estadual. Cassiano adiantou que mesmo com o aumento do número de germes multirresistentes nos serviços de saúde, o álcool etílico a 70% ainda continua desempenhando um papel importante no controle das infecções hospitalares, atuando de forma a minimizar a disseminação de microrganismos. "A maior prova disto é a indicação segura por parte das autoridades sanitárias a respeito da importância do uso do referido
produto, tanto para higienização das mãos, quanto para higienização do ambiente", evidenciou.
O técnico da Ceciss revelou ainda que a eficiência do álcool etílico a 70% como medida de prevenção e controle, durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), ganhou respaldo em inúmeros artigos científicos e documentos sanitários como a Nota Nº 04/2020 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ao avaliar a solidariedade das usinas doadoras, Cassiano disse que no momento difícil que a humanidade passa, tal gesto não se expõe apenas como um gesto de doação, mas de compaixão. "Há no ato das usinas, via seus representantes, um sentimento de empatia com a dor do outro, dor esta que na vida de muitos já se configura como uma chancela de morte. A
população está adoecendo, os profissionais de saúde estão adoecendo, muitos estão morrendo, mas em meio a todo este caos, surgem obras como esta de empatia, de compaixão, de caridade", destacou o técnico que também atua como enfermeiro na assistência.
No próximo mês mais duas usinas entram no circuito das doações de álcool 70%: a Giasa e a D´Pádua. As entregas terminam em maio com um montante de mais de 31 mil litros ofertados.
Fale Conosco
21