Mercado

Energia solar decola nos Estados Unidos

Gazeta Mercantil
05/05/2009 08:03
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Atrás de uma fábrica de painéis solares, as escavadoras trabalham a terra ao longe, preparando o solo para a construção de um novo anexo que quintuplicará a produção. No interior, um executivo alemão preocupa-se com a cor do novo carpete - amostras estão penduradas na sua janela junto com os desenhos do piso. Eles está expandindo uma fábrica? Escolhendo o carpete? Alguém contou para ele que estamos numa recessão? Estimulado pelo promessa latente de uma economia verde, Klebensberger, que dirige a divisão norte-americana da SolarWorld, uma empresa com sede em Bonn, Alemanha, está expandindo a produção de células solares numa fábrica reformada que foi inaugurada, com pompa, em outubro passado - apesar da crise financeira.

 


“Eu estava preocupado com nossa posição? Não!” diz Klebensberger, desmentindo qualquer sugestão de que estava nervoso na inauguração. E ele permanece otimista do mesmo modo hoje. A fábrica da SolarWorld nos EUA, que produz células suficientes para abastecer 1.700 painéis solares por dia, é a maior do seu gênero no país.

 

Para os moradores de Hillsboro, e para a economia do Oregon, a presença da SolarWorld é uma desejada benção. Seus funcionários gostam da sensação de ser os primeiros, enquanto outros gostam do prestígio de trabalhar para uma empresa de energia renovável - que é bem apropriada para Oregon, onde predomina o espaço ao ar livre. “A energia verde é a energia do futuro”, diz Michelle Zillig, que trabalhou na Intel por 18 anos antes de assumir um cargo técnico na SolarWorld.

 

À primeira vista, a SolarWorld não poderia ter escolhido pior momento para investir US$ 500 milhões no novo local durante uma recessão, num estado com taxa de desemprego que só perde para a de Michigan. Os preços para os painéis solares da empresa caíram cerca de 15% desde a inauguração da fábrica, resultado da concorrência acirrada e da queda da demanda, especialmente na Europa. Duas fabricantes, a divisão de painéis solares da GE Energy e a BP Solar, reduziram a produção nas fábricas da Costa Leste.

 

Mas os novos incentivos federais para encorajar a geração de energia renovável nos EUA vai estimular o setor, dizem os analistas. O recente pacote de estímulo incluiu verbas para as empresas de negócios e de serviços públicos que instalarem sistemas de energia solar, e o pacote de resgate bancário, concedido no ano passado, removeu o limite monetário sobre um crédito fiscal de 30% para as instalações domésticas. As fabricantes de equipamentos para a geração de energia renovável também receberam ajuda no pacote de estímulo, assinado pelo presidente Obama.

 

“Creio que a mensagem escrita no muro é que os EUA serão o grande mercado”, diz Jesse Pichel, analista de energia solar da Piper Jaffray. A mensagem para as empresas de energia solar, diz Pichel, é “venham para os EUA se quiserem participar e receber parte daquele pacote de estímulo”. Os EUA perderam a posição de principal fabricante de energia solar do mundo nos anos 90, quando surgiu o interesse em outros países. Agora produz pouco mais de 5% dos painéis solares fabricados no mundo inteiro. Mesmo com o apoio federal e as vibrações positivas, só uma fração de 1% da eletricidade gerada nos EUA provém dos painéis solares, deixando amplo espaço para o mercado crescer.

 

A Alemanha, sede da SolarWorld, está na mesma latitude do sul do Alaska. Com frequencia tem céus nublados e é um país bem menor do que os EUA. Mas o número de painéis solares instalados na Alemanha é mais de três vezes a quantidade instalada na América. A Espanha e o Japão também estão na frente. “A Alemanha não é um lugar natural para a energia solar, mas eles tiveram visão, e a ação seguiu a visão, e o setor cresceu como resultado da ação”, diz Raju Yenamandra, vice-presidente de vendas da SolarWorld na Califórnia.

 

Para as fabricantes, a pequena taxa de penetração nos EUA significa oportunidade. As empresas que têm sorte de ainda poder contar com financiamento estão construindo ou expandindo as operações numa variedade de estados, como Oregon, Ohio e New México. Como atesta a bandeira alemã que tremula fora da fábrica da SolarWorld, as empresas estrangeiras estão conduzindo a nova campanha de produção americana.

