Refino

Sem reajuste de combustíveis, Ipiranga negocia plano emergencial com governo

Valor Econômico
01/09/2004 00:00
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A Refinaria Ipiranga espera ainda esta semana por uma medida emergencial do governo federal para estancar as perdas enfrentadas pela companhia em função da alta do petróleo. A hipótese mais provável é que a Petrobras contrate os serviços de refino da empresa, fornecendo a matéria-prima enquanto as cotações se mantiverem em patamares elevados ante os preços cobrados pela gasolina e pelo óleo diesel no mercado interno.
Segundo a superintendente da refinaria, Elizabeth Tellechea, existem "grandes chances" de esta ser a alternativa escolhida. Na sexta-feira, ela e o governador do Estado, Germano Rigotto, reuniram-se em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, e pediram uma definição para o caso. "Expliquei ao presidente que o grau de incerteza é muito grande e que os 310 funcionários da empresa estão inseguros", lembrou a superintendente.
Conforme a empresária, o presidente prometeu uma "solução de governo" até o fim desta semana. As outras propostas apresentadas por ela, de reajuste dos combustíveis ou de utilização da Contribuição sobre a Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para subsidiar a defasagem entre os preços, não foram aceitas pelo governo.
O problema da Ipiranga, de acordo com Elizabeth, é que a empresa precisa comprar petróleo pelas cotações de mercado e não pode repassar os aumentos para os derivados porque a Petrobras, que define os preços dos combustíveis, vem segurando os reajustes. A vantagem da estatal é que ela detém a própria matéria-prima e 95% do parque nacional de refino, comenta a empresária.
Segundo Elizabeth, os preços atuais dos combustíveis estão ajustados ao petróleo cotado a US$ 36 o barril, mas a matéria-prima recentemente chegou próximo dos US$ 50 e ontem fechou em US$ 39,60 (Brent) e US$ 42,15 (WTI). Com a defasagem, a refinaria já acumula uma perda de receita de R$ 52 milhões desde janeiro, informou a superintendente.
Como conseqüência, o resultado bruto da empresa (receita líquida menos o custo dos produtos vendidos) caiu de R$ 17,7 milhões positivos no primeiro semestre de 2003 para R$ 9,3 milhões negativos no mesmo período deste ano. Ao mesmo tempo, o faturamento bruto recuou 12%, para R$ 512 milhões.
No início desta semana, a ministra das Minas e Energia confirmou ao jornal gaúcho "Zero Hora", em Brasília, que a possibilidade em estudo é a contratação temporária, pela Petrobras, dos serviços da Ipiranga. A ministra foi procurada ontem para confirmar as declarações, mas ela está em viagem oficial na China. A secretária de Petróleo e Gás do ministério, Maria das Graças Foster, também está na China. A Petrobras disse que desconhecia a proposta de contratação de serviços.
Ontem, a superintendente da refinaria disse que a empresa voltaria a operar de forma independente quando o petróleo retornar à faixa dos US$ 36 ou US$ 37 o barril, ou quando o governo ajustar os preços dos combustíveis.
"Queremos manter a refinaria em operação, mas nos últimos dias estamos produzindo o mínimo indispensável para atender aos clientes", afirmou Elizabeth. Desde o início do ano, a Ipiranga reduziu o volume de refino de 15,5 mil para 8,2 mil barris por dia e alguns derivados, como óleos especiais para indústrias químicas, já começam a faltar. No ano passado, a empresa respondeu por cerca de 14,3% do mercado gaúcho de gasolina, óleo diesel, óleo combustível e gás de cozinha.

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