Energia

Seguro de Jirau é motivo de disputa

Valor Econômico
12/12/2011 15:38
Visualizações: 336
A dona da hidrelétrica Jirau, o consórcio Energia Sustentável do Brasil, e a construtura do projeto, a Camargo Correa, estão dispostos a mover um processo bilionário contra as seguradoras da obra. Segundo o Valor apurou, as seguradoras negam o pagamento de indenização por danos materiais e financeiros causados por atos de vandalismo no canteiro de obras que paralisaram a construção da usina em maio deste ano. Procurado, o consórcio Energia Sustentável não se pronunciou, alegando questões jurídicas. A Camargo Correa também não comentou.

Os danos materiais estimados pelo segurados são de aproximadamente R$ 400 milhões, segundo uma pessoa que acompanha o caso, mas o valor total da indenização pode chegar a R$ 1,6 bilhão por conta da perda de receita que o atraso da obra pode gerar. O prejuízo causado com a possível perda de faturamento, porém, ainda precisa ser calculado. Para as seguradoras, os danos materias são de cerca de R$ 100 milhões. Este é o teto de cobertura para danos materiais decorrentes de tumulto na obra.

A seguradora líder da apólice é a SulAmérica, em co-seguro com Mapfre, Allianz, Zurich, Itaú e Aliança do Brasil (BB). Do contrato de resseguro participam 20 companhias internacionais. O valor segurado é de R$ 7,3 bilhões em duas apólices que cobrem riscos de engenharia e operacionais. A obra é avaliada em R$ 8,7 bilhões. Também há cobertura para lucro cessante por interrupção do negócio e uma proteção conhecida como "atraso de partida" (delay start up, em inglês), que cobre a perda financeira gerada por qualquer problema no transporte de equipamentos até a obra. O projeto tem 46 turbinas geradoras de energia, grande parte importada da China.

Segundo a fonte, as seguradoras e resseguradoras já fizeram a análise do caso e negaram a indenização, entre outros motivos, por avaliarem que os bens da empreiteira não estavam segurados. Assistidos por técnicos, peritos e advogados, as seguradoras e os resseguradores estrangeiros passaram oito meses avaliando o sinistro e não teriam afirmado que ele estaria excluído da cobertura. As dúvidas se resumiam à quantificação dos prejuízos indenizáveis. Com o encerramento do inquérito policial, que concluiu que houve ato criminoso, as resseguradoras teriam passado a fazer pressões sobre as seguradoras brasileiras, que acabaram negando o pagamento da indenização.

Para resolver o assunto, as resseguradoras querem levar a questão para um comitê de arbitragem em Londres. Procurada, a SulAmérica não se pronunciou sobre o caso. Os segurados, porém, estariam dispostos a entrar com uma liminar para proibir a arbitragem e entrar com processo já nesta semana. Em casos em que as partes não concordam, dois caminhos são possíveis. A Justiça ou a arbitragem. No primeiro caso, o resultado pode demorar anos para sair, pois há a possibilidade de se recorrer em várias instâncias. "Além disso, o caso é julgado por pessoas que não têm conhecimento técnico sobre o mercado de seguros, o que dificulta em casos complexos como este", diz um executivo com larga experiência em regulação de sinistros. "Por isso as seguradoras preferem a arbitragem".

Para que a arbitragem ocorra, porém, ela deve estar prevista em cláusula da apólice que estabeleça as condições da arbitragem: local (no país ou em Londres, berço do mercado segurador mundial), idioma e a lei a ser aplicada (a brasileiro ou inglesa). O processo se inicia com a escolha de comum acordo de uma câmara arbitral. Cada uma das partes escolhe um árbitro e os dois escolhem um terceiro, que vai presidir a arbitragem.

A decisão da arbitragem é final e não cabe recurso, nem apelar para a Justiça. Já no caso inverso, a ação pode começar na Justiça mas ser interrompida para ir para uma arbitragem. Em muitos casos, os segurados iniciam a ação na Justiça, para que não prescreva o prazo, o que ocorre em um ano, e depois decidem pela arbitragem.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
Mão de obra
Programa de Desligamento Voluntário é lançado pela Petrobras
03/11/25
Etanol
Preços do anidro e do hidratado registram alta
03/11/25
Evento
PPSA reúne CEOs para debater o futuro da indústria de ól...
03/11/25
Evento
Porto do Açu e Porto de Antuérpia-Bruges assinam carta d...
03/11/25
Transição Energética
Fórum Econômico França-Brasil discute transição energéti...
03/11/25
Energia Elétrica
MP do setor elétrico: Órigo Energia ressalta importância...
03/11/25
Posicionamento IBP
PLV 10/2025 prejudica o ambiente de negócios e coloca em...
03/11/25
OTC Brasil 2025
SLB destaca protagonismo e compromisso com a inovação, s...
31/10/25
OTC Brasil 2025
MEQ Energy Hub: Impulsionando o Desenvolvimento Empresar...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Foresea é vencedora do 8º Prêmio Melhores Fornecedores P...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 reúne mais de 23 mil pessoas no Rio de J...
31/10/25
Premiação
Empresa baiana atendida pelo Sebrae vence Prêmio Melhore...
31/10/25
Energia Solar
Axial Brasil inicia montagem de trackers solares em usin...
31/10/25
Bacia de Santos
bp avança nos planos para a significativa descoberta de ...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Seagems conquista pela quarta vez o Prêmio Melhores Forn...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil conecta potencial da Margem Equatorial a inve...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Nova versão do Painel Dinâmico de Emissões de Gases de E...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Porto do Açu e IKM avançam em parceria para criação do p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Ambipar participa da OTC Brazil 2025 com foco em soluçõe...
30/10/25
Fenasan 2025
Merax marcou presença na Fenasan 2025 com equipamentos p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Inteligência Artificial, CCUS e descomissionamento sinal...
30/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.