Opep
Gazeta Mercantil
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está diminuindo suas expectativas para conformar-se com uma meta de US$ 60 para cada barril de petróleo em 2009, até que o mundo supere a pior crise econômica em quase 80 anos. Os preços da commodity, que dispararam até US$ 147 em julho de 2008, recuaram mais de dois terços desde então e situam-se atualmente perto dos US$ 50.
No entanto, a Opep acredita que as cotações devem subir cerca de 15% até o fim deste ano, quando a economia mundial começar a se recuperar e a demanda aumentar um pouco.
“Deveremos ver (o barril de petróleo) alcançar aproximadamente US$ 60 no fim do ano”, estimou ontem o ministro de Energia da Argélia, Chakib Jelil, na véspera de um encontro do cartel em Viena que reunirá os ministros dos 12 países membros. “Estamos prevendo que as coisas devem melhorar e isto ajudará o preço do petróleo. A partir do terceiro trimestre (de 2009), haverá uma maior demanda”, disse Jelil, que espera que a reunião de cúpula do G-20 no dia 2 de abril em Londres contribua para estimular a economia mundial, que encontra-se deteriorada. “Todos afirmam (que desejam um barril a) entre US$ 75 e US$ 80, mas ninguém diz quando. Depende de tantas coisas”, afirmou Jelil.
O poderoso ministro saudita de Petróleo, Alí al Naimi, estimou na última segunda-feira que o preço “ideal” do barril seria entre “US$ 60 e US$ 70″, abaixo das expectativas projetadas pelo rei saudita Abdalá, que em junho apontou que o preço é de US$ 75. “Diria que o preço ideal do barril que permitiria aos produtores marginais injetar mais recursos no mercado situa-se entre US$ 60 e US$ 75″, afirmou Naimi a jornalistas em Genebra.
A Opep decidiu no domingo em Viena manter a sua produção oficial sem alterações para não prejudicar ainda mais a fragilizada economia mundial, que foi responsável pela queda na demanda de petróleo. “Dada a atual conjuntura econômica, a Opep está satisfeita com um progressivo fortalecimento dos preços e não adotará medidas significativas para promover uma dispara dos preços do barril até US$ 75″, defendeu Christophe Barret, do banco Calyon. “Entretanto, não foi abandonada uma meta de preços mais elevada”, acrescentou.
Jelil defendeu um barril de petróleo entre US$ 70 e US$ 80 a mais longo prazo para poder investir na exploração e exportação em zonas complicadas (e caras) e encorajar o investimento em energias sustentáveis. “A menos que atinja US$ 70 ou US$ 80, países como o Brasil, que têm que investir centenas de milhões de dólares em águas profundas, não desenvolverão seus recursos; o Canadá não desenvolverá áreas betuminosas a um preço inferior”, afirmou Jelil.
Para David Kirsch, analista da consultora norte-americana PFC Energy, a Opep deseja preços mais altos a médio prazo, “mas é preciso ter paciência até que as condições econômicas sejam mais propícias para a tomada de medidas mais ativas” a fim de impulsionar as cotações.
Fale Conosco