O Grupo Ultra, detentor da marcas Ipiranga e Texaco, deverá focar sua expansão em distribuição de combustíveis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. “Essas regiões têm potencial para crescer mais do que outras do país [Sul e Sudeste]“, afirmou Pedro Wongtschowski, presidente da companhia. Com participação de mercado da ordem de 28% nas regiões Sul e Sudeste, o Nordeste permite maior investimentos, seja na conversão de postos de bandeira branca ou mesmo com aquisições.
Fontes de mercado afirmaram ao Valor que a região Nordeste deverá ser alvo de fortes investimentos nos próximos anos, uma vez que apresenta maior potencial de crescimento econômico em relação a outras regiões do país. A aquisição da Texaco, finalizada neste ano, por R$ 1,1 bilhão, garantiu ao Ultra entrada nessas regiões. Na compra da Ipiranga, esse mercado ficou com a BR, da Petrobras.
Wongtschowski ressaltou que a companhia deu um salto nos últimos dez anos, com investimentos de R$ 8 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões em aquisições e a outra metade por crescimento orgânico. “Fizemos dez aquisições importantes desde 2003, que geraram valor à companhia”, afirmou, destacando a divisão de gás do grupo Shell, as bandeiras Ipiranga e Texaco, a União Terminais, além de importantes movimentos de expansão no México para agregar valor aos negócios da Oxiteno, focada em especialidades químicas.
O grupo também planeja expandir seus negócios em GLP (conhecido como gás de cozinha), com a Ultragaz. Com a divisão de gás da Shell, o Ultra consolidou-se na liderança: 24% de participação. “Estimamos que entre 2009 e 2014 a oferta de GLP dobre no país”, afirmou o executivo.
Por meio da Ultracargo, que incorporou a União Terminais e passou a deter 35% do mercado brasileiro, quer também crescer em logística. “O setor tem ainda muitos ‘players’. Vamos atuar como consolidadores no segmento”, disse.
Na quarta-feira, o grupo divulgou o balanço do terceiro trimestre, no qual reportou receita líquida de R$ 9,66 bilhões, um crescimento de 25% sobre o mesmo período de 2008, com lucro líquido de R$ 133 milhões. Até setembro, a receita totalizou R$ 25,69 bilhões, 24% maior que um ano atrás. O lucro líquido foi de R$ 318 milhões.
“Hoje, somos muito mais uma empresa de varejo”, afirmou Wongtschowski. Três quartos do resultado operacional (Lajida) vêm de Ultragás e Ipiranga/Texaco) e 80% dos negócios são gerados no mercado interno e não vinculado aos efeitos do câmbio. “Atualmente, é uma grande vantagem”, afirmou. Para analistas, apesar da baixa contribuição na receita, as operações de químicos, distribuição de gás e logística são importantes para gerar caixa.