Gás

Brasil perde US$ 4,9 bilhões anuais em função do custo do gás

Valor é em relação aos Estados Unidos.

Agência Brasil
21/05/2013 12:53
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A indústria nacional perde cerca de US$ 4,9 bilhões por ano, devido ao custo elevado do gás natural no Brasil, em comparação ao gás de xisto (gás natural que pode ser encontrado preso dentro de formações de xisto) usado pela indústria norte-americana, indica estudo divulgado na segunda-feira (20) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O levantamento, intitulado O Preço do Gás Natural para a Indústria no Brasil e nos Estados Unidos - Comparativo de Competitividade, mostra que enquanto a tarifa média do gás para a indústria no Brasil é US$ 17,14 por milhão de unidades térmicas britânicas (MBTU), nos Estados Unidos o valor é bem menor, da ordem de US$ 4,45. O consumo anual de gás natural pela indústria brasileira totaliza 10,4 bilhões de metros cúbicos, gerando custo de US$ 6,6 bilhões. Nos Estados Unidos, o custo cai para US$ 1,7 bilhão, de acordo com os dados constantes do documento.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, disse à 'Agência Brasil' que “a discussão toda não é apenas no valor da molécula gás no poço, mas sim no valor da molécula que o consumidor paga”. No caso de uma pequena padaria, por exemplo, cujo consumo de gás atinge em torno de 1,5 mil metros cúbicos mensais, a perda de competitividade em relação aos Estados Unidos corresponde a R$ 29,7 mil por ano. Já para uma empresa do setor químico, que apresenta consumo mensal de 2,7 milhões de metros cúbicos, o gasto comparativamente a uma companhia americana do mesmo porte soma cerca de R$ 29,8 milhões por ano.
“Como o gás é um produto fundamental para a competitividade da indústria brasileira, nós queremos trazer à discussão quais são as alternativas que podemos ter para o gás natural ser mais competitivo. E não é, necessariamente, no valor da produção”, disse Vieira. Outros componentes pesam na formação do preço do gás no país, entre eles impostos, transporte e a margem da distribuição.
Segundo informou o presidente da Firjan, das 27 unidades da Federação, apenas o Rio de Janeiro, São Paulo e o Espírito Santo têm um sistema que permite à população saber o valor que as distribuidoras se apropriam na cadeia produtiva do gás. “Nos outros estados, não. A concessionária decide o preço do gás por ela mesma”. Isso decorre, analisou, do fato de São Paulo, do Rio de Janeiro e Espírito Santo serem mais transparentes.
“Nós temos um intermediário, que são as distribuidoras. Também tem o problema que nós temos que marchar para outras alternativas mais baratas de produção de gás”. Gouvea Vieira avaliou que a produção de gás de xisto, ainda inexistente no Brasil, seria uma opção interessante, mas envolve ainda desafios tecnológicos importantes a serem superados. “Talvez daqui a dez anos, a tecnologia esteja desenvolvida”. Ele considera, entretanto, que o assunto não deve ser trazido para o momento presente da matriz energética brasileira.
O presidente da Firjan defendeu que seja aprofundada a produção de gás associado a petróleo, com exploração de poços de gás tradicional nas novas fronteiras no território brasileiro, além do pré-sal.
Ainda de acordo com o estudo da Firjan, o gás natural tem participação significativa no custo de setores importantes para a economia, entre as quais a indústria química (30%) e a indústria cerâmica (25%).
Os efeitos do gás de xisto sobre a competitividade global e brasileira serão objeto de debate na sede da entidade, na próxima quinta-feira (23), dentro das comemorações do Dia da Indústria.
Logística de mercado mais avançada torna gás americano mais barato
Uma logística de mercado mais avançada faz com que o shale gas (gás de xisto) explorado nos Estados Unidos tenha um custo menor para a indústria norte-americana na comparação com o custo do gás natural para a indústria brasileira. A avaliação é do diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), economista Jean-Paul Prates, em entrevista à 'Agência Brasil', ao comentar estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
“Existe um preço de mercado que é reflexo não apenas de uma estrutura de produção já muito desenvolvida, que o Brasil proporcionalmente também já dispõe, mas de uma outra coisa que o Brasil não dispõe, que é uma logística de coleta, de mercado de gás, que o país nunca chegou a desenvolver”. Isso significa que mesmo antes do gás de xisto, o valor do gás americano sempre foi mais baixo em função da logística de coleta, de transporte (gasodutos) e, finalmente, do sistema de distribuição, que são lastreados em regras claras, o que torna a indústria americana competitiva, informou Prates.
“Toda essa estrutura está montada e recebe investimentos regulares de vários agentes”. Essa estrutura pressupõe um monopólio natural, que é altamente regulado, disse o economista. Segundo o diretor-geral do Cerne, a estrutura de gás no Brasil tem um único agente, que é a Petrobras. “O setor sofre pouca intervenção da parte do governo em termos regulatórios”, observou.
Em relação aos elevados tributos cobrados no Brasil, Jean-Paul Prates indicou que uma eventual modificação do cenário depende de uma política setorial de governo que passe a considerar o gás como um insumo valioso para o país. Ele entende que faz parte da política brasileira racionalizar a demanda de gás natural, porque ele não é abundante. “O Brasil anda na corda bamba no consumo de gás, que é muito maior que a disponibilidade que ele tem hoje”, avaliou. Segundo ele, ainda há um espaço de três a cinco anos para a entrada no mercado do gás extraído do pré-sal.
O Brasil, de acordo com Prates, ainda não produz gás de xisto. Há intenção do governo, porém, de entrar nessa área para diversificar e ampliar a matriz energética brasileira. Embora vislumbre que haverá muita discussão sobre o assunto internamente, do ponto de vista ambiental, o economista defende que o país “precisa viver essa experiência”. A primeira licitação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em áreas de xisto está prevista para outubro deste ano.
O diretor-geral do Cerne ressaltou que a indústria do xisto norte-americana está vivendo um momento de revitalização. O xisto significa para os Estados Unidos uma saída para a importação de gás do México ou do Canadá. A política atual é voltada para dentro do território, buscando o desenvolvimento de soluções caseiras. A produção de xisto, entretanto, traz consequências. Devido ao fracionamento do subsolo, “provoca em alguns lugares contaminação do lençol freático, alterações do subsolo que até hoje são pouco estudadas”.
A produção de gás de xisto é recomendada no Brasil em algumas áreas. Prates acredita, contudo, que isso não ocorrerá de forma tão rápida como foi nos Estados Unidos, onde “já existe uma cultura de convivência com esse antagonismo entre comunidades, fazendeiros e a indústria do petróleo”. Indicou que em locais como Minas Gerais, na região do São Francisco; no interior de São Paulo; ou na Bacia do Paraná, onde há potencial de xisto, o primeiro momento será de euforia ante a possibilidade de prosperidade. Em seguida, haverá a contra reação, com o movimento de ambientalistas, estimou.
Segundo Prates, a Petrobras já tem alguma experiência na área de xisto no Paraná. Mas avalia que isso não representa uma salvação para o mercado de gás brasileiro de curto prazo. O processo de xisto deverá levar entre cinco e dez anos no Brasil para mostrar uma produção significativa. “O que eu acho que vai salvar [o mercado] e já está indicado nos planos de investimento da Petrobras e no próprio perfil de produção do país como um todo, é o gás do pré-sal. Este entra primeiro [que o xisto] e com volumes mais altos”. A perspectiva, de acordo com ele, é que nos próximos dois a três anos o gás do pré-sal entre no mercado com mais força e amenize o problema de demanda reprimida do gás no Brasil.

