Prejuízo

Atraso no novo plano prejudica Petrobras

Valor Econômico
21/06/2011 12:50
Visualizações: 484 (0) (0) (0) (0)
O segundo adiamento do anúncio do novo plano de negócios da Petrobras, na sexta-feira, já afetam as ações da companhia. Os papéis fecharam ontem a R$ 23,10, o que representa uma queda de quase 10% sobre os R$ 25,48 que valiam no dia da capitalização, 24 de setembro do ano passado, já descontados os dividendos. Desde o fim de 2010 a empresa perdeu R$ 61 bilhões em valor de mercado - passou de R$ 380,24 bilhões no dia 30 de dezembro para R$ 319,19 bilhões ontem, numa baixa de 16%.


Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que preside o conselho da Petrobras desde o ano passado, evitou dar respostas objetivas sobre o tema. Disse que o conselho não "rejeitou nada" e negou a existência de divergências com a diretoria da estatal.


"Não há pontos de divergência, você tem que amadurecer determinados pontos, ajustar cronogramas, verificar se estão corretos, procurar reduzir custos e sempre melhorar desempenho. Mas não é assunto que vou tratar aqui, porque nem posso, é a própria Petrobras, quando tivermos o plano definido, que fará o anúncio, como sempre faz", disse Mantega.


Apesar das evasivas do ministro, é notório que companhia vive vários dilemas aparentemente não solucionados em duas reuniões consecutivas de avaliação do plano estratégico, a primeira no dia 20 de maio e a segunda no dia 17 de junho. Os problemas foram agravados recentemente pela percepção do mercado de que o conselho perdeu objetividade com a saída de Antonio Palocci. O ex-ministro participou apenas de uma reunião do conselho antes de se afastar do cargo de chefe da Casa Civil.


"Pela primeira vez vejo o conselho de administração da Petrobras em posição antagônica em relação à diretoria-executiva", afirma o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie).


Entre 2011 e 2015 a Petrobras precisa colocar em prática bilionários investimentos para aumentar a produção de petróleo e começar a explorar comercialmente as descobertas no pré-sal sem deixar de lado a exploração dos campos no pós-sal das Bacias de Campos, Espírito Santo e Sergipe-Alagoas, onde o retorno do investimento será mais rápido.


O plano estratégico atual prevê investimentos de US$ 224 bilhões até 2014, mas não inclui a exploração dos 5 bilhões de barris adquiridos no processo de cessão onerosa e posterior capitalização - orçados em no mínimo US$ 10 bilhões - nem a fase mais pesada de investimento nas novas refinarias. Também é preciso lembrar o objetivo do governo de aumentar os índices de nacionalização dos equipamentos utilizados pela estatal. Ela vai precisar construir dezenas de plataformas e sondas de perfuração para águas ultraprofundas no país.


Todos esses projetos levaram o mercado a atualizar o plano estratégico até 2015 para algo entre US$ 260 e US$ 265 bilhões. Mas o conselho pediu para reduzir investimentos ou, nas palavras do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que ele atribuiu a Guido Mantega, que a empresa apresentasse um plano "mais realista". Ontem, em relatório para clientes, os analistas do Itaú BBA afirmavam não ver muito espaço para reduzir os investimentos abaixo da faixa de US$ 240 bilhões a US$ 250 bilhões.


Um ponto nevrálgico é o preço dos combustíveis. Para colocar seus projetos em marcha sem comprometer seu grau de investimento, a Petrobras precisa fazer caixa. Mas o governo resiste em aceitar aumentos de preço da gasolina e do diesel que pressionem ainda mais a inflação.


O governo recusou uma proposta que sugeria aumentar o preço dos combustíveis reduzindo em 10% a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Desde maio de 2010 até o mês passado o governo arrecadou R$ 9 bilhões com esse tributo, lembra Pires.


A área de abastecimento da Petrobras é uma das que mais causam mau humor no mercado. A companhia tem planos de investir em quatro novas refinarias para processar petróleo produzido no país e atender ao aumento de consumo nacional sem importações. Mas enfrenta uma escalada de preços dos equipamentos e a falta de dinheiro para tantos projetos simultâneos. Os acionistas privados gostariam que as refinarias premium do Maranhão e Ceará fossem adiadas. E sem as novas refinarias o país não poderá evitar déficits da balança comercial de derivados.


Na opinião de Adriano Pires o governo está atribuindo responsabilidades para a Petrobras que podem sufocar a empresa no longo prazo. Citou como exemplo declarações recentes do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de que a estatal precisa ter 15% do mercado brasileiro de etanol para funcionar como "regulador eficiente" do mercado. "A Petrobras tem que regular o mercado de etanol, aumentar a produção de petróleo, construir cinco novas refinarias, desenvolver o pré-sal, fazer novas termelétricas, criar um parque de fornecedores nacionais. É muita coisa para uma empresa que não pode vender os seus produtos a preços de mercado", ressalta Pires.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC HOUSTON 2025
Empresas brasileiras geram US$ 316 milhões em negócios d...
21/05/25
Acordo
OneSubsea e Petrobras assinam acordo para desenvolver um...
21/05/25
Margem Equatorial
NOTA IBP – Aprovação pelo IBAMA do PPAF da Petrobras na ...
20/05/25
Biodiversidade
Empresas podem acessar até US$ 10 trilhões em oportunida...
20/05/25
Internacional
ApexBrasil lidera delegação brasileira na World Hydrogen...
20/05/25
Resultado
2024 é marcado por investimentos recordes e progresso na...
20/05/25
Resultado
Produção de petróleo em regime de partilha ultrapassa pe...
20/05/25
Margem Equatorial
Petrobras consegue do Ibama autorização de simulado em á...
20/05/25
IBP
Crescimento do mercado e diversidade em destaque no Semi...
20/05/25
Pré-Sal
Interligação submarina do Projeto Búzios 11 terá R$ 8,4 ...
19/05/25
Refino
Parada programada de manutenção da Refap, em Canoas (RS)...
19/05/25
IBP
Naturgy debate perspectivas de expansão do GNV e biometa...
19/05/25
Participação especial
Valores referentes à produção do primeiro trimestre de 2...
19/05/25
Etanol
Hidratado volta a cair e anidro sobe pela terceira seman...
19/05/25
IBP
Setor de gás busca soluções para acelerar o crescimento ...
16/05/25
IBP
Shell Energy Brasil defende integração setorial e estabi...
16/05/25
Leilão
PPSA publica edital para comercializar 78,5 milhões de ...
16/05/25
IBP
Investimentos em projetos de gás dependem de segurança f...
16/05/25
Etanol
Fenasucro & Agrocana lança 31ª edição com destaque para ...
15/05/25
Mato Grosso do Sul
Gás Natural: ANP firma acordo com reguladora do Mato Gro...
15/05/25
Energia Elétrica
CCEE liquidou R$ 4,00 bilhões no fechamento das operaçõe...
15/05/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22