Vantagem

Produção de etanol a partir da mandioca pode ser mais barata do que com a cana

Apesar de ainda estar em fase experimental no Brasil, a obtenção de etanol a partir da mandioca é uma realidade cada vez mais próxima. O alto valor energético dessa raiz originária da Amazônia será, em breve, aproveitado também para a produção de biocombustíveis.

Agência Brasil
02/03/2009 12:15
Visualizações: 1731 (0) (0) (0) (0)

Apesar de ainda estar em fase experimental no Brasil, a obtenção de etanol a partir da mandioca é uma realidade cada vez mais próxima. O alto valor energético dessa raiz originária da Amazônia será, em breve, aproveitado também para a produção de biocombustíveis.

 

 

“Todos os tipos de mandioca podem ser usados para a produção de biocombustível, mas aqueles que possuem maior concentração de amido, como a mandioca industrial, são as mais indicadas”, explica o diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat), Cláudio Cabello.

 

 

Desde 2003, Claúdio Cabello desenvolve linhas de pesquisas sobre a produção de etanol a partir de amidos. “Inhame e batata doce têm boas possibilidades, mas não se comparam ao que é possível se fazer a partir da mandioca. Ela possui diferenciais extremamente positivos, como a possibilidade de cultivo em diferentes regiões do país”, disse.

 

 

Segundo ele, a raiz têm inúmeras facilidades para ser transformada em etanol. “Não há, na mandioca, nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica e, dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana", explica. "Mas, isso dependerá de estímulos que resultem em aumento da produtividade”, completa.

 

 

Claúdio Cabello explica que a produção de mandioca tem um custo de R$ 100 por hectare. “Cada hectare produz entre 28 e 30 toneladas, e o mercado paga R$ 140 pela tonelada. Isso faz com que a margem de lucro desse tipo de produto seja excelente, dando inclusive maior liberdade para a definição da época da colheita”, argumenta.

 

 

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti Fadel, o tempo de cultivo da mandioca varia entre nove e 30 meses.

 

 

“Quanto mais tempo na terra, maior é a lucratividade. O Brasil é o único país do mundo a colher no 24º mês. Com 12 meses, a produtividade é, em média, de 25 toneladas por hectare. Se o prazo for ampliado para entre 18 e 24 meses, essa produtividade sobe para 40 toneladas. E o custo não aumenta tanto, porque não há necessidade de replante ou de preparar a terra novamente”, explica Fadel.

 

 

Segundo ele, o país precisa, ainda, melhorar a produtividade por hectare para tornar mais atraente o uso da planta na produção de biocombustível, e o investimento mais viável economicamente. Com a tecnologia atual, cada tonelada de mandioca pode produzir 200 litros de álcool. Ou seja, a cada 5 quilos da raiz se produz um litro de combustível.

 

 

Outro ponto positivo para a produção de biocombustível por meio da mandioca é que a história da raiz se confunde com a própria história da população da Amazônia. "Isso ajuda a fazer com que a rejeição do seu uso para a obtenção de etanol seja muito menor entre os ambientalistas. A possibilidade de plantá-la juntamente a outras culturas também facilita essa aceitação”, explica o técnico agro-florestal da Secretaria de Desenvolvimento Agro-Florestal do Acre, Diones Assis Salla.

 

 


Norte e Nordeste serão os mais beneficiados

 

 

As Regiões Norte e Nordeste reúnem condições para ser as mais beneficiadas pelo uso da mandioca na produção de biocombustíveis. Dificuldades como a de transportar o produto por longas distâncias e a possibilidade de o etanol ser produzido em mini, pequenas e médias usinas podem contribuir para o desenvolvimento econômico e social dessas localidades.

 

 

Segundo o diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat), Cláudio Cabello, a extração de etanol a partir da mandioca poder ser feita em usinas de pequeno porte, para uso local, o ideal para as comunidades mais afastadas é a adoção de pequenas unidades-piloto.

 

 

“A divulgação desse tipo de tecnologia faz parte das iniciativas do Cerat. Para tanto estamos instalando no câmpus de Lageado, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatú, uma unidade que produzirá 5,3 metros cúbicos de etanol por dia”, informa Cláudio Cabello.

 

 

A obtenção de biocombustível a partir da mandioca pode ser feita também pelas usinas de cana-de-açúcar, devido às similaridades entre os processos de fermentação e de destilação dos dois produtos. A informação é do vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), Antônio Donizetti Fadel.

 

 

“O processo de fermentação e destilação da mandioca é igual ao da cana. A diferença está na etapa de moagem e no processo de sacarificação, que transforma o amido em açúcar”, explica Fadel.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Combustíveis
Etanol e gasolina estão quedas nos preços em abril, apon...
01/05/25
Startups
Concluída a avaliação das startups inscritas na primeira...
01/05/25
Rio de Janeiro
Porto do Rio de Janeiro atrai novo investimento privado ...
01/05/25
OTC HOUSTON 2025
Profissionais do Grupo MODEC serão homenageados na OTC 2025
30/04/25
Pessoas
Paulo Cesar Montagner toma posse como 14º reitor da Unicamp
30/04/25
Etanol
Cana-de-açúcar tem produção estimada em 663,4 milhões de...
30/04/25
Captura de CO2
Impact Hub e Tencent lançam programa que disponibiliza a...
30/04/25
Resultado
Com recordes no pré-sal, Petrobras cresce 5,4% de produç...
30/04/25
Internacional
Petrobras apresenta oportunidades de investimento no set...
29/04/25
Royalties
Valores referentes à produção de fevereiro para contrato...
29/04/25
Biometano
TBG desenvolve projeto de Hub de Biometano para incremen...
29/04/25
Gás Natural
Comgás abre chamada pública para aquisição de gás natural
29/04/25
Pessoas
BRAVA Energia anuncia Carlos Travassos como novo Diretor...
28/04/25
OTC HOUSTON 2025
Indústria brasileira vai à OTC 2025 buscando ampliar sua...
28/04/25
Energia Elétrica
Mês de maio tem bandeira amarela acionada
28/04/25
Energia Elétrica
Prime Energy expande atuação em Minas Gerais
28/04/25
Resultado
PPSA encerra 2024 com lucro de R$ 28,8 milhões
28/04/25
Seminário
Estaleiro Mauá realiza Seminário Soluções e Inovações de...
28/04/25
Etanol
Hidratado e anidro fecham a semana em baixa
28/04/25
Etanol
MG deverá colher 77,2 milhões de toneladas de cana na sa...
28/04/25
Bunker
Petrobras e Vale celebram parceria para teste com bunker...
25/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22