Empresa já comercializou 80.700 toneladas de polietileno com a sua marca e confirma o início das operações da planta de Duque de Caxias para o final de junho.
O diretor-superintendente da Rio Polímeros (Riopol), João Armando Sartori Brandão, disse nesta segunda-feira (9/5) que já foram investidos US$ 926 milhões dos US$ 1,080 bilhão previstos para a construção do Pólo Gás-Químico do Rio de Janeiro. Durante a visita da governadora Rosinha Garotinho às obras do pólo operado pela Riopol, Brandão confirmou o início das operações da planta para o final do mês que vem.
A Riopol será a primeira empresa do país a fabricar polietilenos (matéria-prima para a fabricação produção de artefatos e embalagens de plástico) a partir do gás natural, extraído da Bacia de Campos. Os pólos da Bahia, do Rio Grande do Sul e de São Paulo usam como base a nafta, que é importada. A fábrica ocupa uma área de 400 mil metros quadrados construída em um terreno de 800 mil metros quadrados, espaço suficiente para futuras expansões.
A planta será integrada, ou seja, produzirá o seu principal insumo, o eteno (num total de 520 mil toneladas anuais), que será 100% absorvido na produção de polietilenos (540 mil toneladas), e de propeno (75 mil toneladas). "Teremos como principais diferenciais do nosso produto o fato de a matéria-prima ser nacional, a confiabilidade do fornecedor (Petrobras), a disponibilidade da matéria-prima, a integração da planta e a localização", disse Brandão durante apresentação do empreendimento à governadora.
Antes mesmo de começar a produzir polietileno no Pólo Gás-Químico, a Riopol já comercializou mais de 80.700 toneladas do produto com a sua marca desde março de 2003. Até agora, o Estado do Rio de Janeiro é responsável pela compra de 10% a 15% dessa produção, enquanto São Paulo absorve de 45% a 50%. A expectativa da empresa é que essa proporção não mude pelo menos no primeiro ano de atividade. Oito empresas de transformação estão se instalando na Baixada e, de acordo com informações do governo, outras 40 estão em negociação. O objetivo da Riopol é destinar 70% da produção para o mercado interno e 30% para as exportações.
As vendas antecipadas fazem parte da campanha de pré-marketing, que por enquanto é feita com polietilenos fabricados em uma planta da Braskem, em Camaçari (BA), que opera com a mesma tecnologia que será usada pela unidade de Duque de Caxias. Estão sendo produzidas 4 mil toneladas mensais do produto para a Riopol.
Segundo Gilda Bouch, gerente de marketing da empresa, essa comercialização representa o investimento na estrutura de vendas e tem o objetivo de introduzir a marca no mercado. A aposta será menos no preço e mais nos serviços adicionais prestados com o fornecimento do polietileno, tais como assistência técnica, pontualidade na entrega e contratos de longo prazo. "Não acreditamos que o início das operações da Riopol representará uma mudança drástica nos preços do polietileno no mercado, que deverão continuar próximos dos patamares atuais de US$ 1.400 a tonelada devido ao aquecimento do setor. Por isso, os serviços adicionais é que vão fazer a diferença dos nossos produtos", disse a gerente da empresa.
Os prazos mais longos dos contratos representarão uma mudança de hábitos para as empresas de terceira geração, que transformam a resina em produtos como sacolas de supermercados, adesivos e filmes, entre outros. Afinal, muitas dessas indústrias são de pequeno e médio porte e a maioria costuma fechar contratos de curto prazo. A meta da Riopol é estender esse prazo de um a cinco anos. "Na medida em que essas indústrias constatarem o ganho ao comprar um produto de boa qualidade, passarão a adquirir uma visão de longo prazo", avaliou Gilda Bouch.
O controle acionário da Riopol é dividido entre quatro grupos: Suzano Petroquímica (33,3%), Unipar (33,3%), BNDESPar (16,7%) e Petroquisa (16,7%). O presidente da Unipar, Roberto Dias Garcia, afirmou que o início da operação da planta de Duque de Caixas representará um passo fundamental no sentido da fusão entre o Pólo Petroquímico de São Paulo e o Pólo Gás-Químico do Rio de Janeiro, onde algumas empresas têm participações em comum. "Em petroquímica é preciso ter escala para competir. As empresas estão decidindo suas prioridades de investimento e é possível que até o final do ano se tenha um desenho dessa operação", estimou Garcia.
Durante sua apresentação, o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado do Rio, Wagner Victer, enumerou os investimentos em implantação e futuros apoiados pelo Governo do Estado na região de influência da Baixada Fluminense que totalizam R$ 9 bilhões. Entre os projetos mencionados pelo secretário estão o arco rodoviário (antiga RJ 109), interligando a Baixada Fluminense do Porto de Sepetiba e a BR 101 Norte, com investimento de R$ 700 milhões, e a Termelétrica Termorio, cuja inauguração está prevista para daqui a 90 dias, somando investimentos de US$ 600 milhões.
Dos projetos petroquímicos na Baixada, o anel viário de Campos Elísios, orçado em R$ 80 milhões foi o mais destacado. Do investimento total, R$ 20 milhões serão desembolsados pelo Estado, R$ 20 milhões pela Prefeitura e R$ 40 milhões pelas empresas privadas. "Devemos estar assinando o acordo com os parceiros no próximo dia 25", disse a governadora Rosinha Garotinho.
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