Energia

Solar inicia novo ciclo no Brasil

Governo pretende organizar leilões contínuos.

Valor Econômico
27/06/2014 13:48
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O governo federal tem planos de organizar de forma contínua leilões para contratação de energia solar, caso haja oferta de empreendimentos, afirma Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME). O Brasil está bem atrás de outros países, como o Chile, na inserção da fonte solar na matriz energética, apesar de ser considerado um local privilegiado no mundo para a instalação desse tipo de usina, e tem pela frente um longo período de aprendizado.
Em suas projeções, a EPE prevê a contratação de 3.500 megawatts (MW) de capacidade instalada de projetos de energia solar entre 2014 e 2018. Esse total representa quase 10% de todas as fontes que devem ser contratadas no período. De acordo com as estimativas da EPE, as novas usinas que serão construídas no próximos quatro anos vão agregar 38.269 MW ao parque gerador brasileiro.
A maior usina foltovoltaica da América Latina, a Amanecer Solar, está sendo construída no deserto do Atacama, no Chile, com uma potência instalada de 100 MW. Outros empreendimentos solares, que totalizam 4 mil MW de capacidade de geração, já foram liberados pelo Chile, que passou a assumir um papel de liderança para essa indústria no mercado sul-americano.
"O ano de 2014 vai entrar para a história como o início da energia solar no Brasil. Vai ser um ano importante no sentido de que o país vai começar a contratar continuamente", disse Tolmasquim, em entrevista ao 'Valor'.
O governo mudou de posição e decidiu promover, no segundo semestre deste ano, o primeiro leilão com contratos específicos para energia solar. Até hoje, os projetos solares não deslancharam no país devido aos seus altos preços, que são bem mais elevados que os de outras fontes alternativas, como as eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Apesar da insistência e do apelo dos empreendedores, o governo resistia à ideia de realizar leilões específicos para fonte solar para evitar que os brasileiros tivessem de pagar, depois, um preço muito alto na conta de luz.
Segundo estimativas do setor, os consumidores, por exemplo, pagam caro atualmente, em torno de R$ 340, pelo megawatt-hora procedente dos parques eólicos que venderam contratos no âmbito do Proinfa, programa de incentivo às fontes alternativas que vigorou entre 2004 e 2009. Esse preço é 170% maior que o registrado no último leilão, quando as eólicas venderam energia por R$ 126 por MWh, e certamente garante lucros atraentes aos controladores dos empreendimentos. Alguns dos parques do Proinfa já mudaram de mãos.
Tolmasquim espera que ocorra com a energia solar um "fenômeno" parecido com o que aconteceu com a fonte eólica. Há alguns anos, não havia fabricantes de equipamentos eólicos no Brasil. Com a realização do Proinfa e de leilões exclusivos, o preço da energia eólica caiu gradativamente, viabilizando novos empreendimentos e atraindo a instalação de fabricantes do país.
O presidente da EPE acredita que a quantidade de projetos de energia solar no Brasil vai gerar escala e justificar a instalação de fábricas de componentes no país. "Temos tido muito interesse dos investidores", afirmou Tolmasquim. "Primeiro temos de criar a demanda [por equipamentos]".
Com relação ao leilão de energia de reserva, marcado para 10 de outubro, Tolmasquim não soube estimar ainda a oferta de projetos de energia solar e, consequentemente, o volume de energia que poderá ser contratado desses empreendimentos. A EPE não estipulou ainda o preço-teto que será aplicado para os contratos de energia solar, considerado um aspecto crucial para o sucesso ou não do certame.
Após ter assumido uma posição de liderança no setor eólico, a Renova avalia como "muito positiva" a movimentação do governo para viabilizar o desenvolvimento de usinas solares no Brasil. Na avaliação do presidente da companhia, Mathias Becker, a realização de leilões exclusivos da fonte será importante para organização da demanda e nacionalização de equipamentos. Ele acredita, porém, que as usinas solares só chegarão ao patamar de preço de eólicas no horizonte de dez anos.
A Renova já tem mais de uma dezena de projetos de solar desenvolvidos, todos de geração distribuída. A construção da primeira usina solar da companhia foi anunciada no fim de maio, e será híbrida, com combinação de torres eólicas e placas solares. Becker explicou que a viabilidade econômica do projeto só se deu por conter as duas fontes.
O executivo espera, entretanto, que os projetos de solar se tornem mais viáveis a partir da realização do leilão de reserva, marcado para 10 de outubro. A Renova deve cadastrar para o leilão um volume semelhante ao homologado no A-5 do ano passado, 200 MW.

