A mineradora Rio Tinto elevou seu plano de investimentos para este ano em 25%, de US$ 4 bilhões para US$ 5 bilhões, depois que uma emissão de ações com direito preferencial de subscrição e vendas de ativos ajudaram o grupo a reduzir sua dívida. O foco serão projetos de minério de ferro e carvão. A empresa havia reduzido seu plano de investimento para 2009 de US$ 9 bilhões para US$ 4 bilhões em dezembro do ano passado, uma decisão que fez parte de um pacote de medidas para reparar seu balanço patrimonial.
"No topo da lista estará o minério de ferro, segmento em que uma expansão de 20 milhões de toneladas das minas pode ser atingida com aporte relativamente pequeno", disseram analistas da Liberum Capital em nota para clientes. O executivo-chefe da Rio Tinto, Tom Albanese, disse que a capacidade atual da infraestrutura de portos e ferrovias das operações de minério de ferro no oeste da Austrália é de 220 milhões de toneladas, enquanto que a capacidade de extração mineral é de 200 milhões de toneladas.
"Portanto, faz sentido colocar a capacidade de extração em linha com a da infraestrutura", afirmou. O executivo também destacou os projetos de carvão de coque de Kestrel e de carvão térmico de Clermont para aumento de aporte. A Rio Tinto informou ainda que prevê produzir 3,8 milhões de toneladas de alumínio este ano, 6% menos do que no ano passado, e sinalizou para mais fechamentos de sua capacidade de produção no futuro. A taxa anual de operação das fundidoras de alumínio da companhia deverá ser 12% menor ao final de 2009.
Albanese disse que a divisão de alumínio da companhia foi prejudicada pelas condições difíceis de negócios e pelo declínio acentuado dos preços. Depois, o executivo afirmou que vê sinais de melhoria nesse mercado, mas segue preocupado com os níveis elevados dos estoques na London Metal Exchange. Durante o primeiro semestre deste ano, a divisão de alumínio da Rio Tinto gerou um prejuízo de US$ 689 milhões. A produção de bauxita caiu 17% e a de alumina, 4% no período.
A Rio Tinto, que divulgou balanço nesta quinta-feira, não pagou dividendo semestral, interrompendo sua política de dividendos progressivos, mas disse que deverá pagar uma quantia ao final de 2009 e que o dividendo total em 2010 será pelo menos equivalente ao total de US$ 1,75 bilhão distribuído em 2008. Seu chairman, Jan Du Plessis, disse que o grupo prevê um "período de estabilidade", depois de dois anos difíceis, em que fez grandes aquisições, defendeu-se de uma oferta hostil e enfrentou o colapso dos mercados financeiro e de commodities.
"Nós realmente queremos um período de mais tranquilidade", disse du Plessis. A Rio Tinto comprou a canadense Alcan em outubro de 2007, o que fez sua dívida crescer em US$ 40 bilhões e estimulou uma emissão de ações com direito preferencial de subscrição no início deste ano. A mineradora também anunciou uma parceria com a BHP Billiton, que lhe havia feito uma oferta hostil de compra em 2008. Sobre a prolongada negociação de preços de minério com as siderúrgicas chinesas, Tom Albanese disse que ainda espera fechar um acordo este ano, mas afirmou que o grupo está pronto para seguir no mercado à vista ou em contratos temporários caso o impasse não se resolva.