Gás boliviano

Sem gás da Bolívia, sistema de energia de MT corre risco

Reuters
08/09/2006 03:00
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A Usina Termelétrica Governador Mario Covas, em Cuiabá, Mato Grosso, está parada desde o dia 30 por falta de gás da Bolívia. Capaz de gerar 480 megawatts, a interrupção do funcionamento da usina em plena época de estiagem vem comprometendo a segurança do sistema elétrico do Estado, na avaliação de um executivo da empresa.

Controlada pela Prisma Energy e Shell, sócias em partes iguais na Pantanal Energia, dona da usina, a termelétrica recebia 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano até um acidente na Bolívia, em abril, que rompeu um gasoduto na região conhecida como Quebrada de Los Monos.

O acidente obrigou o país vizinho a reduzir o fornecimento da usina para 600 mil metros cúbicos por dia até o conserto do trecho, previsto para novembro. Por causa do mesmo acidente, a Petrobras também teve sua cota reduzida, mas posteriormente retomada por remanejamento de produção.

"Na época do acidente, a Bolívia decretou estado de força maior e reduziu o fornecimento, mas depois houve um problema com um compressor que encerrou de vez o abastecimento para a nossa usina", explicou à Reuters o gerente de assuntos regulatórios da Pantanal Energia, Fábio Garcia.

Os problemas com o compressor, localizado em Rio Grande, na Bolívia, e de propriedade da Andina, empresa da Repsol-YPF em território boliviano, fizeram o governo de La Paz decretar, em meados de agosto, um sistema de priorização de abastecimento.

"Como reduziu a produção de gás no país, a Bolívia deu prioridade de atendimento ao seu mercado interno, ao Brasil, Argentina e, por último, para nós. Estamos conversando para ver se conseguimos uma divisão mais razoável, não estamos confortáveis com isso", informou.

As negociações com o governo boliviano estão sendo feitas em conjunto com a Andina, responsável pelo transporte do produto na região.

"A Andina tem tentado conversar com o governo boliviano, mas sem sucesso", afirmou Garcia. Ele prevê para esta sexta a retomada de funcionamento do compressor, mas não considera isso garantia da volta do gás a Mato Grosso.

"O governo (da Bolívia) ainda não confirmou se vai voltar a fornecer", explicou. Ele disse também temer que a obra do gasoduto não fique pronta antes do período de chuvas na Bolívia, a partir de novembro, o que dificultaria ainda mais a normalização do abastecimento.

Garcia descartou que a suspensão do fornecimento de gás tenha relação com a discussão que vem sendo travada sobre o preço do produto entre o Brasil e a Bolívia.

"Nunca se tocou nesse assunto, até porque não teríamos nenhum problema de conversar com o governo da Bolívia sobre isso", explicou.

Segundo Garcia, a saída de operação da termelétrica provocou em 31 de agosto a falta de energia para mais de 37 mil consumidores da região. Ele afirmou que existe uma grande preocupação no Estado com a segurança no sistema elétrico e há risco de ocorrerem outros blecautes.

"A distribuidora de energia (Cemat) está trabalhando no limite. Nós representamos 70 por cento do consumo de 750 megawatts do Estado. Antes havia uma segurança energética grande que agora não tem mais", explicou.

A Cemat convocou coletiva esta semana para informar que está trabalhando com o sistema sobrecarregado e fazendo diversas manobras para evitar novos apagões, mas advertiu que eles poderão ocorrer.

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