87,5 milhões de toneladas entre julho e setembro deste ano.
Valor Econômico
A Vale anunciou ontem recorde histórico de produção de minério de ferro para um trimestre, com 87,5 milhões de toneladas entre julho e setembro deste ano.
O número representou alta de 3,1% sobre igual período do ano passado. Projeções de analistas indicam, no entanto, que o volume de vendas de minério de ferro pela empresa pode ter ficado abaixo do esperado pelo mercado para o terceiro trimestre.
A previsão se apoia na interdição da Estrada de Ferro de Carajás (EFC), no fim de setembro, que impediu embarques. Assim, os estoques da commodity nos centros de distribuição da Vale aumentaram em 9,3 milhões de toneladas no fim de setembro.
Dessa forma, o avanço na produção de minério de ferro da Vale em relação ao terceiro trimestre de 2013 pode não se traduzir nos volumes de venda esperados pelo mercado para a companhia, resultado que só se tornará público na quinta-feira com a divulgação do balanço do terceiro trimestre.
O Itaú BBA, por exemplo, estima em 83 milhões de toneladas as vendas de minério de ferro no terceiro trimestre, o que significaria uma queda de 1,4% frente a igual período do ano passado.
O Goldman Sachs, projeta vendas ainda menores, de 81 milhões de toneladas.
Se isso se confirmar, e levando em conta o cenário de forte queda nos preços do minério de ferro, pode significar redução no faturamento, no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) e no lucro líquido em relação ao terceiro trimestre de 2013. O Itaú BBA prevê um Ebitda ajustado de US$ 3,5 bilhões, queda de 39,6% em relação ao terceiro trimestre de 2013.
A corretora considera ainda a possibilidade de que a Vale tenha prejuízo de quase US$ 700 milhões no terceiro trimestre, impactada por resultados financeiros negativos dado o efeito da depreciação do real na dívida da mineradora denominada em dólares.
Mas há também estimativas de lucro para o terceiro trimestre, como a da Goldman Sachs, de US$ 242 milhões, e do GBM (Grupo Bursátil Mexicano), que prevê ganho de US$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre.
Mesmo com os atuais patamares de preço do minério de ferro ao redor de US$ 80 por tonelada para o minério com teor de ferro de 62%, analistas estimam em cerca de US$ 30 por tonelada o ganho da mineradora, uma vez que as projeções são de um custo de US$ 50 por tonelada para a produção da Vale, da mina até o principal mercado consumidor, a China.
A produção não mostrou robustez apenas no minério de ferro. Vale destacar ainda o crescimento da produção de níquel no negócio de metais básicos.
A produção do insumo atingiu 72,1 mil toneladas, com alta de 16,4% em relação ao terceiro trimestre de 2013. O cobre também apresentou recorde de produção, com 104,8 mil toneladas, 10,8% maior que no terceiro trimestre de 2013.
Há analistas que avaliam que o bom desempenho no níquel, produto que tem apresentado alta nos preços no mercado internacional, vai ajudar a Vale a compensar, em parte, a queda nas cotações do minério de ferro. Mas um analista lembrou que o níquel ainda representa uma fatia relativamente pequena do Ebitda da companhia.
O desempenho operacional da companhia entre julho e setembro agradou ao mercado e as ações ordinárias da empresa avançaram 1,83% no pregão de ontem, enquanto as PNA subiram 1,89%.
Para o analista de mineração da consultoria Tendências, Felipe Beraldi, o fato de a produção da emp resa ter sido tão expressiva, no terceiro trimestre, tem a ver com a estratégia para lidar com o atual contexto desfavorável. O especialista comentou que, em um cenário de preço baixo de produto, o que uma companhia tenta fazer é elevar produção para avançar em escala; e tentar ganhar margem por meio de maior quantidade vendida. "E o custo de produção da vale ainda é um dos mais competitivos do mercado", afirmou.
Para Beraldi, esse movimento de ampliação de oferta deve continuar. Ele explicou que a Tendências não trabalha com reversão para cima, a médio prazo, no preço de tonelada do minério. "Nosso cenário para preço de minério leva em conta fechamento de minas menos eficientes no mundo todo".
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