Campo de Frade

Apesar de instabilidade no solo, especialistas dizem que houve falha em exploração

A nova mancha de óleo detectada pela Marinha na última sexta-feira (16), em uma área operada pela petrolífera Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos, levanta em especialistas a suspeita de que novos vazamentos podem surgir no local. O primeiro ocorreu na mesma região, em novembro do ano

Agência Brasil
21/03/2012 12:27
Visualizações: 271
A nova mancha de óleo detectada pela Marinha na última sexta-feira (16), em uma área operada pela petrolífera Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos, levanta em especialistas a suspeita de que novos vazamentos podem surgir no local. O primeiro ocorreu na mesma região, em novembro do ano passado.

Na avaliação do professor Moacyr Duarte, do Grupo de Análise de Risco da Coordenação de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), houve falha no estudo prospectivo preliminar, porque a procura de petróleo no fundo do mar “é feita com sísmica [técnica para pesquisar estruturas geológicas que podem formar reservatórios de petróleo], usando carga de colapso”. O estudo deveria ter apontado a fragilidade do solo na região, disse o especialista, em entrevista à 'Agência Brasil'. “Se [isso] não foi [identificado], algo no estudo preliminar falhou”, completou.

De acordo com ele, se estiver ocorrendo um colapso progressivo no solo acima do reservatório, as consequências podem ser "muito ruins". Caso ocorra um colapso total, há chance de ter no local um ponto de vazamento crônico, cuja vedação demandará muito tempo. Podem ocorrer também vazamentos em série ou simultâneos, destacou. “Na medida em que vai 'colapsando' acima, o reservatório vai abrindo. São fendas e estruturas geológicas que favorecem a passagem do petróleo. Não há resistência necessária para conter a pressão do poço”.

Duarte lembrou que no primeiro vazamento, ocorrido em novembro de 2011, a operação de contenção envolveu a injeção de concreto contra a pressão do poço, o que acabou gerando mais força, e isso “para uma estrutura fraca é muito ruim”.

Segundo o professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal Fluminense Adalberto da Silva, com base nas informações dadas pela empresa Chevron - “e que são poucas” -, houve um erro operacional na perfuração. Isso fez com que falhas antigas do solo marinho naquela área, que estavam sem movimentação, fossem reativadas. O resultado são vazamentos de óleo por essas fissuras, mesmo que em pouca quantidade. Como a área é extensa, o controle é difícil.

O diretor de Inovação e Tecnologia da Coppe/UFRJ, Segen Estefen, avaliou ser difícil afirmar que está havendo um colapso progressivo no solo acima do reservatório, mas concordou com Moacyr Duarte que existe a chance de ocorrerem vazamentos em série ou simultâneos. Ele salientou a necessidade de se levantar uma série de informações, incluindo como foram feitos os cálculos da geologia local, para se ter a dimensão do vazamento. É preciso ainda, completou, ter dados sobre a pressão que foi injetada a fim de conter o primeiro vazamento.

A constatação de que o dano seja progressivo requer, segundo Segen Estefen, a adoção de sensores no local, para medir o possível afundamento do solo. Para ele, é preciso que se faça, com rapidez, um poço de alívio para tentar estancar o vazamento. “À medida que se faça esse poço, tem que se avaliar também se o solo vai ceder, porque isso diminui a pressão naquele reservatório”, destacou.

O oceanógrafo David Zee, que acompanhou como perito a Polícia Federal até o local do primeiro vazamento na área operada pela Chevron, disse que o incidente agora está se desdobrando. “Houve um acidente, não causado pela ação humana, mas sim, pela perfuração. Foi um gatilho que começou a ter efeitos colaterais da fragilidade geológica que está se constatando lá”. Para ele, há uma fragilidade natural no solo e a perfuração foi um agente provocador. "Trata-se de uma falha estrutural, geológica”.

Ele entregou, na ocasião, um laudo ao delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, em que relata as consequências do incidente para a flora e a fauna marinhas. “Na hora em que começa a vazar óleo, por mínimo que seja, ocorre algum tipo de impacto”.

Como o pré-sal atravessa uma zona de instabilidade geológica, Moacyr Duarte (da Coope/UFRJ) disse que, a partir de agora, as características dos estudos e das tecnologias usados na prospecção de petróleo terão de ser mais sofisticados. “Os estudos têm de ser revisados, à luz desse novo dado. Isso é uma coisa que tem de ser feita com urgência”. Ele explica que deverão ser usados robôs com câmeras para detectar com precisão os pontos de vazamento. Se eles permanecerem pequenos, o efeito de contaminação poderá ser negligenciado. A questão, porém, é que não há garantia sobre a estabilidade do solo nessa região, avaliou.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Exportação
Petrobras irá vender seis milhões de barris de petróleo ...
17/10/25
COP30
IBP e Câmara Brasil-Texas debatem papel estratégico do B...
17/10/25
Bacia de Campos
ANP autoriza retorno da produção do FPSO Peregrino
17/10/25
OTC Brasil 2025
Equinor marca presença na OTC Brasil 2025 e apresenta so...
17/10/25
Firjan
Em reunião do Conselho de Petróleo e Gás da Firjan, pres...
16/10/25
Parceria
Nexio fecha parceria com Porto do Açu para projetos de i...
16/10/25
Pernambuco
Petrobras e Tenenge avançam na construção de nova unidad...
16/10/25
Bacia de Santos
Bacalhau, maior campo internacional da Equinor, inicia o...
16/10/25
Petrobras
Reduc é a primeira refinaria do país certificada para pr...
16/10/25
PPSA
Produção de petróleo da União atingiu 168 mil barris por...
15/10/25
iBEM26
Brasil diversifica sua matriz energética
15/10/25
Evento
PortosRio marca presença na Rio+Agro 2025
14/10/25
Combustíveis
ETANOL/CEPEA: Vendas de hidratado quase dobram na semana
14/10/25
Combustíveis
ANP recebe mais um equipamento que detecta teor de biodi...
10/10/25
Petrobras
Investimentos de R$ 2,6 bilhões na Bahia são anunciados ...
10/10/25
Petrobras
O supercomputador Harpia entra em operação
10/10/25
PPSA
PPSA publica edital do Leilão de Áreas Não Contratadas
09/10/25
ROG.e
IBP lança nova ROG.e: maior festival de energia do planeta
09/10/25
Biometano
Cedro e Gás Verde inovam com a descarbonização da logíst...
09/10/25
Energia Elétrica
CCEE conclui liquidação do Mercado de Curto Prazo do Set...
08/10/25
IBP
Posicionamento - Proposta de elevação da alíquota do Fun...
08/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23