Especialistas do setor de energia elétrica criticaram ontem a decisão do Operador Nacional do Sistema (ONS) de manter acionadas usinas térmicas a gás este ano, diante dos elevados níveis dos reservatórios das hidrelétricas. "Nunca antes neste País os reservatórios estiveram tão altos", disse o consultor Mário Veiga, da PSR, lembrando que as hidrelétricas do Sudeste estão vertendo água.
Apesar de menor do que os R$ 2,3 bilhões pagos pelo consumidor em 2008 para a geração térmica, os cerca de R$ 800 milhões que deverão ser gastos este ano com a energia térmica a gás - segundo previsão do ONS - são desnecessários, já que o risco de faltar energia em 2010 é "praticamente zero".
Estudo preparado em conjunto pela PSR e o Instituto Acende Brasil apontou que, na prática, o consumidor brasileiro está pagando em sua conta de energia mais pelo seguro contra um apagão, do que pagaria se houvesse efetivamente o racionamento.
Mário Veiga lembrou que o próprio governo federal, por meio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), calculou que numa hipótese de racionamento o custo médio de energia se elevaria dos atuais níveis de R$ 130 por MWH para até R$ 2,5 mil por MWH. Este cálculo com bases matemáticas de projeção de queda no PIB por conta de um eventual racionamento, havia sido apresentado pelo CMSE há cerca de dois anos.
Porém, novos cálculos feitos pelos dois institutos revelam que com o novo modelo de acionamento das térmicas adotado no ano passado pelo ONS - e que permite que elas se mantenham ligadas este ano - o consumidor já estaria pagando em torno de R$ 6 mil por MWH.