Jornal do Commercio
A Refinaria Abreu e Lima vai iniciar a construção da sua primeira grande obra, a casa de força, na sexta-feira, ainda sem a participação da PDVSA. A estatal venezuelana ainda não concordou com os termos do contrato de compra e venda de petróleo e também não aportou os 40% que a Petrobras gastou no projeto. Somente a casa de força, que será construída pela Alusa, custará R$ 966 milhões, com geração de até 2.800 empregos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Venezuela Hugo Chávez se encontraram na sexta-feira, mas nada ficou definido sobre o projeto. “Os documentos estão prontos, falta um entendimento entre as empresas. Vamos marcar uma reunião entre Petrobras e PDVSA na segunda semana de fevereiro”, afirmou o presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, que na sexta-feira também estava na Venezuela. Em comunicado sobre o encontro, a PDVSA listou seis acordos de cooperação com o Brasil que foram tratados no Estado de Zulia (Venezuela), mas não cita nada da refinaria.
O atual impasse está na compra e venda de petróleo. Metade do petróleo que será refinado em Suape teria como origem a Venezuela, e a outra metade a Bacia de Campos, no Rio. A Petrobras quer definir o preço com base em referências internacionais, que significa fixar um preço com desconto como ocorre em mercados competitivos, pois o petróleo venezuelano e o brasileiro da Bacia de Campos são mais pesados, de refino mais difícil.
“Desde dezembro o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, mandou uma carta a Rafael Ramirez (presidente da PDVSA) dizendo que não concordava com a intenção de fixar um preço de referência venezuelano para o petróleo que for consumido pela refinaria. Não concluindo isso, é difícil avançar sobre o acordo de acionista, pois dessa decisão dependerá a rentabilidade do negócio”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho.
A PDVSA contratou a KPMG para certificar os investimentos feitos pela Petrobras. Com base no relatório, que já está pronto, ela deveria fazer o aporte de 40%. Na imprensa internacional, já circulam informações de que a queda do petróleo afetou a PDVSA, que já acumularia dívidas com fornecedores. Enquanto não define isso, o projeto vai sendo tocado. A Alusa já escolheu um canteiro de obras no Cabo de Santo Agostinho e outro em Ipojuca. “Vamos ter um canteiro fora da obra para a montagem de equipamentos. Além da termelétrica, vamos construir a subestação principal da refinaria e 16 estações blindadas”, explicou Cesar Luis de Godoy Pereira, diretor da Alusa.
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