Operação Lava-Jato

Preso ex-gerente que substituiu Barusco na Petrobras, faz buscas em corretora

Reuters, 28/03/2017
28/03/2017 17:25
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A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o ex-gerente da área de Engenharia e Serviços da Petrobras Roberto Gonçalves em uma nova etapa da operação Lava-Jato, por suspeita de recebimento de pelo menos 5 milhões de dólares de propina em contratos da estatal em contas no exterior.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Gonçalves substituiu Pedro Barusco na gerência de Engenharia e Serviços da Petrobras em 2011 e passou a receber as propinas no lugar do antecessor, que é um dos delatores da operação.

Gonçalves já havia sido preso temporariamente em outra fase da Lava Jato, em novembro de 2015, segundo planilha da Justiça Federal sobre pedidos de prisão da força tarefa. Na ocasião, negou ter contas não declaradas no exterior.

Segundo documentos judiciais, ele deixou o cargo em maio de 2012 para trabalhar na SeteBrasil Participações, afretadora de sondas para exploração de petróleo, e atualmente está aposentado, segundo procuradores.

"Depois de diversas medidas investigativas... e sobretudo a partir de provas transferidas por meio de colaboração internacional às autoridades brasileiras por autoridades suíças, foi possível fazer o pedido e foi possível o Juízo da 13ª Vara Federal decretar a medida de prisão preventiva do ex-gerente-executivo da Petrobras Roberto Gonçalves", disse o procurador da República Júlio Noronha em entrevista coletiva em Curitiba.

Parte das propinas foram depositadas entre 2013 e 2014, depois da saída de Gonçalves da estatal, o que mostra, segundo Noronha, que “a sucessão de cargos (da Petrobras) não era uma simples sucessão no cargo, era uma sucessão também no poder que o cargo dava e na arrecadação de propinas que esse cargo proporcionava.”

“Hoje vemos uma verdadeira herança à propina”, acrescentou o procurador Roberson Henrique Pozzobon durante a coletiva.

Em apenas uma das cinco contas usadas por Gonçalves na Suíça para receber valores ilegais, foram identificados depósitos de 3 milhões de dólares que teriam sido pagos pelo departamento de propina da Odebrecht, segundo os investigadores. Também teria recebido pagamentos de Mario Goes, intermediário de propinas da Petrobras que fez acordo de delação.

No total, o ex-gerente teria recebido mais de 5 milhões de dólares em propina, valendo-se de empresas offshore na Suíça. Ele é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro, segundo procuradores.

Após a deflagração da Operação Lava-Jato em 2014, ele teria tentado “dissipar” esses valores, movimentando-os para contas em outros países, como China e Bahamas. “A sofisticação para ocultar a origem do dinheiro chama bastante atenção, assim como a intenção de dissipar esses valores”, disse Noronha.

Entre os contratos suspeitos de irregularidades está a contratação de um consórcio formado pela Odebrecht e a UTC Engenharia, ao lado de outras empresas, para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Além da prisão do ex-gerente da estatal, que foi detido em Roraima, a 39ª fase da Lava-Jato também cumpriu mandados de busca e apreensão na corretora Advalor, no Rio de Janeiro, suspeita de auxiliar na lavagem de dinheiro e também no pagamento de propinas.

Um de seus sócios teria atuado como “intermediador” do pagamento de propinas, segundo o delegado da Polícia Federal, Dante Pegoraro Lemos.

A Reuters tentou, sem sucesso, fazer contato com a corretora.

A etapa da Lava-Jato deflagrada nesta terça-feira recebeu o nome operação Paralelo, utilizado "em alusão à atuação clandestina à margem dos órgãos de controles oficiais do mercado financeiro por parte dos investigados", de acordo com a PF.

Foram cumpridos no total seis mandados judiciais, sendo cinco de busca e apreensão.

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