Pernambuco

Área logística precisa de mais profissionais qualificados

O segmento terá um incremento entre 50% e 70% da necessidade de executivos especialistas.

Jornal do Commercio (PE)
22/01/2014 13:17
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O desenvolvimento recente da economia de Pernambuco traz a reboque a expansão de diversos campos de trabalho, mas um deles se destaca pela “onipresença”. A logística - com forte atuação em transporte, armazenagem e distribuição - tem ampliado sua importância no Estado, fomentando a oferta de qualificação e aumentando a demanda por pessoas especializadas. No entanto, o segmento enfrenta um impasse: com margem de lucro apertada, resiste em oferecer salários menores, enquanto concorrentes de outros Estados e países, especialmente de grande porte, atraem os melhores profissionais com remunerações mais interessantes.
“Praticamente todas as empresas têm ou precisam de alguma atividade logística. Diria que onde houver movimentação e armazenagem de bens e informações as atividades logísticas estarão presentes”, explica o presidente da Associação Nordestina de Logística (Anelog), Fernando Trigueiro. O varejo e a indústria são setores que precisam de empresas da área logística com intensidade, seja para entregar a mercadoria de um fornecedor para o cliente final ou de uma fábrica para atacadistas; ou ainda para a chegada e gestão de matérias-primas para a transformação industrial. Embora seja ligada à administração de empresas, a logística envolve diversos conhecimentos aplicados nesse processo, como planejamento, estatística, engenharia e economia.
O que faz um profissional de logística?
Presidente da Dasein, empresa mineira especializada em recrutamento de altos executivos que atua em Pernambuco, Adriana Prates lembra que a logística é uma atividade antiga, mas o atual contexto econômico, especialmente no Nordeste, mudou as necessidades do segmento e faz com que as empresas busquem profissionais com “habilidades diferentes das do passado”. “Essa área deixou de estar no segundo plano para ser prioridade e hoje envolve muitas outras áreas e habilidades”, explica Adriana. Ela estima que, em 2014, o segmento terá um incremento entre 50% e 70% da necessidade de executivos especialistas.
Não há números disponíveis sobre os profissionais no ramo atualmente. No entanto, dados do Senai Pernambuco indicam que a procura pelo curso técnico de logística cresceu 218% em três anos, saindo de 115 matrículas em 2011 para 366 no ano passado. Além do Senai, instituições como Senac, Faculdade Joaquim Nabuco, Grau Técnico, Politec, Universidade de Pernambuco (UPE) e UFPE oferecem treinamentos na área, de cursos técnicos e de aperfeiçoamento a tecnólogos (nível superior) e MBAs.
“É difícil dizer como escolher um bom curso, mas posso afirmar que todos dependem da dedicação do aluno em procurar aprender e ser cada vez melhor”, ensina Rodrigo Parente Costa, 35 anos. Graduado em administração, ele está fazendo carreira em logística. Há dez anos trabalha em uma das empresas pernambucanas que são referência no segmento, a Norlog. Começou como estagiário e hoje é gerente. O trabalho requereu mais conhecimento e ele optou por um MBA, além de outros cursos específicos e participação em palestras e eventos. Um dos colegas de trabalho dele, Evandro Barbosa, 32 anos, que ocupa a função de auxiliar, optou primeiro pelo curso de tecnólogo e logística e hoje está fazendo faculdade de administração: “O tecnólogo oferece uma inserção mais rápida no mercado e agora estou complementando minha formação”.
O coordenador do curso de logística do Senai do Cabo de Santo Agostinho, Marcos André Lima, lembra que há menos de cinco anos não havia capacitações disponíveis em nível técnico na área: “Estamos tendo um incremento forte na área, principalmente devido às transportadoras, o que gera oportunidade para vários níveis, de operador a gestor”.
Boa remuneração é o maior desafio*
As remunerações encontradas hoje em Pernambuco no setor logístico são as mais diversas. Vão do salário mínimo (R$ 724) a R$ 30 mil mensais. As variváveis que determinam o valor do profissional são basicamente sua formação, experiência e a empresa para a qual vai trabalhar. 
Os salários mais baixos geralmente são oferecidos por empresas locais a pessoas inexperientes recém-saídas do curso técnico – formação que pode custar até R$ 300 por mês – e dos tecnólogos. Na outra ponta, estão multinacionais com executivos de supply chain (nome internacional do segmento), que têm pelo menos cinco anos de experiência, falam inglês fluentemente e geralmente também falam espanhol, têm alto nível de produtividade e resultados. Entre eles, estão gerentes que podem ganhar até R$ 6 mil.
Muitas vezes, o salário é uma barreira para encontrar bons candidatos. “As empresas daqui estão pagando R$ 1,2 mil a um analista, quando o valor de mercado é R$ 3,5 mil”, revela o presidente da Anelog, Fernando Trigueiro. No topo da pirâmide da gestão, a dificuldade é a mesma. Na Dasein, enquanto companhias do Sudeste e de outros países pagam entre R$ 18 mil e 30 mil a um alto executivo, as empresas locais ofertam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. “São profissionais completos que impactam diretamente na redução de custo e aumento da margem de lucro. Acredito que as empresas só passarão a reconhecer melhor esse executivo quando notarem o espaço que estão perdendo para a concorrência”, analisa Adriana.
Por outro lado, a capacitação é outra barreira. “Nossos maiores desafios hoje são equilibrar esses salários e encontrar mão de obra especializada. Agora mesmo estamos acompanhando uma seleção de uma grande empresa que precisa de 16 pessoas com experiência e não estamos encontrando”, diz o presidente da associação. Gerente de Logísica da Norlog, Rodrigo Parente pondera que a formação em cursos especializados e também a básica – saber escrever e ler bem e fazer cálculos simples – deixam a desejar. “Já lidamos com pessoas que, mesmo com treinamentos em logística, não sabiam de termos da área e outras que mal sabiam descrever as avarias de um carregamento”, conta o gerente. 
Para Trigueiro, a dificuldade na formação básica é um entrave sério, mas, nos demais gargalos, tudo está interligado: os melhores profissionais são atraídos por salários mais altos em multinacionais ou empresas de outros Estados, tanto para atuação em Pernambuco quanto em outros pontos do País. Quando questionado sobre como o segmento vai contornar essa situação, ele diz que a Anelog tem tentado conscientizar as empresas sobre como a valorização dos profissionais é um item de competitividade. 
“Uma das ações que vamos fazer nesse sentido é o Seminário Nordestino de Logística, que abordará o tema”, diz Trigueiro, referindo-se ao evento que a associação promoverá entre os dias 25 e 27 de março. 

