Petróleo

Queda já ameaça produção e pode se aprofundar

Valor Econômico
05/12/2008 03:44
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O mercado de petróleo, já em queda livre, está enfrentando uma combinação de pressões que pode empurrar o preço por barril ainda mais para baixo nos próximos meses.

 


O preço do barril caiu US$ 3,12, ou 6,7%, ontem, fechando em US$ 43,67 na Bolsa Mercantil de Nova York. Muita gente do setor petrolífero, inclusive traders, agora esperam que os preços caiam ainda mais, para a casa dos US$ 30, antes que os cortes na produção os puxem para cima outra vez, em algum ponto do ano que vem. Isso devido a uma combinação de fatores de grande combustão. Uma delas é que o mercado está numa rara situação em que os estoques estão em alta, a qualidade do petróleo que as refinarias podem usar no ano que vem está mudando e a demanda tem deteriorado severamente.

 

A queda do petróleo é um ganho de curto prazo para os consumidores e para as empresas. Mas o declínio sustentado também tem conseqüências dolorosas. Economias impulsionadas pelo setor de energia - em áreas tão diversas quanto Texas, Colorado, Alasca, Venezuela, Irã e Rússia - podem enfrentar grandes quebras, com perda de empregos não só para engenheiros e petroleiros nas zonas de perfuração, como também para os contadores, hotéis e restaurantes que prestam serviços a eles.
O declínio da cotação também diminui a vontade política de impulsionar custosos projetos de energia renovável e reduz a urgência para priorizar debates sobre políticas energéticas em tópicos que vão do aumento da eficiência dos automóveis à exploração de petróleo em alto-mar. O problema é que, quando a cotação volta a subir, as comunidades estão menos preparadas para lidar com as conseqüências.

 

O óleo cru atingiu o recorde de US$ 147 há cerca de três meses, e sua rápida queda já está afetando os participantes do setor. Eles estão com menos capital para gastar em projetos, já que seu faturamento caiu, e têm menos incentivo para investir, porque as margens de lucro emagreceram. Há dois dias, a Schlumberger Ltd, a maior empresa mundial de prestação de serviços na exploração de petróleo, anunciou que o lucro de 2008 vai ficar abaixo da estimativa dos analistas diante da desaceleração da produção de petróleo e gás no mundo todo.

 

A empresa de pesquisa Sanford C. Bernstein & Co. considera que, na média, o ponto de equilíbrio do custo do setor de petróleo se situa na faixa entre US$ 35 e US$ 40 o barril, embora o número varie de acordo com o projeto e o produtor e os analistas tenham diferentes estimativas. Para os pequenos produtores norte-americanos, por exemplo, Bernstein situa o ponto de equilíbrio entre US$ 40 e US$ 45. Se a cotação cair abaixo de US$ 38, 800.000 barris podem deixar de ser produzidos no Canadá por dia, e outros 750.000 barris mais se o preço chegar a menos de US$ 30, segundo a Merrill Lynch.

 

O fechamento de ontem ficou bem abaixo da faixa entre US$ 70 e US$ 75, com a qual os produtores poderiam ganhar este ano o esperado retorno de cerca de 9% em novos projetos de perfuração.

 

Há pouco tempo, os traders ficaram mais pessimistas quando à possibilidade de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo conseguir organizar os países-membros para cortar a produção e conter a queda de preço. Estoques têm crescido dos EUA até Cingapura, e muitos dizem que os cortes na produção podem levar meses para ser postos em prática, aumentando a abundância. Mesmo na China, um dos poucos mercados em crescimento no mundo, o aumento dos estoques está se tornando um problema.

 

Um colapso maior no preço pode ser evitado, claro, com inesperadas rupturas no suprimento de petróleo. A Opep pode conseguir, nas próximas semanas, a adesão de novos membros e, como isso, reforçar os planos de corte na produção, especialmente diante do fato de que os preços mais baixos dão uma mordida nos cofres dos governos dos países produtores. O rei Abdullah, da Arábia Saudita, país que é o maior exportador mundial de petróleo, recentemente disse que US$ 75 é um “preço razoável”.

 

Mas imprevisibilidade é a única certeza nos mercados de petróleo atualmente.

 

Um dos mais surpreendentes impulsionadores das mudanças de curto prazo na cotação do petróleo é uma condição do mercado de futuros chamada “contango”. Em poucas palavras, quer dizer que o petróleo é muito mais barato para entrega imediata do que para entrega nos próximos meses ou anos. O preço para entrega em janeiro está cerca de US$ 14 mais baixo do que o para daqui a um ano, US$ 23 mais baixo do que para daqui a dois anos e US$ 39 menor que as encomendas para 2016.

 

O mais comum é o contrário, em que o mercado à vista é mais caro. O contango incentiva a estocagem de petróleo - e quando os estoques aumentam o preço à vista cai porque seus donos precisam se desfazer da commodity.

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