<P>Os financiamentos à construção de navios mercantes, petroleiros, embarcações de apoio às plataformas e estaleiros continuarão a crescer em 2009 e 2010 depois de um bom ano em 2008. A expansão será garantida, mesmo em um cenário de crise econômica mundial, pelo estoque de projetos em ca...
Valor EconômicoOs financiamentos à construção de navios mercantes, petroleiros, embarcações de apoio às plataformas e estaleiros continuarão a crescer em 2009 e 2010 depois de um bom ano em 2008. A expansão será garantida, mesmo em um cenário de crise econômica mundial, pelo estoque de projetos em carteira já aprovados e pela previsão de novos empréstimos no BNDES.
O banco, o maior agente financeiro dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), principal fonte de crédito para o setor, contabiliza 27 projetos na área de construção naval com pedidos de financiamentos de US$ 4,7 bilhões. Esses projetos encontram-se no departamento de prioridades, a porta de entrada do banco. Dali eles precisarão passar por um ritual de tramitação que inclui o enquadramento, a análise, a aprovação e a contratação da operação. As liberações de recursos começam depois da assinatura do contrato entre a empresa e o banco.
Em 2008, o BNDES liberou US$ 544 milhões para atividades no setor naval. O montante é quase dez vezes maior do que os US$ 60 milhões liberados em 2000. Existe a perspectiva de que este ano e no próximo as liberações de recursos do fundo (FMM) tenham grande crescimento em função do estoque de aprovações e dos projetos em perspectiva no banco, diz Antonio Carlos Tovar, gerente do departamento de transportes e logística do BNDES.
No ano passado, foram aprovadas operações de US$ 604 milhões para a indústria naval, excetuando as plataformas de petróleo e gás que não são financiadas com recursos do FMM. O BNDES apóia a construção de plataformas da Petrobras que tenham conteúdo nacional por meio do BNDES-Exim, a área de financiamento às exportações.
Em 2007, as aprovações do BNDES para a construção de navios e estaleiros foram recordes e atingiram US$ 4,2 bilhões, resultado das operações para a construção das embarcações encomendadas pela Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras. Esses recursos serão liberados de forma gradual nos próximos anos, à medida em que os projetos de construção forem sendo executados.
Agora, o BNDES está na expectativa do desenrolar da segunda fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef II), cujas propostas foram recebidas pela Transpetro em dezembro. O programa prevê a construção de mais 15 navios para os quais quatro estaleiros apresentaram propostas. Ainda é cedo para avaliar, porém, o volume de recursos que essas novas encomendas irão demandar do BNDES e de outros agentes do FMM, como Banco do Brasil e Banco do Nordeste, considerando, inclusive, as oscilações de preços de matérias-primas (caso de aço), devido à crise econômica mundial.
No momento, a prioridade dessa área no BNDES é avançar nas negociações para fechar os contratos de financiamento de cinco navios aframax que serão construídos pelo estaleiro Atlântico Sul (PE). Esses navios, correspondentes ao Promef I, foram contratados inicialmente com o consórcio Rio Naval, do Rio, que desistiu do projeto em função de problemas contratuais com os donos da área onde seria feita a construção das embarcações, o antigo estaleiro Ishibrás, no Rio.
Os cinco aframax exigirão investimentos de US$ 517 milhões, dos quais o BNDES se propõe a financiar 46% (US$ 237 milhões) diretamente ao estaleiro. Do investimento, o banco financia ainda 36% ao armador, no caso a Transpetro. Para fechar a conta, a Transpetro entra com 10% dos recursos e o estaleiro com os 8% restantes. Essa estrutura financeira foi utilizada em todos os contratos do Promef I, que prevê a construção de 26 navios. A idéia é replicar o mesmo modelo financeiro no Promef II.
Dos navios licitados na primeira fase do programa, 23 tiveram contratos assinados. Mas com a desistência do Rio Naval foi preciso realocar os nove navios que haviam sido ganhos pelo consórcio. Cinco aframax foram para o Atlântico Sul e quatro panamax deverão ser feitos no Estaleiro Ilha, no Rio.
Ainda falta equacionar o financiamento para três navios gaseiros ganhos no Promef I pelo estaleiro Itajaí (SC), e cujos contratos não foram assinados devido a dívidas que a Metalnave, antiga controladora do Itajaí, tinha com o BNDES. O grupo espanhol El Cano assumiu o estaleiro e parte da dívida com o banco. Outra parcela da dívida com o banco referia-se à frota de rebocadores da empresa, assumida pela Tug Brasil, associação da chilena CSAV com o Grupo Libra.
Tovar, do BNDES, acredita que as perspectivas para a construção naval no país são favoráveis, uma vez que o surgimento de novos estaleiros, com sócios capitalizados, tende a levar à modernização de outras empresas do setor. Esse movimento pode levar, inclusive, à entrada de novos sócios em estaleiros existentes.
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