Os trabalhadores do Porto de São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina, paralisaram ontem as atividades em protesto pela retomada das negociações salariais do piso da categoria. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual de Santa
Valor EconômicoOs trabalhadores do Porto de São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina, paralisaram ontem as atividades em protesto pela retomada das negociações salariais do piso da categoria. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual de Santa Catarina (Sintespe), que representa os 206 funcionários estaduais do porto, aproximadamente 100 aderiram ao protesto. A administração do porto informou que apenas 10% do quadro suspendeu as atividades e que não houve prejuízo às operações.
O Sintespe havia declarado estado de greve no dia 26 de janeiro. A paralisação foi aprovada em uma assembleia realizada na quarta-feira da semana passada, em São Francisco do Sul.
A paralisação começou à zero hora de ontem e se estendeu até à zero hora de hoje. Segundo a assessoria de imprensa do porto, um plano de emergência foi colocado em prática, remanejando os trabalhadores para substituir os grevistas e mantendo a movimentação de cargas. O porto de São Francisco do Sul movimentou 7.554.114 toneladas em 2009. Cerca de 67% da carga movimentada no ano passado foi transportada à granel - principalmente soja e outros grãos.
De acordo com a diretora de comunicação do Sintespe, Célia Maria Campos, a categoria reivindica o descongelamento do piso dos trabalhadores da administração, autarquias e fundações estaduais. Hoje, os pisos variam entre R$ 760 e R$ 1,2 mil. Segundo o sindicato catarinense, não há reajuste dos valores desde 2006, e as perdas para os cerca de 13 mil trabalhadores que seriam beneficiados, caso houvesse reajuste, chegam a 50% nesse período de quatro anos.
A paralisação de ontem também serviu para questionar a lei complementar número 320, de 21 de fevereiro de 2006, que determina o valor máximo da Gratificação de Atividade Portuária a ser pago a cada servidor.
O Sintespe avaliou que o porto funcionou de maneira precária, apesar de a paralisação não ter conquistado a adesão de todos os trabalhadores. À tarde, o sindicato foi recebido pela diretoria do porto. De acordo com Célia Campos, houve comprometimento da administração em trabalhar pela melhoria das condições de trabalho, mas não houve acordo na questão salarial. A Secretaria da Fazenda de Santa Catarina, por meio da assessoria de imprensa, informou que o governo do Estado se manifestaria pela direção do porto.
Sem previsão de retomar as conversas sobre o reajuste, o Sintespe mantém o estado de greve e promete promover nova paralisação se, até 10 de março, não houver nova proposta do governo estadual. "Aguardamos um sinal da Secretaria da Fazenda. É um porto público e, como tal, deve ser preservado. Não podemos aceitar o sucateamento da infraestrutura que é construída com o dinheiro do contribuinte", declarou a diretora de comunicação do Sintespe.
O porto de São Francisco do Sul ampliou sua importância estratégica em Santa Catarina a partir da enchente de 2008, que prejudicou o porto de Itajaí. Em 2009, enquanto Itajaí movimentou 6.063.152, São Francisco do Sul importou e exportou 7.554.114 toneladas. No fim do ano passado, o Terminal Santa Catarina (Tesc) - terminal privado do porto de São Francisco do Sul - completou a obra de ampliação do berço. O investimento de R$ 150 milhões permitiu que a operação atingisse a movimentação de 300 mil TEU´s/ano.
Na parte pública do porto, a obra de dragagem do canal de aproximação de São Francisco - que vai ampliar a profundidade de 12 para 14 metros - deve começar este semestre. A obra vai dragar 4,3 milhões de metros cúbicos de sedimentos, segundo o contrato assinado pela Secretaria Especial de Portos (SEP), ao custo de R$ 104,5 milhões.
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