Valor Online
Representantes da indústria petroquímica nacional criticaram nesta segunda-feira (19) os preços cobrados pela Petrobras para o fornecimento da nafta, matéria-prima importante para o setor. De acordo com José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, a estatal cobra um prêmio sobre o preço internacional de referência, que é o do mercado árabe.
"Acho que é natural e normal que nós peçamos à Petrobras uma nova política de precificação de nafta, compatível com a realidade internacional", frisou o executivo, que participou hoje do 4º Congresso da Indústria Química do Mercosul, no Rio de Janeiro.
Grubisich lembrou que a Petrobras pode chegar a ter 25% do capital da Braskem e que o aumento das vendas de etanol no Brasil devem levar a uma sobra maior de nafta no país, uma vez que sobrará mais gasolina para exportação na medida em que o consumo de etanol subir. Como a tendência será de uma maior exportação de gasolina, será adicionada menos nafta ao combustível, de forma a atender a mercados mais exigentes em termos ambientais, como Europa e Estados Unidos.
A Braskem importa hoje entre 30% e 40% da nafta consumida por ela no Brasil e compra o restante da Petrobras. "A nafta é 80% do custo dos produtos vendidos pela Braskem", explica Grubisich.
O executivo não revelou quanto a empresa paga à Petrobras pela nafta, mas disse que, no mercado internacional o preço do produto gira em torno de US$ 980 por tonelada.
Outro executivo a criticar o preço cobrado pela Petrobras pela nafta foi o presidente da Unipar, Roberto Garcia. Para ele, a estatal deveria "nacionalizar" o preço da matéria-prima.
"Não dá para imaginar a competitividade da petroquímica brasileira se não tivermos padrões de fato globais de competitividade", frisou Garcia, que compra 100% da matéria-prima consumida (gás natural e nafta) da Petrobras.
Paulo Aquino, presidente da Petroquisa, subsidiária da Petrobras para o setor petroquímico, alega que o preço cobrado pela estatal pela nafta ainda é mais competitivo que a opção de importação. Segundo ele, a política de preços da companhia é pensada "frente a um modelo de mercado".
"A Petrobras não pode ser vista apenas no papel de fornecedor, já que é um ator extremamente importante na cadeia", ponderou Aquino, lembrando que a estatal pode elevar sua participação para até 40% do capital da Braskem e que a companhia pretende ficar ainda com 40% do capital da Companhia Petroquímica do Sudeste (CPS), empresa em sociedade com a Unipar.
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