O governo federal tem planos de organizar de forma contínua leilões para contratação de energia solar, caso haja oferta de empreendimentos, afirma Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME). O Brasil está bem atrás de outros países, como o Chile, na inserção da fonte solar na matriz energética, apesar de ser considerado um local privilegiado no mundo para a instalação desse tipo de usina, e tem pela frente um longo período de aprendizado.

Em suas projeções, a EPE prevê a contratação de 3.500 megawatts (MW) de capacidade instalada de projetos de energia solar entre 2014 e 2018. Esse total representa quase 10% de todas as fontes que devem ser contratadas no período. De acordo com as estimativas da EPE, as novas usinas que serão construídas no próximos quatro anos vão agregar 38.269 MW ao parque gerador brasileiro.

A maior usina foltovoltaica da América Latina, a Amanecer Solar, está sendo construída no deserto do Atacama, no Chile, com uma potência instalada de 100 MW. Outros empreendimentos solares, que totalizam 4 mil MW de capacidade de geração, já foram liberados pelo Chile, que passou a assumir um papel de liderança para essa indústria no mercado sul-americano.

"O ano de 2014 vai entrar para a história como o início da energia solar no Brasil. Vai ser um ano importante no sentido de que o país vai começar a contratar continuamente", disse Tolmasquim, em entrevista ao 'Valor'.

O governo mudou de posição e decidiu promover, no segundo semestre deste ano, o primeiro leilão com contratos específicos para energia solar. Até hoje, os projetos solares não deslancharam no país devido aos seus altos preços, que são bem mais elevados que os de outras fontes alternativas, como as eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Apesar da insistência e do apelo dos empreendedores, o governo resistia à ideia de realizar leilões específicos para fonte solar para evitar que os brasileiros tivessem de pagar, depois, um preço muito alto na conta de luz.

Segundo estimativas do setor, os consumidores, por exemplo, pagam caro atualmente, em torno de R$ 340, pelo megawatt-hora procedente dos parques eólicos que venderam contratos no âmbito do Proinfa, programa de incentivo às fontes alternativas que vigorou entre 2004 e 2009. Esse preço é 170% maior que o registrado no último leilão, quando as eólicas venderam energia por R$ 126 por MWh, e certamente garante lucros atraentes aos controladores dos empreendimentos. Alguns dos parques do Proinfa já mudaram de mãos.

Tolmasquim espera que ocorra com a energia solar um "fenômeno" parecido com o que aconteceu com a fonte eólica. Há alguns anos, não havia fabricantes de equipamentos eólicos no Brasil. Com a realização do Proinfa e de leilões exclusivos, o preço da energia eólica caiu gradativamente, viabilizando novos empreendimentos e atraindo a instalação de fabricantes do país.

O presidente da EPE acredita que a quantidade de projetos de energia solar no Brasil vai gerar escala e justificar a instalação de fábricas de componentes no país. "Temos tido muito interesse dos investidores", afirmou Tolmasquim. "Primeiro temos de criar a demanda [por equipamentos]".

Com relação ao leilão de energia de reserva, marcado para 10 de outubro, Tolmasquim não soube estimar ainda a oferta de projetos de energia solar e, consequentemente, o volume de energia que poderá ser contratado desses empreendimentos. A EPE não estipulou ainda o preço-teto que será aplicado para os contratos de energia solar, considerado um aspecto crucial para o sucesso ou não do certame.

Após ter assumido uma posição de liderança no setor eólico, a Renova avalia como "muito positiva" a movimentação do governo para viabilizar o desenvolvimento de usinas solares no Brasil. Na avaliação do presidente da companhia, Mathias Becker, a realização de leilões exclusivos da fonte será importante para organização da demanda e nacionalização de equipamentos. Ele acredita, porém, que as usinas solares só chegarão ao patamar de preço de eólicas no horizonte de dez anos.

A Renova já tem mais de uma dezena de projetos de solar desenvolvidos, todos de geração distribuída. A construção da primeira usina solar da companhia foi anunciada no fim de maio, e será híbrida, com combinação de torres eólicas e placas solares. Becker explicou que a viabilidade econômica do projeto só se deu por conter as duas fontes.

O executivo espera, entretanto, que os projetos de solar se tornem mais viáveis a partir da realização do leilão de reserva, marcado para 10 de outubro. A Renova deve cadastrar para o leilão um volume semelhante ao homologado no A-5 do ano passado, 200 MW.

 

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