O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu aos representantes das indústrias naval e de máquinas e equipamentos que vai procurar a Vale para discutir se algumas encomendas feitas na China poderiam ser fornecidas por empresas brasileiras. Na tarde da quarta-feira, durante reuni&atil
Valor EconômicoO ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu aos representantes das indústrias naval e de máquinas e equipamentos que vai procurar a Vale para discutir se algumas encomendas feitas na China poderiam ser fornecidas por empresas brasileiras. Na tarde da quarta-feira, durante reunião do Grupo de Acompanhamento da Crise (GAC), o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert, e o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval (Sinaval), Ariovaldo Santana da Rocha, fizeram essa queixa ao ministro.
Aubert reclamou que a Vale fez, recentemente, encomenda de aproximadamente US$ 350 milhões para que indústrias chinesas fornecessem bens de capital. Rocha também disse que um pedido de 20 navios - US$ 200 milhões a US$ 300 milhões por unidade -, feito à China, podia ter sido contratado no país. O vice presidente executivo do Sinaval, Franco Papini, informou que Mantega considerou "graves" os fatos e que vai ouvir a versão da empresa.
Diretores da Vale reagiram indignados, ontem, e garantiram que fornecedores brasileiros têm, sempre, preferência aos estrangeiros quando garantem preço, qualidade e respeito aos prazos de entrega contratados. Segundo a empresa, foram gastos, em 2008, cerca de R$ 10 bilhões em compras de bens e serviços no Brasil. A diretora de Recursos Humanos e Serviços Corporativos, Carla Grasso, criticou a postura das duas entidades e disse que incomoda ouvir reclamações de pessoas que conhecem a postura da Vale. "Não vejo sentido nisso. Parece falta de informação ou oportunismo."
Segundo o diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, a empresa não encomendou 20 navios chineses, mas 12 embarcações de 400 mil toneladas. Além disso, disse que o preço médio dessas embarcações é de US$ 130 milhões, não os US$ 200 milhões ou US$ 300 milhões levados a Mantega. Para ele, a única informação objetiva é que o Sinaval foi procurado, em novembro, para manifestar-se sobre essas encomendas e não respondeu. Martins comentou que o estaleiro Atlântico Sul e o Ishibrás (atualmente fechado) teriam, teoricamente, condição de atender parte do pedido, mas a demanda de 12 embarcações da Petrobras absorveu toda a capacidade do Atlântico Sul.
Essa versão é diferente da apresentada por Papini. Para o vice presidente do Sinaval, a entidade não foi consultada e a indústria brasileira tem capacidade de fornecer parte do pedido da Vale. "Não consultaram nossos preços, mas garanto que temos qualidade e honramos os prazos contratados. O Atlântico Sul é competitivo e tem o grupo coreano Samsung como investidor", explicou.
Papini lamentou que a Vale, como grande exportadora de minérios brasileiros, poderia, por outro lado, ajudar a consolidar a indústria naval nacional. "Estamos reconstruindo o Brasil e o governo tem uma política econômica eficiente. Falta a grande empresa nacional ajudar", argumentou. Para ele, a postura da Vale é oposta à da Petrobras. Contou que, recentemente, a petrolífera precisava encomendar 40 navios-sonda e o Sinaval informou que não poderia fornecer os primeiros 12, mas atenderia parte do pedido.
Para a Vale, a relação com fornecedores nacionais é estratégica e procura facilitar o acesso deles ao crédito e ao desenvolvimento da qualidade. Essa política de compras envolve até contratos de exportação. O diretor de Suprimentos, Marcos Saraiva, explicou que a mineradora costuma estabelecer, em muitos casos, contratos de longo prazo com fornecedores, o que significa redução de riscos e possibilidade de planejamento dos negócios. Para Martins, é compreensível ouvir dos empresários brasileiros queixas contra o câmbio e a carga tributária, mas não entende porque se voltaram contra a política de compras da Vale. "Somos a maior exportadora líquida do Brasil e vamos continuar colaborando com o desempenho da balança comercial."
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