Valor Econômico
Uma subsidiária da siderúrgica indiana Jindal Power & Steel informou ter descoberto uma reserva de gás na Bolívia e que pretende iniciar já em junho a exportação do combustível para a Argentina.
Ontem, o vice-presidente e diretor administrativo do grupo, Naveen Jindal, visitou o poço de El Palmar, no Departamento de Santa Cruz. Jindal estava na Bolívia desde domingo e programava deixar o país ontem, segundo informações da da empresa no país.
A reserva tem uma capacidade de produção estimada de 3,5 milhões de pés cúbicos de gás por dia (ou 100 mil metros cúbicos/dia), disse Luis Carlos Kinn à agência de notícias Associated Press na segunda-feira. Kinn é o gerente da GTLI, empresa formada pela Jindal e pela boliviana GTL. “É uma reserva moderada, que estará em produção nos próximos 40 dias.”
Kinn disse ainda que a empresa investiu US$ 11 milhões na exploração da reserva, localizada no Departamento de Santa Cruz.
A descoberta da GTLI é pouco significativa para as proporções bolivianas. O país produz atualmente 41 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A subsidiária da Jindal também está longe de entrar no radar das líderes de produção de gás no país, Petrobras, Repsol e Total.
A reserva de gás da Bolívia é a segunda maior da América do Sul, atrás apenas da Venezuela.
O governo anunciou esta semana ter fechado acordo com as empresas que atuam no país (incluindo a Petrobras) para que até o fim do ano a produção chegue a 44,68 milhões de metros cúbicos por dia. Além da Petrobras, as petroleiras Andina, Chaco e PlusPetrol também fazem perfurações em áreas onde já houve descobertas de gás. “Imagino que nos próximos meses outras descobertas serão anunciadas”, disse ao Valor um analista do setor de gás e petróleo, que pediu para não ser identificado.
Embora no curto prazo, a intenção da empresa indiana seja comercializar o gás para o mercado argentino, a GTLI pretende “em três ou quatro anos assegurar gás para a indústria [da mina de ferro] de Mutún”, disse ontem o site HidrocarburosBolivia.com, citando fontes da empresa. Mutún - uma das maiores reservas de ferro do mundo - é o principal empreendimento da Jindal na Bolívia, que promete investir US$ 2,1 bilhões nos próximos 40 anos. A exploração da mina ainda não começou.
Para levar gás à Argentina, a subsidiária da Jindal precisaria de um investimento reduzido para ligar a reserva de Palmar aos dutos que ligam Santa Cruz ao território argentino, acredita o analista. A Argentina compra de 4 milhões a 5 milhões de metros cúbicos de gás por dia da Bolívia. Para levar o gás até Mutún, que está na fronteira com o Brasil e a cerca de 300 km de Palmar, o quadro é mais complicado. A empresa teria de construir seu próprio duto ou recorrer ao gasoduto Brasil-Bolívia, o que exigiria negociações com Brasília.
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