Engenharia

Promon quer ampliar o foco em óleo e gás

Valor Econômico
18/02/2011 10:56
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Uma das mais tradicionais empresas de engenharia do país, com meio século de atividades, a Promon volta a centrar o foco na indústria de óleo e gás, setor que está em ebulição no país e que marca suas origens. A empresa foi estruturada em 1960 para disputar uma concorrência da Petrobras para fazer a expansão da refinaria de petróleo de Cubatão, na Baixada Santista. O plano atual é ganhar mais presença nas obras previstas tanto em terra - caso de refinarias - como no mar, em atividades ligadas à exploração e extração de petróleo e gás.
 

"Temos um histórico em obras em petróleo e petroquímica e a Petrobras é uma das nossas principais clientes", diz Luiz Fernando Telles Rudge, presidente da companhia desde abril. No setor, apenas da Petrobras são esperados investimentos superiores da US$ 200 bilhões no país nos próximos anos, sem contar projetos de outras companhias locais e estrangeiras.
 

Hoje, a Promon está mais presente no onshore, com contratos no modelo EPC. Há, por exemplo, obras em cinco refinarias da estatal. "Agora, voltamos o foco também para a expansão importante que ocorre no offshore (em alto mar)", informa Rudge. Para isso, busca novos contratos tanto na construção de plataformas como na infraestrutura de apoio das atividades de exploração. Para reforçar seu know-how, uma parceria foi realizada com a compra de 7% do capital da americana DeepFlex, detentora de tecnologia em dutos de perfuração flexíveis para águas profundas.
 

O mercado de óleo e gás é o carro-chefe da divisão de Engenharia, é responsável por três quartos da receita total da companhia, que fechou em R$ 1,3 bilhão em no ano passado. Esse valor consolida a Trópico, da área de telecomunicações (60% do capital), mas não inclui a PromonLogicales, também de telefonia. Nessa empresa, com faturamento na casa de R$ 400 milhões, tem 30%.
 
 
A Promon Engenharia, cerne da estrutura da Promon S.A, tem forte presença ainda setores que vão desde mineração, com destaque para minério de ferro, e fertilizantes até geração de energia (principalmente renováveis, como biomassa da cana), passando por siderurgia. "Contamos com uma carteira de contratos bastante dinâmica", afirma o executivo, informando que a empresa começou o ano com R$ 1,5 bilhão de pedidos.
 

Com esse portfólio, a empresa está presentes de Carajás, no sul do Pará - onde participa dos projetos de expansão de minério de ferro da Vale - até Moçambique. No país africano realiza os estudos de engenharia para a instalação de uma térmica a carvão da Vale, ao lado da mina de Moatize.
 

A receita da Promon Engenharia cresceu bem além de ritmo chinês nos últimos anos, passando ao largo pela crise de 2008/2009. Saiu de R$ 388 milhões em 2008 para R$ 680 milhões no ano seguinte e fechou 2010 em números redondos com R$ 1 bilhão. Sobre o desempenho de 2009 significou um crescimento de 50%. O executivo informa que a expectativa para os negócios totais da empresa, neste ano, é de um aumento de 15% na receita total. No orçamento foram cravados 13%.
 

Com a vivência de três décadas dentro da companhia, Rudge assegura que a Promon sempre se renova e se antecipa aos ciclos de investimentos. "A década de 80 foi trágica para a atividade de engenharia. Foi quando começamos a nos posicionar na telefonia, setor que chegou a representar 90% da nossa receita no ciclo pré-privatização, que ocorreu por volta de 1997/98". Esse ciclo terminou e a empresa teve de reconfigurar-se outra vez. Na telefonia, em infraestrutura de banda larga e formação da parceria, na América latina, com a Logicales, ficando à frente de toda a gestão. Na engenharia, ganhou força o setor elétrico, principalmente o programa de termoelétricas, que não se frutificou. Nesse caminho, ganhou expertise em energias renováveis. Essa fase vai até 2006. Uma nova onda no Brasil e no mundo surgia com força na mineração e em outros setores, além de infraestrutura, com pesados investimentos planejados pelo governo brasileiro com participação da iniciativa privada.
 

Foi nesse momento que a empresa, com seu expertise em engenharia, retomou a experiência que teve em alguns momentos para fazer investimentos diretos em certos setores, sozinha ou em parcerias. "A Promon sempre foi uma companhia com cultura associativa", observa o executivo.
 

Um dos pilares da área de novos negócios da Promon S.A. foi a criação da Genes, que reúne um portfólio em geração de energia com potencial de investimentos de R$ 1 bilhão em até cinco anos. Os projetos da Genes passam por biomassa, co-geração, pequenas centrais hidrelétricas (PCH), eólicas e hidrelétricas de porte médio - tem uma em andamento de 100 MW.
 
 
Com o Pátria Investimentos, criou a P2 Brasil em 2008. Trata-se de um fundo de private equity que está voltado para captar recursos destinados a projetos de logística e transporte, terminais portuários, óleo e gás, saneamento (água, esgoto e lixo), entre outros segmentos. "Investidores, principalmente estrangeiros, querem aplicar recursos em negócios na área de infraestrutura", afirma Rudge. Ele justifica a união, na qual tem 40% do capital: "O Pátria é um dos mais tradicionais gestores de ativos alternativos, com experiência financeira e de gestão, e a Promon tem conhecimento técnico e também de gestão".
 

A P2 Brasil, segundo o executivo, já captou US$ 900 milhões com fundos soberanos e de pensão do exterior. A meta é US$ 1 bilhão. Com esse montante, afirmou, é possível alavancar investimentos de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões no país em projetos nessa área. Em logística, já adquiriu a NovaAgre, ligada a grãos e outras commodities agrícolas, e em transporte a Hidrovias do Brasil.
 
 
Enquanto isso, a Promon planeja seu futuro. Boa parte do ano passado foi dedicada por um grupo interno de 100 pessoas, dividido em nove grupos, a montar as diretrizes do que foi chamado de Promon 2020. O objetivo foi formatar uma visão de longo prazo para a empresa De todo o processo, que incluiu palestras e seminários com 11 especialistas internacionais, brotaram informações para o plano estratégico de médio prazo (três anos) até novas tecnologias que dominarão no futuro. Por exemplo, energia solar. Um blog foi criado para compartilhar todo o conhecimento obtido com todos da empresa.
 

"O DNA da Promon é técnico, é a engenharia; por isso, a estratégia futura deve ser centrada no domínio de competências técnicas e de gerenciamento", afirma Rudge. Em 2020, diz, enxerga a empresa numa posição de liderança em "soluções ambiental e socialmente sustentáveis. Será a nossa orientação para os novos negócios".
 
 
O executivo apenas não enxerga pela frente a Promon S.A. com ações negociações em bolsa de valores. "Pelo modelo que tem hoje [uma companhia controlada pelos próprios funcionários], não vejo transformações radicais. Pelo menos nos planos da holding isso não está cogitado". Não significa, entretanto, que a porta esteja fechada para abrir capital nas divisões de negócios.
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