Siderúrgicas precisarão se concentrar em restaurar e manter seu valor para terem bom desempenho em 2013 e posição para crescer no futuro, de acordo com o estudo anual da Ernst & Young “Global Steel: A new world, a new strategy”, que traz um balanço de 2012 e as perspectivas deste ano para as empresas do setor.
Em 2013, segundo a pesquisa, a capacidade de produção ociosa de aço global ainda se mantém como o maior desafio para o segmento, mas o ambiente operacional deve melhorar a partir de 2014. Segundo Carlos Assis, líder da área de mineração e siderurgia da Ernst & Young Terco, as siderúrgicas terão que se concentrar na redução de custos e avaliar a estrutura de capital. “O grande desafio para as empresas em 2013 será manter a competitividade com custos atrativos, ao mesmo tempo em que mantém o valor da companhia,” explica Assis.
No Brasil, a indústria de aço deverá apresentar uma recuperação em 2013, após uma série de incentivos do governo para impulsionar o setor. Entre eles, o mais recente a ser anunciado foi em outubro de 2012 para elevar a tarifa de importação, o que iria aumentar o volume vendido no mercado interno brasileiro, bem como promover a recuperação dos preços do aço local. Durante os primeiros oito meses de 2012, as importações representaram cerca de 15% do consumo total do Brasil, mas é provável que o valor caia significativamente devido ao aumento das tarifas de importação, que irão entrar em vigor em outubro deste ano.
Outras medidas, como a queda dos preços da energia, o pacote de infraestrutura e de logística anunciado pelo governo e eventos de grande porte, como a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos de 2016, irão apoiar a recuperação do setor de aço brasileiro a partir de 2013.
Excesso de capacidade é desafio
Apesar do aumento da demanda por aço, o excesso de capacidade é maior agora do que há 12 meses, devido ao crescimento contínuo de novas instalações siderúrgicas. As taxas de utilização da capacidade no setor permanecem abaixo de 80%, mas devem subir para níveis mais sustentáveis a partir de 2014.
"É improvável que a demanda global de aço aumente em 2013 o suficiente para atender a nova capacidade. Isto, combinado com a volatilidade contínua nos custos das matérias-primas vai desafiar a sustentabilidade dos produtores com altos custos”, diz Assis.
Otimização de capital
A otimização de capital ganha relevância devido à queda na demanda e ao excesso de oferta em mercados regionais. Isso levou a dificuldades de liquidez de curto prazo, que podem ameaçar as notas de crédito e as cláusulas contratuais de seus passivos.
O atual cenário econômico exige que as siderúrgicas avaliem se sua estrutura de capital é a mais adequada para o novo ambiente operacional. Faz-se necessário verificar se há alinhamento de suas carteiras de ativos com suas estratégias de negócio. O objetivo das empresas é a alocação ideal de recursos financeiros para aumentar o retorno para os acionistas e atingir a estrutura de capital mais eficiente possível. Como resultado, uma quantidade crescente de conselhos de administração já dá foco a esse tema.
Redução de custos
Com a baixa no mercado, a redução de custos é essencial para a sustentabilidade das siderúrgicas e crescimento futuro. Medidas adotadas por siderúrgicas para reduzir os custos operacionais de caixa incluem a reestruturação da força de trabalho e a otimização dos contratos de suprimentos.
Segundo Assis, a volatilidade dos preços criou um ambiente operacional hostil para as siderúrgicas, e os desafios de curto prazo da liquidez ameaçam na obtenção de crédito e de financiamento da dívida. "As siderúrgicas precisam considerar se têm a estrutura de capital para o crescimento”, conclui ele.