O Irã já está sentindo os efeitos práticos das sanções internacionais impostas tanto pela ONU quanto pelos EUA unilateralmente. A produção de petróleo e gás está abaixo de sua capacidade por causa do temor das grandes petroleiras em operar no país e a importação de gasolina está prejudicada. Analistas dizem que pode haver escassez de combustível no país no médio prazo.
Grandes transportadoras marítimas estão se recusando a transportar gasolina para o país, temerosas de se tornarem alvo de retaliações em seus negócios nos EUA. Com isso, o Irã aumenta a dependência em relação a navios com sua bandeira para a importação de combustível. Apesar de ter a terceira maior reserva de petróleo do mundo e a segunda maior reserva de gás, o país não tem capacidade de refino suficiente para suprir seu mercado doméstico, tornando-se dependente das importações.
Além disso, dezenas de navios de bandeira iraniana não têm conseguido renovar seus seguros.
A Lloyd ' s anunciou no início do mês que suspenderia os seguros para a importação de gasolina pelo Irã. Analistas dizem que outras grandes empresas do setor devem seguir o exemplo da britânica.
"Os navios com bandeira iraniana estão tendo problemas em todo o mundo por não terem seguro, por causa das sanções. Basicamente o que pode acontecer é a maior parte dos portos impeça a entrada deles se não estiverem cobertos contra danos", disse Mohammad Rounaghi, diretor da Sea Pars, empresa iraniana que presta serviços para donos de frotas de navios e para companhias de seguro marítimo.
A esperança para o Irã pode ser aumentar a relação comercial com a Rússia e a Índia, dois países que disseram que vão manter uma relação legal com o país - o que significa que poderiam vender produtos básicos e até mesmo combustíveis, se dentro de uma quantidade liberada pela ONU.
No mês passado, a francesa Total se juntou a uma crescente lista de empresas que interromperam a venda de gasolina ao Irã. A espanhola Repsol disse ter se retirado de um contrato para desenvolver parte da extensa reserva de gás South Pars, no Golfo Pérsico.
Mesmo a produção de petróleo e gás do país já vem se ressentindo das sanções. Grandes companhias, como a noruguesa Statoil, a austríaca OMV, a japonesa Inpex e a russa Lukoil, já se recusaram a assinar grandes contratos com o governo iraniano.
Outras petroleiras, como a malasiana SKS e as chinesas Sinopec e CNPC, entraram no mercado iraniano, mas o setor de energia do país está operando bem abaixo de seu potencial, segundo analistas.