Combustíveis

Gasolina e diesel estão mais caros do que no exterior

Valor Econômico
24/10/2006 03:00
Visualizações: 64

A queda da cotação do petróleo no mercado internacional, apesar do anúncio de redução da oferta feito na semana passada pelos exportadores de óleo cru, fez aumentar a diferença entre os preços da gasolina no exterior e aqueles praticados nas refinarias pela Petrobras. Hoje a estatal brasileira estaria cobrando 30% a mais do que a média das suas concorrentes estrangeiras, descontando impostos, o que inverte uma relação de defasagem mantida até agosto, nos cálculos de Adriano Pires, ex-superintendente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE).

O barril do petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, para entrega em dezembro (contrato de referência), caiu 0,88% ontem e fechou o dia cotado a US$ 58,81. Esse movimento de queda gradual permaneceu, apesar do corte de 1,2 milhão de barris na produção diária anunciado na última sexta-feira pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). A partir de 1 de novembro, a produção passará de 27,5 milhões de barris para 26,3 milhões de barris/dia.

Para o especialista, no entanto, é altamente improvável que a Petrobras diminua o preço da gasolina e do diesel na refinaria até o fim do ano, aproveitando a conjuntura internacional. O diesel está de 10% a 12% mais caro no Brasil do que no exterior, segundo Pires. De acordo com ele, a Petrobras teria "perdido" R$ 6,5 bilhões, do início de 2005 até agosto deste ano, ao não repassar a alta do petróleo para o preço interno dos combustíveis. Ou seja, a estatal "está aproveitando agora a diferença para compensar o que deixou de ganhar no passado recente", observa Pires.

A crescente disparidade entre os preços internacionais e do mercado brasileiro tem ocorrido por causa da combinação entre petróleo em queda e dólar estável em um patamar abaixo de R$ 2,20. Pires atribui a redução nas cotações da commodity à falta de choques políticos, como houve em anos recentes, caso dos atentados terroristas nos Estados Unidos (2001), a Guerra do Iraque (2003) e a desastres naturais como o furacão Katrina (2005).

"Do ponto de vista da conjuntura, este tem sido um ano tranqüilo", diz o especialista. Além disso, os Estados Unidos descobriram novas reservas no Golfo do México e a China, grande responsável pela expansão da demanda nos últimos dois anos, deve diminuir o ritmo de crescimento econômico. "Há quase um consenso, por parte dos analistas, de que o mundo crescerá menos em 2007, inclusive a China."

Também a Tendências Consultoria Integrada vê um aumento da diferença entre preços internacionais da gasolina e as cotações da Petrobras. Na estimativa da consultoria, entretanto, os preços do Brasil estavam "apenas" 9% mais caros na sexta-feira passada. Para a economista Marcela Prada, da Tendências, a combinação dólar estável-petróleo em queda elimina a perspectiva de reajuste da gasolina após as eleições, como ela projetava.

Com isso, a previsão da consultoria para a inflação de 2006 cairá de 3,2% para 2,9%. A mudança de perspectiva não afeta, porém, as projeções para 2007. Prada não acredita em um eventual anúncio de queda da gasolina pela Petrobras.

Mais Lidas De Hoje
Veja Também
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

20