Valor Econômico
Alguns dos principais consumidores de gás natural da América do Sul criaram nos últimos dois anos uma rota alternativa para terem acesso ao combustível.
Alguns dos principais consumidores de gás natural da América do Sul criaram nos últimos dois anos uma rota alternativa para terem acesso ao combustível. Em vez de dependerem da errática produção regional, distribuída por redes da gasodutos, esses países multiplicaram sua capacidade de regaseificar gás liquefeito trazido por cargueiros de diversas partes do mundo.
De 2008 a 2010, a capacidade instalada na América do Sul de regaseificação mais do que quintuplicou. De acordo com balanço da consultoria Gas Energy, em 2008 somente a Argentina tinha uma instalação reconvertendo o gás líquido importado. A planta tinha capacidade para regaseificar 8 milhões de metros cúbicos por dia. Agora, em 2010, segundo o mesmo balanço, outras quatro plantas desse tipo estão em funcionamento: duas no Chile e duas no Brasil. A capacidade de regaseificação saltou para 50 milhões de m³/dia.
Segundo Sylvie D'Apote, analista do setor e sócia da Gas Energy, a Argentina estuda a construção de mais duas plantas e o Uruguai avalia a construção de uma unidade não para atender ao mercado local, mas para fornecer o combustível regaseificado para a capital argentina. E o Chile planeja fazer uma nova planta.
Embora ainda limitada, a opção pela importação de gás liquefeito abriu um caminho para os maiores consumidores da região reduzirem sua dependência dos fornecedores tradicionais - a Bolívia, que vende praticamente toda sua produção para o Brasil e para a Argentina, e a própria Argentina, que abastece o Chile. "Os países já encontraram uma saída, já descobriram outros fornecedores. O canal está aberto", diz Yussef Akly, diretor da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos.
O GNL, no entanto, sempre teve uma desvantagem em relação ao gás natural transportado por gasodutos: o preço. Em 2008, quando a Argentina comprou pela primeira vez GNL para fazer frente a uma queda brusca no fornecimento regional, pagou algo próximo a US$ 17 por BTU. Neste ano, diz D'Apote, prevê-se que pagará entre US$ 7 a US$ 9.
Segundo a especialista, os preços do GNL nesses grandes contratos são confidenciais e variáveis, dependendo muito dos termos dos acordos. Mas, continua ela, os preços vêm caindo.
"Há um efeito conjuntural, associado à demanda ainda menor das economias que precisam do combustível, efeito da crise financeira que não permitiu uma volta ao ritmo de crescimento de antes", diz D'Apote. "Mas há também um efeito estrutural. Nos EUA e em menor escala no Canadá têm crescido muito as apostas nas reservas de gás não convencional [do chamado gás de xisto, em solo e no mar] porque novas tecnologias estão baixando os preços da extração. Isso fez com que as expectativas e as pressões sobre o preço do GNL venham caindo."
FONTE: Valor Econômico
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