Redação/Assessoria
O Brasil iniciou 2020 com mais de 400 plantas de biogás em operação, um crescimento de 40% em relação ao ano passado. Para a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o ano foi de conquistas para o setor, que, além da expansão no número de usinas - com empreendimentos de grande porte em andamento que somam investimentos da ordem de R$ 700 milhões - registrou avanços nas políticas que favorecem o biogás.
Para o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann (foto), o RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis), que prevê a comercialização de Certificados de Descarbonização (CBIOs) a partir de janeiro, vai impulsionar a indústria do biogás. “O biometano (biogás para uso combustível) tem a melhor nota por apresentar pegada negativa de carbono, e pode ser creditado como combustível ou no processamento do etanol”, explicou.
O vice-presidente da associação, Gabriel Kropsch, acredita que haverá um incentivo ainda maior para o investimento em novas unidades de produção ano que vem com o início do RenovaBio. “Desde a regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) da produção de biometano, em junho de 2017, vários projetos começaram a ser desenvolvidos, então este volume só tende a crescer”, afirmou. “O biogás é a única fonte de energia primária com pegada de carbono negativa, ou seja, quanto mais for usado, mais limparemos a atmosfera dos gases de efeito estufa”, complementou.
O Novo Mercado de Gás, programa lançado pelo governo no meio do ano, trouxe uma nova perspectiva para as empresas de biogás, que se posicionaram como complementares ao gás natural, com foco na interiorização do energético. Hoje, o biogás corresponde a menos de 1% da matriz energética brasileira, o que, para a associação, demonstra que existe uma margem gigantesca para o crescimento. “Toda a matéria que precisamos para a produção de biogás já está pronta, resíduos orgânicos da agroindústria e do saneamento, que são descartados no meio ambiente muitas vezes sem tratamento. Hoje, dispomos de tecnologia para empreendimentos economicamente viáveis, que podem transformar todo este material em fonte de energia”, afirma Gardemann.
De acordo com o presidente da ABiogás, a abertura dos dutos para comercialização do gás natural se restringe à Costa, já que o Brasil possui uma malha de distribuição reduzida. No interior, a solução para estimular o desenvolvimento econômico, levando o gás natural para centros industriais, virá por meio do biogás. “O biogás pode ser produzido próximo ao local de consumo, sem grandes investimentos como na construção de gasodutos. O biogás é uma fonte firme de energia, despachável, e limpa, que reduz as emissões de CO2 e ainda traz uma solução a passivos ambientais, que se tornam ativos energéticos”, explicou.
Segundo os cálculos da ABiogás, atualizados em dezembro, o potencial de produção do biogás, intercambiável com o gás natural, chega a 50,4 bilhões de m³/ano, contabilizando todo o resíduo produzido pela agroindústria e saneamento. Este volume seria suficiente para suprir 70% da demanda de diesel no País.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgados no último Fórum do Biogás, mostram, ainda, que o setor sucroenergético apresenta o maior potencial para a expansão do biogás, três vezes maior que o da agricultura e oito vezes maior que do saneamento, embora, hoje, 70% da produção nacional tenha origem neste último.
“Estamos otimistas para 2020. Com o início da comercialização dos CBIOs, e toda a movimentação que temos mapeado no cenário do biogás, nossa expectativa é de que teremos o dobro da expansão registrada em 2019. A projeção é de investimentos de cerca de R$ 50 bilhões até 2030”, concluiu Gardemann.
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