A produção de biodiesel da Argentina deverá crescer 20% este ano, para um recorde de quase 3 milhões de toneladas, o que a ajudará a atender à crescente demanda local e da Europa, disse na sexta-feira (16) um representante indústria.
A capacidade das plantas argentinas que produzem biocombustível à base de óleo de soja alcançará 4 milhões de toneladas no início de 2013, graças aos fortes investimentos neste setor no país, o maior exportador mundial de biodiesel.
"A indústria vem crescendo e segue recebendo investimentos. A produção total no ano passado foi de 2,4 milhões de toneladas e crescerá uns 20% este ano", disse à 'Reuters' Victor Castro, diretor-executivo da Câmara Argentina de Biocombustíveis (Carbio).
As principais empresas que operam no país, como Cargill , Bunge, Noble e Louis Dreyfus - além das empresas locais -, procuram explorar as abundantes colheitas de soja da Argentina e as vigorosas plantas instaladas para processar os grãos, o que tornou o país o maior fornecedor global de óleo e farelo da oleaginosa.
E o setor, instalado principalmente na área portuária de Rosário, de onde partem 80% das exportações agrícolas do país, poderá continuar crescendo devido ao aumento da demanda.
"Em 2012, estimamos um aumento na demanda entre mercados interno e externo, de 20%", disse Castro.
Em meio às dificuldades financeiras de várias potências europeias que são importantes produtores de biodiesel, como a Espanha, as importações de biocombustíveis da Argentina pela União Europeia (UE) estão em níveis muito elevados.
De acordo com a revista Oil World, em 2011 as importações de biodiesel da UE saltaram para um recorde de 2,6 milhões de toneladas, com a Argentina respondendo por maior parte do aumento.
Mercado Interno
Por outro lado, a situação de energia vivida pela Argentina, que durante anos se vê forçada a importar combustível, está gerando um aumento do consumo de biodiesel no mercado interno.
"Com a capacidade atual estaríamos em condições de cumprir isso. Além do que este ano entrarão em produção várias plantas que estão em ampliação ou em estado avançado de construção", disse o representante da Carbio.
"A Argentina tem uma produção de soja com a qual podemos fornecer farinha e óleo e produzir suficiente biodiesel. Atualmente, estamos transformando cerca de 33% do óleo produzido (no país) em biodiesel, por isso ainda há capacidade para aumentar a produção", disse ele.
A safra de soja da Argentina, cuja colheita começou recentemente, foi atingida por uma severa seca em 2011/12, mas ainda assim chegará a um volume relativamente grande, de entre 43,5 milhões e 45 milhões de toneladas, de acordo com a Ministério da Agricultura.
Mistura Maior
Como parte de sua política de diversificar as fontes de energia no país, o governo decidiu que o diesel deve ser misturado com biodiesel em uma combinação que tenha uma proporção de 7% do biocombustível.
Castro espera que essa porcentagem aumente para 10% este ano, como previsto pela legislação vigente. E considera que no futuro poderia ser usado ainda mais biodiesel.
"No ano passado cerca de 740 mil toneladas foram para a mistura com o diesel. Se consolidado o 7%, além do aumento na mistura prevista para este ano, teremos cerca de 1 milhão de toneladas para o mercado interno", disse o CEO Carbio.
"Há uma escassez de diesel na Argentina, o que nos coloca numa posição favorável para aumentar o uso. Fizemos testes em alguns motores. Estamos lidando com os testes de durabilidade para uso em 15 e 20% (biodiesel) para ver como eles se comportam. Esperamos que se possa aumentar a mistura no país", disse ele.