As economias emergentes derrubaram o antiquado padrão de consumo global do petróleo, de acordo com o órgão fiscalizador ocidental, em mais um sinal da forma como países como China e Índia estão transformando os mercados de commodities.
A Agência Internacional de Energia (AIE) avalia que a demanda por petróleo este ano foi maior no segundo trimestre, pela primeira vez, ficando em aproximadamente 86,6 milhões de barris ao dia (b/d), à frente do tradicional pico da temporada de inverno (no Hemisfério Norte), de janeiro a março, quando a demanda ficou em 86 milhões de b/d.
O padrão sazonal tradicional geralmente pressionava os preços para cima durante o inverno no Hemisfério Norte, antes que as temperaturas mais quentes reduzissem o consumo.
Mas com o crescimento da demanda por petróleo vindo cada vez mais de países como China, Índia, Arábia Saudita, Brasil e Indonésia, os padrões sazonais estão mudando, numa tendência que a AIE sediada em Paris acredita que deverá se acelerar.
"Esse padrão incomum reflete a nova dinâmica da demanda por petróleo no mundo", disse a AIE. "Essa sazonalidade que desponta provavelmente suscitará novos desafios em logística e refino."
No passado, a demanda por petróleo caia entre 1,5 e 2 milhões de b/d entre o primeiro e o segundo trimestre, permitindo às refinarias passar por manutenção. Períodos de baixa demanda ajudavam a acumular estoques para satisfazer o posterior pico de consumo.
Em contrapartida, a atividade econômica em muitos países em desenvolvimento tende a diminuir no primeiro trimestre, após as comemorações do Ano Novo - em especial na China, onde o Ano Lunar acontece em janeiro ou fevereiro, para depois subir, diz a AIE. Consequentemente, o consumo de petróleo é menor no primeiro trimestre e cresce acentuadamente no segundo. A tendência é bem diferente da da na maioria dos países ricos, onde os meses de inverno de janeiro e fevereiro experimentam um pico na demanda.
"Considerando que a demanda não proveniente da OCDE atualmente impulsiona o crescimento global, ela também começa a alterar a sazonalidade da demanda mundial por petróleo, que até agora seguia o molde da demanda da OCDE", disse a agência, no seu relatório mensal.
"Cedo ou tarde, à medida que a demanda não oriunda da OECD superar a da OCDE ao longo dos próximos anos, o primeiro trimestre poderá representar o mais baixo nível de demanda."
Alguns analistas disseram que, embora a sazonalidade tenha começado a mudar, a AIE se excedeu em prever que os padrões de consumo tenham mudado para sempre. Eles também observaram que os dados sazonais atuais foram encobertos pela crise econômica.