Infra-estrutura

Falta de gás compromete expansão na BA

Valor Econômico
07/10/2005 03:00
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A escassez da oferta de gás na Bahia já atrapalha a expansão industrial do Estado. Lá, a demanda por gás chega a 4,2 milhões de metros cúbicos por dia, mas a distribuidora local, a Bahiagás, tem apenas 3,5 milhões de metros cúbicos disponíveis. A escassez de oferta está levando a concessionária de gás a rever seu plano de investimentos e recusar novos clientes.

Estão na fila de espera grandes projetos como os das fábricas de pneus Bridgestone Firestone, um investimento de R$ 780 milhões e da Continental, que prevê aplicar R$ 600 milhões no seu projeto. O programa de expansão da Braskem também está comprometido. A escassez compromete especialmente os projetos de construção e ampliação de indústrias no pólo petroquímico de Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador.

Não há medidas de contingenciamento, garante o presidente da Bahiagás, Petrônio Lerche Vieira, mas novos pedidos têm sido recusados por falta do produto. Outros dois grandes projetos (com consumo diário superior a 100 mil metros cúbicos), um de alimentício e outro em cerâmica, ainda não conseguiram acertar sua entrada na Bahia por falta de gás, segundo o presidente da distribuidora.

A Petrobras, diz Vieira, reduziu a cota destinada à distribuição feita pela Bahiagás argumentando não haver disponibilidade. "Nós poderíamos vender pelo menos 4,3 milhões de metros cúbicos. Há demanda para isso", disse. Mais 1,5 milhão de metros cúbicos é consumido pela Fafen, subsidiária da Petrobras que faz uréia e amônia, insumos que entram na composição de fertilizantes e ração animal.

Entre os projetos de aumento de produção emperrados pela escassez de gás, o mais notório é o da Braskem, que mais de dois anos briga na Justiça para retonar o fornecimento ao nível anterior de 1,2 milhão metros cúbicos por dia, ante os atuais 600 mil. "A empresa já pediu para aumentarmos o fornecimento, mas estamos em momento de contenção. Está apertado", diz. No início de 2005, Vieira já previa ao Valor, que este seria "um ano de aperto" na oferta de gás.

A Braskem, segundo sua assessoria, "depois de não obter sucesso nas negociações amigáveis com a Bahiagás, entrou na Justiça desde 2003 para reaver o fornecimento e já teve ganho em 1ª instância e apelação julgada pelo Tribunal de Justiça da Bahia". Alega ainda que goi a única empresa afetada no Estado e que devido ao contingenciamento que sofre empresas do pólo químico e petroquímico local serão afetadas no fornecimento de utilidades, como vapor.

Segundo Vieira, a Braskem terá, a partir de 2007, uma necessidade extra de gás, quando entrar em operação a fábrica de negro-de-fumo (matéria-prima para a produção de pneus) da Columbian Chemicals. A empresa acertou com a Columbian, o fornecimento de resíduo aromático de pirólise (RAP), produto resultante do craqueamento de petróleo e que a Braskem queima como combustível.

Cerca de 90% da produção de negro-de-fumo serve como insumo para a fabricação de borracha. Dessa fatia, 75% vai para a fabricação de pneus, enquanto os outros 25% se dividem entre a recauchutagem (15%), os solados de calçados (2%) e outros artefatos de borracha (8%), além de tintas e plásticos. Por isso, a falta de gás poderá comprometer os planos do governo baiano, de atrair um um "pólo de pneus" na Bahia.

Para substituir o RAP, diz Vieira, a Braskem precisará de mais 500 mil metros cúbicos de gás.A oferta de gás natural à indústria baiana deverá se equilibrar depois de março do ano que vem, quando começar a produção do campo de gás de Manati, em São Francisco do Conde, a 60 quilômetros de Salvador. Segundo as projeções, o novo campo dobrará a disponibilidade do produto no Estado. Ainda assim, o presidente da Bahiagás analisa a nova fonte de exploração com parcimônia, já que, com o chamado "lastro termelétrico", o governo federal colocou as usinas termelétricas entre os destinos prioritários para o gás natural. Na Bahia há três usinas do gênero: Chesf Camaçari, Termo Bahia e Fafen Energia - esta última tem uma turbina em operação.

"O uso do gás nas térmicas pode criar uma preocupação a partir de 2009", disse. A saída seria a descoberta de novos campos, acredita o presidente. Entre outras esforços para o aumento da produção, há três poços sendo perfurados na Bacia de Camamu, mesma área do campo baiano de Manati, e também prospecções na chamada bacia equatorial (do Ceará ao Rio Grande do Norte.

Acredita-se que nesta se encontrará gás.

Especialistas já prevêem nova escassez de gás em 2008, caso o Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene) não saia do papel. O Gasene foi projetado pela Petrobras para levar gás boliviano e da Bacia de Campos para a região Nordeste, mas teve suas obras adiadas devido à falta de gás no Sudeste, e devido aos aumentos dos custos da obra, que praticamente duplicaram desde o orçamento inicial em 2003. Na época, o projeto foi estimado em US$ 1,5 bilhão, mas as últimas projeções, feitas em meados de 2005, apontavam para uma aplicação de US$ 2,9 bilhões no gasoduto de 1.500 km de extensão.

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