O desenvolvimento recente da economia de Pernambuco traz a reboque a expansão de diversos campos de trabalho, mas um deles se destaca pela “onipresença”. A logística - com forte atuação em transporte, armazenagem e distribuição - tem ampliado sua importância no Estado, fomentando a oferta de qualificação e aumentando a demanda por pessoas especializadas. No entanto, o segmento enfrenta um impasse: com margem de lucro apertada, resiste em oferecer salários menores, enquanto concorrentes de outros Estados e países, especialmente de grande porte, atraem os melhores profissionais com remunerações mais interessantes.

“Praticamente todas as empresas têm ou precisam de alguma atividade logística. Diria que onde houver movimentação e armazenagem de bens e informações as atividades logísticas estarão presentes”, explica o presidente da Associação Nordestina de Logística (Anelog), Fernando Trigueiro. O varejo e a indústria são setores que precisam de empresas da área logística com intensidade, seja para entregar a mercadoria de um fornecedor para o cliente final ou de uma fábrica para atacadistas; ou ainda para a chegada e gestão de matérias-primas para a transformação industrial. Embora seja ligada à administração de empresas, a logística envolve diversos conhecimentos aplicados nesse processo, como planejamento, estatística, engenharia e economia.

O que faz um profissional de logística?

Presidente da Dasein, empresa mineira especializada em recrutamento de altos executivos que atua em Pernambuco, Adriana Prates lembra que a logística é uma atividade antiga, mas o atual contexto econômico, especialmente no Nordeste, mudou as necessidades do segmento e faz com que as empresas busquem profissionais com “habilidades diferentes das do passado”. “Essa área deixou de estar no segundo plano para ser prioridade e hoje envolve muitas outras áreas e habilidades”, explica Adriana. Ela estima que, em 2014, o segmento terá um incremento entre 50% e 70% da necessidade de executivos especialistas.