 

Klebensberger e seus concorrentes estão especialmente ansiosos para a energia solar decolar no desértico sudoeste, onde o sol irradia de céus frequentemente descobertos. A Califórnia fez grande progresso solar, com a quantidade de energia solar instalada praticamente dobrando em 2008 ante o ano anterior.

 

Recentemente, a quantidade de novas instalações do tipo de painéis prontos para cobrir residências que a SolarWorld fabrica tem crescido vigorosamente, com aumento de 70% das instaladas nos EUA em 2008 sobre 2007. Na Europa, as novas instalações quase triplicaram no ano passado, conforme a Emerging Energy Reasearch, um instituto de pesquisa independente. Mas acredita-se que o número europeu cairá abruptamente este ano, na esteira da decisão tomada pelo governo espanhol para cortar os subsídios para a geração de energia solar.

 

A SolarWorld apostou na produção nos EUA bem antes da chegada do pacote de estímulo. Em 2006, comprou a divisão solar do Shell Group, que operava fábricas na Califórnia e em Washington. Klebensberger reformou a fábrica da Califórnia, reduziu o tamanho da instalação existente em Washington e começou a pesquisar outros locais nesses estados, assim como no Alabama, Georgia e New Mexico. “Não sei quantas brochuras recebemos dos estados que nos oferecem incentivos e verbas adiantadas”, diz o executivo.

 


Os incentivos estaduais também ajudaram: Oregon, que tem recrutado intensamente empresas de geração de energia eólica e solar, ofereceu US$ 40 milhões em crédito fiscais empresariais para a SolarWorld. Além disso, a empresa ganhou acesso a uma grande reserva de possíveis funcionários porque está situada no coração da “Floresta de Silício” do Oregon, cercada por fábricas de semicondutores e a pouca distância de carro de uma unidade muito maior da Intel.

 

O quadro da SolarWorld ampliou-se para mais de 500 pessoas, algumas delas temporárias, o que coloca a empresa no meio do caminho de sua meta de ter 1 mil trabalhadores permanentes antes de 2011. Mesmo quando a SolarWorld avança, acrescentando novos equipamentos e abrindo terreno para a expansão da fábrica, há lembretes diários dos obstáculos à frente. O preço das ações da empresa acumularam perdas de mais de 30% em dois anos, fechando em € 21,05, em grande parte por causa da lenta demanda e de um número crescente de fabricantes. A Ásia também se tornou um eixo de produção para energia solar, e muitos painéis da China entraram no mercado, embora a recessão tenha forçado algumas empresas a diminuir os pedidos. A Suntech Power, uma fabricante chinesa líder, está usando agora 55% de sua capacidade de produção, embora esteja, também, procurando espaço fabril nos EUA para o longo prazo.

 

Como o restante do setor, a SolarWorld também tenta se ajustar ao declínio nos preços dos painéis, que provavelmente continuarão caindo no terceiro trimestre, dado o excesso de oferta e a contínua crise de crédito. Klebensberger tenta colocar um lado positivo nisso, observando que o primeiro trimestre - cujos resultados serão divulgados em poucas semanas - é sempre relativamente fraco porque os europeus evitam instalar painéis durante o inverno. Para todo o restante do ano passado, as vendas de empresa cresceram em 31%. Mas o ritmo de crescimento no quarto trimestre diminuiu bastante.

 

As instalações do setor no primeiro trimestre na Califórnia, maior mercado os Estados Unidos, permanece robusta. Os instaladores estão, porém, cautelosos. Eles dizem que a demanda secou nos últimos seis meses porque as empresas não têm financiamento e os proprietários de residências estão mais preocupados com o pagamento de suas hipotecas do que em gastar US$ 25 mil ou mais para gerar eletricidade nos seus tetos. Os analistas dizem que os números do primeiro trimestre na Califórnia pode receber reforço de projetos que já estavam em andamento e que os números futuros podem ser menos robustos. Há um ano, dizem os instaladores, eles ligavam para os fabricantes pedindo painéis. Agora a situação é inversa, com os fabricantes se encarregando dos contatos de vendas.

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