Os produtores rurais e empresas do agronegócio que se interessarem pelos projetos do Programa de Geração Distribuída de energia a partir do biogás já têm a garantia de que a energia excedente que produzirem será comprada por uma concessionária. Isso se tornou viável a partir da assinatura
Gazeta MercantilOs produtores rurais e empresas do agronegócio que se interessarem pelos projetos do Programa de Geração Distribuída de energia a partir do biogás já têm a garantia de que a energia excedente que produzirem será comprada por uma concessionária. Isso se tornou viável a partir da assinatura ontem, em Curitiba, de um acordo de parceria entre a Itaipu Binacional, Copel, Sanepar, Eletrobrás, Eletrosul, Ocepar, Cooperativa Lar, Cepel, Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), Fundação Parque Tecnológico Itaipu e Instituto Ambiental do Paraná.
Para o agrônomo Cícero Bley Jr, assessor da Itaipu Binacional, "dentro de alguns anos o Programa de Geração Distribuída poderá representar 2% de todo o consumo brasileiro, ou o equivalente à produção de uma usina hidrelétrica de médio porte, com a produção de energia a partir do biogás". Segundo ele, o programa terá escala porque um produtor de suínos com mil animais já produz cinco vezes a energia que consome e a Copel, por exemplo, garante que pode adquirir de um produtor ou empresa como um frigorífico qualquer quantidade de energia acima de 5 MW. "No Brasil há 40 mil granjas de suínos e aves que podem participar do projeto", diz.
Outro ponto desenvolvido dentro do âmbito do projeto é a entrada de empresas de saneamento no programa já que são grandes produtoras de metano. "Estas empresas consomem 2% da energia gerada no Brasil só para recalcar água e esgoto e, no mínimo, poderiam ser autosuficientes", explica.
O próximo passo dos integrantes do programa Programa de Geração Distribuída de energia é aproximar a indústria fornecedora de equipamentos para participar dos projetos "e ver o que ela tem a oferecer, porque será criado um grande e lucrativo mercado", diz Cícero Bley Jr. "Até março próximo iremos criar condições para que o Cepel, o Lactec e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu tenham condições de avaliar projetos para serem implantados".
O programa nasceu há pouco mais de seis meses, no Oeste do Paraná, mas com a adesão de parceiras nacionais, principalmente Eletrobrás e Eletrosul, ganha dimensão nacional e busca dar valor econômico à energia gerada pelas próprias fontes consumidoras. No caso, utilizando-se do biogás gerado no tratamento dos esgotos de frigoríficos, granjas de aves, suínos e vacas leiteiras e também dos esgotos urbanos tratados pela Sanepar que possui 500 estações de tratamento no Paraná.
Segundo Bley Jr. a geração distribuída "não tem sido bem aceita pelo sistema elétrico nacional, porque apresenta riscos se não for executada segundo critérios rigorosos de segurança e sincronismo com as redes distribuidoras, o que é possível com um planejamento espacial eficiente. Por isso, a importância da participação da Eletrobrás e da Eletrosul, para a normatização deste tipo de geração, o envolvimento das cooperativas agroindustriais para validar as experiências e os laboratórios de pesquisa do setor elétrico para desenvolvê-la".
Para o assessor da Itaipu, a geração distribuída funcionará como um Protocolo de Kyoto nacional, possível de ser reproduzido por todo o Brasil. "Só o setor elétrico, disponibilizando o conhecimento e as ferramentas tecnológicas que tem, poderia propor uma empreitada desta ao setor do agronegócio e do saneamento", ressalta.
Fonte: Gazeta Mercantil
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