Pressionada pelo aumento das cotações do petróleo, a Refinaria Ipiranga reduziu em 40% a produção de combustíveis e derivados, para 45 milhões de metros cúbicos por mês, e ameaça paralisar a produção caso o governo federal não reajuste os preços da gasolina e do óleo diesel.
Valor EconômicoPressionada pelo aumento das cotações do petróleo, a Refinaria Ipiranga reduziu em 40% a produção de combustíveis e derivados, para 45 milhões de metros cúbicos por mês, e ameaça paralisar a produção caso o governo federal não reajuste os preços da gasolina e do óleo diesel. Como alternativa, a empresa cobra a concessão de subsídios com base na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) ou garantias de aquisição de matéria-prima a preços compatíveis com os aplicados aos produtos finais.
A diretora-superintendente da refinaria, localizada em Rio Grande (RS), Elizabeth Tellechea, não fixou data para a suspensão das operações, mas disse que a solução precisa vir a "curto prazo" porque a defasagem nos preços dos derivados já provocou um prejuízo de R$ 20 milhões neste ano. A Ipiranga recebe R$ 0,68 por litro de gasolina e diz que o valor deveria ser reajustado em 50%. No caso do óleo diesel, o aumento deveria ser de 23%.
A empresa vem reduzindo gradualmente o refino desde março e a alta nos preços do petróleo já afetou os resultados do primeiro trimestre. De janeiro a março a companhia apurou receita líquida de R$ 142,8 milhões, abaixo dos R$ 157 milhões do mesmo período do ano passado. O lucro líquido recuou de R$ 54,8 milhões para R$ 30,9 milhões e a queda não foi maior graças à equivalência patrimonial obtida das empresas de distribuição de petróleo e petroquímica do grupo, pois o resultado bruto da refinaria caiu de R$ 5,8 milhões positivos em 2003 para R$ 109 mil negativos este ano.
Elizabeth reclama do "monopólio" da Petrobras nos setor, que detém mais de 95% de participação no mercado e tem condições de absorver aumentos internacionais do petróleo porque é praticamente auto-suficiente. E, como a estatal não reajusta seus preços ao consumidor, as duas refinarias privadas do país - Ipiranga, que importa a matéria-prima da Argentina, e Manguinhos - não têm espaço para aplicar os aumentos necessários, argumenta a diretora.
Conforme a empresária, enquanto o barril de petróleo chegou a passar de US$ 40 nas últimas semanas, os preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha estão na faixa de US$ 31 e US$ 32, a mesma praticada no ano passado. A Ipiranga supre 14% do mercado gaúcho de combustíveis.
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