O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) recorreu ao governo federal contra a decisão da Transpetro, subsidiária da Petrobras, de importar aço da China para o seu Programa de Modernização da Frota (Promef). Ontem (4), diretores da entidade solicitaram reunião com a ministra-chefe da Casa Civ
Redação/ AgênciaO Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) recorreu ao governo federal contra a decisão da Transpetro, subsidiária da Petrobras, de importar aço da China para o seu Programa de Modernização da Frota (Promef). Ontem (4), diretores da entidade solicitaram reunião com a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff, da qual participariam ainda a Transpetro e representantes do setor, para discutir a questão.
O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, disse à Agência Brasil que a importação de aço vai contra a prioridade dada pelo governo, no atual momento de crise mundial, que é de “tentar preservar aquilo que tem de mais precioso e diferencial em relação ao resto do mundo, que é o mercado interno”. O instituto, conforme afiançou, quer proteger o setor de importações predatórias.
Na opinião do IBS, a Transpetro estaria forçando “que uma empresa nacional atinja patamares, como ela está exigindo, de fornecimento em torno de US$ 600,00 (a tonelada de aço), que é um valor que não cobre nem custo variável. Ela [Transpetro] está fazendo um leilão, com impostos e recursos públicos, para, no fundo, manter emprego na China, em detrimento de empregos aqui”, disse.
O vice-presidente executivo do IBS revelou que 70% da siderurgia na China são estatais. “Quer dizer, você não tem compromisso com resultado, com remunerar acionistas. Você não tem compromisso com nada”, afirmou.
Lopes disse ainda que o fato de serem subsidiadas permite às empresas colocar preços de forma “aviltada” no mercado internacional. As exportações de aço da China para a América Latina aumentaram mais de 50% no acumulado janeiro a outubro do ano passado. A disposição de uma empresa pública como a Transpetro “de privilegiar essas exportações subsidiadas é inaceitável, sob a ótica brasileira”.
O vice-presidente executivo do IBS afirmou que problema similar teria ocorrido no ano passado, quando a Transpetro importou da Ucrânia. “Se arrependeram e voltaram depois a recorrer ao fornecimento nacional, porque isso tudo aí não é uma venda isolada. Você tem engenharia, tem serviço pós-venda, tem vinculações de cálculos estruturais. Você tem uma série de requisitos e exigências técnicas que, normalmente, não tem quando é feita uma cotação a nível de uma Ucrânia e uma China”, afirmou.
Articulações do preço podem levar a importar o produto
De acordo com a nota divulgada ontem (4) pela empresa, a Transpetro reafirma sua posição de buscar menores custos para o aço “estejam onde estiverem”. O aço representa cerca de um terço no custo final de um navio. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), do qual a Usiminas faz parte, alegou que a decisão da Transpetro de importar aço da China prejudica a indústria nacional e a geração de empregos no Brasil.
A Transpetro negou que tenha ocorrido, nas primeiras licitações do Programa de Modernização da Frota (Promef), favorecimento a qualquer país na aquisição de aço para viabilizar a construção de navios da estatal. O objetivo, segundo a empresa, foi garantir menores custos. O Promef envolve a construção de 49 navios.
“Como os preços ofertados em janeiro alcançaram um patamar competitivo, a Transpetro optou por aumentar a encomenda de 18 mil para 42 mil toneladas, de acordo com solicitação do estaleiro Atlântico Sul, destino final do aço”, diz a nota.
A Transpetro acredita que a cada negociação por um preço justo para o aço necessário à construção de seus navios, ela contribui para ampliar as oportunidades da indústria naval, “gerando mais empregos e mais riqueza para o Brasil”.
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