A indústria nacional perde cerca de US$ 4,9 bilhões por ano, devido ao custo elevado do gás natural no Brasil, em comparação ao gás de xisto (gás natural que pode ser encontrado preso dentro de formações de xisto) usado pela indústria norte-americana, indica estudo divulgado na segunda-feira (20) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).


O levantamento, intitulado O Preço do Gás Natural para a Indústria no Brasil e nos Estados Unidos - Comparativo de Competitividade, mostra que enquanto a tarifa média do gás para a indústria no Brasil é US$ 17,14 por milhão de unidades térmicas britânicas (MBTU), nos Estados Unidos o valor é bem menor, da ordem de US$ 4,45. O consumo anual de gás natural pela indústria brasileira totaliza 10,4 bilhões de metros cúbicos, gerando custo de US$ 6,6 bilhões. Nos Estados Unidos, o custo cai para US$ 1,7 bilhão, de acordo com os dados constantes do documento.


O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, disse à 'Agência Brasil' que “a discussão toda não é apenas no valor da molécula gás no poço, mas sim no valor da molécula que o consumidor paga”. No caso de uma pequena padaria, por exemplo, cujo consumo de gás atinge em torno de 1,5 mil metros cúbicos mensais, a perda de competitividade em relação aos Estados Unidos corresponde a R$ 29,7 mil por ano. Já para uma empresa do setor químico, que apresenta consumo mensal de 2,7 milhões de metros cúbicos, o gasto comparativamente a uma companhia americana do mesmo porte soma cerca de R$ 29,8 milhões por ano.


“Como o gás é um produto fundamental para a competitividade da indústria brasileira, nós queremos trazer à discussão quais são as alternativas que podemos ter para o gás natural ser mais competitivo. E não é, necessariamente, no valor da produção”, disse Vieira. Outros componentes pesam na formação do preço do gás no país, entre eles impostos, transporte e a margem da distribuição.


Segundo informou o presidente da Firjan, das 27 unidades da Federação, apenas o Rio de Janeiro, São Paulo e o Espírito Santo têm um sistema que permite à população saber o valor que as distribuidoras se apropriam na cadeia produtiva do gás. “Nos outros estados, não. A concessionária decide o preço do gás por ela mesma”. Isso decorre, analisou, do fato de São Paulo, do Rio de Janeiro e Espírito Santo serem mais transparentes.


“Nós temos um intermediário, que são as distribuidoras. Também tem o problema que nós temos que marchar para outras alternativas mais baratas de produção de gás”. Gouvea Vieira avaliou que a produção de gás de xisto, ainda inexistente no Brasil, seria uma opção interessante, mas envolve ainda desafios tecnológicos importantes a serem superados. “Talvez daqui a dez anos, a tecnologia esteja desenvolvida”. Ele considera, entretanto, que o assunto não deve ser trazido para o momento presente da matriz energética brasileira.


O presidente da Firjan defendeu que seja aprofundada a produção de gás associado a petróleo, com exploração de poços de gás tradicional nas novas fronteiras no território brasileiro, além do pré-sal.


Ainda de acordo com o estudo da Firjan, o gás natural tem participação significativa no custo de setores importantes para a economia, entre as quais a indústria química (30%) e a indústria cerâmica (25%).


Os efeitos do gás de xisto sobre a competitividade global e brasileira serão objeto de debate na sede da entidade, na próxima quinta-feira (23), dentro das comemorações do Dia da Indústria.

 

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