Não há números disponíveis sobre os profissionais no ramo atualmente. No entanto, dados do Senai Pernambuco indicam que a procura pelo curso técnico de logística cresceu 218% em três anos, saindo de 115 matrículas em 2011 para 366 no ano passado. Além do Senai, instituições como Senac, Faculdade Joaquim Nabuco, Grau Técnico, Politec, Universidade de Pernambuco (UPE) e UFPE oferecem treinamentos na área, de cursos técnicos e de aperfeiçoamento a tecnólogos (nível superior) e MBAs.

“É difícil dizer como escolher um bom curso, mas posso afirmar que todos dependem da dedicação do aluno em procurar aprender e ser cada vez melhor”, ensina Rodrigo Parente Costa, 35 anos. Graduado em administração, ele está fazendo carreira em logística. Há dez anos trabalha em uma das empresas pernambucanas que são referência no segmento, a Norlog. Começou como estagiário e hoje é gerente. O trabalho requereu mais conhecimento e ele optou por um MBA, além de outros cursos específicos e participação em palestras e eventos. Um dos colegas de trabalho dele, Evandro Barbosa, 32 anos, que ocupa a função de auxiliar, optou primeiro pelo curso de tecnólogo e logística e hoje está fazendo faculdade de administração: “O tecnólogo oferece uma inserção mais rápida no mercado e agora estou complementando minha formação”.

O coordenador do curso de logística do Senai do Cabo de Santo Agostinho, Marcos André Lima, lembra que há menos de cinco anos não havia capacitações disponíveis em nível técnico na área: “Estamos tendo um incremento forte na área, principalmente devido às transportadoras, o que gera oportunidade para vários níveis, de operador a gestor”.

Boa remuneração é o maior desafio

As remunerações encontradas hoje em Pernambuco no setor logístico são as mais diversas. Vão do salário mínimo (R$ 724) a R$ 30 mil mensais. As variváveis que determinam o valor do profissional são basicamente sua formação, experiência e a empresa para a qual vai trabalhar. 

Os salários mais baixos geralmente são oferecidos por empresas locais a pessoas inexperientes recém-saídas do curso técnico – formação que pode custar até R$ 300 por mês – e dos tecnólogos. Na outra ponta, estão multinacionais com executivos de supply chain (nome internacional do segmento), que têm pelo menos cinco anos de experiência, falam inglês fluentemente e geralmente também falam espanhol, têm alto nível de produtividade e resultados. Entre eles, estão gerentes que podem ganhar até R$ 6 mil.

Muitas vezes, o salário é uma barreira para encontrar bons candidatos. “As empresas daqui estão pagando R$ 1,2 mil a um analista, quando o valor de mercado é R$ 3,5 mil”, revela o presidente da Anelog, Fernando Trigueiro. No topo da pirâmide da gestão, a dificuldade é a mesma. Na Dasein, enquanto companhias do Sudeste e de outros países pagam entre R$ 18 mil e 30 mil a um alto executivo, as empresas locais ofertam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil. “São profissionais completos que impactam diretamente na redução de custo e aumento da margem de lucro. Acredito que as empresas só passarão a reconhecer melhor esse executivo quando notarem o espaço que estão perdendo para a concorrência”, analisa Adriana.

Por outro lado, a capacitação é outra barreira. “Nossos maiores desafios hoje são equilibrar esses salários e encontrar mão de obra especializada. Agora mesmo estamos acompanhando uma seleção de uma grande empresa que precisa de 16 pessoas com experiência e não estamos encontrando”, diz o presidente da associação. Gerente de Logísica da Norlog, Rodrigo Parente pondera que a formação em cursos especializados e também a básica – saber escrever e ler bem e fazer cálculos simples – deixam a desejar. “Já lidamos com pessoas que, mesmo com treinamentos em logística, não sabiam de termos da área e outras que mal sabiam descrever as avarias de um carregamento”, conta o gerente. 

Para Trigueiro, a dificuldade na formação básica é um entrave sério, mas, nos demais gargalos, tudo está interligado: os melhores profissionais são atraídos por salários mais altos em multinacionais ou empresas de outros Estados, tanto para atuação em Pernambuco quanto em outros pontos do País. Quando questionado sobre como o segmento vai contornar essa situação, ele diz que a Anelog tem tentado conscientizar as empresas sobre como a valorização dos profissionais é um item de competitividade. 

“Uma das ações que vamos fazer nesse sentido é o Seminário Nordestino de Logística, que abordará o tema”, diz Trigueiro, referindo-se ao evento que a associação promoverá entre os dias 25 e 27 de março. 

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