Agência Estado
Para manter-se na dianteira do setor de biocombustíveis, principalmente no mercado de etanol como alternativa energética internacional, o Brasil precisa estruturar uma rede de pesquisas, alertou ontem a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Dilma afirmou também que a manutenção da sobretaxa no mercado americano não ameaça a "inequívoca liderança" do produto brasileiro. "Seremos competitivos mesmo com a barreira tarifária", disse.
Em evento com empresários mineiros na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a ministra lembrou que os países desenvolvidos já perceberam a importância dos biocombustíveis e as maiores empresas petrolíferas do mundo pesquisam o chamado "combustível de segunda geração" ou "combustíveis de lignocelulose".
"Acredita-se que lá por 2020 vai se fazer etanol de bagaço de cana, de palha de cana, de palha de milho, de dejetos. E essa aposta na lignocelulose é a grande fronteira dos países desenvolvidos da União Européia e dos Estados Unidos no que se refere a tentar diminuir a dependência física de petróleo", destacou Dilma, reconhecendo que o Brasil ainda precisa estabelecer uma estratégia mais agressiva em relação ao álcool.
"Nenhum país atualmente tem capacidade de competir com a produção de álcool e de cana do Brasil, não tem, não há mas eles estão construindo as condições para que haja", observou. "Temos de estruturar uma rede de pesquisas para a gente manter o protagonismo no segundo tempo."
Pesquisas ainda embrionárias são desenvolvidas pela Embrapa, Petrobras, universidades federais e pelo menos outros dois centros ligados à iniciativa privada. Dilma defende uma unificação dos estudos. "Nós temos de estruturar uma cadeia", destacou a chefe da Casa Civil, para quem o governo e o setor devem insistir na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar. "É essa a estratégia. Ao conquistar a segunda geração, que é essa, a da celulose, a produção de álcool de origem no açúcar vai ficar mais eficiente", destacou. "Com a eficiência que nós já temos, conjugada com o uso da palha e do bagaço, dificilmente nós perderemos a liderança."
A ministra procurou ressaltar que o etanol da cana "é muito mais do que combustível" e que Minas Gerais, num prazo de cinco anos, deverá se consolidar como o segundo pólo nacional do setor, atrás somente de São Paulo. "O álcool para nós tem de virar uma economia." Sobre o biodiesel, que recebeu mais atenção e investimentos do governo durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma admitiu que é um "segundo filão". "Ele não está maduro ainda no Brasil."
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