Comercialização

Preço e consumo de gás natural batem recorde em 2008

De acordo com os dados estatísticos da ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, o volume de gás natural comercializado no acumulado do ano de 2008 atingiu a média diária de consumo de 49,5 milhões de metros cúbicos de gás, crescimento de 20,25% em rela

Gás Brasil
29/01/2009 13:17
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De acordo com os dados estatísticos da ABEGÁS - Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, o volume de gás natural comercializado no acumulado do ano de 2008 atingiu a média diária de consumo de 49,5 milhões de metros cúbicos de gás, crescimento de 20,25% em relação à média do ano de 2007.

 

O ano de 2008 foi marcante para o gás natural: sua participação na matriz energética brasileira aumentou de 3,7% em 1998 para 9,3% no ano passado. A indústria do gás tornou-se uma das oportunidades de negócio mais atraentes no país em razão da aprovação da Lei do Gás, uma legislação específica para o setor, e só não apresentou crescimento mais expressivo devido à política de preços praticada.
 

De 2007 a 2008, o preço do gás natural saltou em média 40%, de acordo com dados do MME – Ministério de Minas e Energia. O menor aumento aconteceu no Sudeste: de US$ 6,7214/MMBtu para US$ 7,9115/MMBtu, o que representa 17,71% de reajuste. O maior aumento aconteceu na região Sul, onde o preço saltou de US$ 5,9445/MMBtu para US$ 9,0517/MMBtu.
 

Esta escalada dos preços de custo do Gás Natural, uma constante no decorrer do ano de 2008, confrontou-se com a falta de política adotada pelo Governo Federal e tornou-se um problema em nível nacional, acarretando perda de competitividade frente aos outros energéticos. Ao mesmo tempo em que o gás natural tentava retomar espaço após um período de incertezas e em meio aos reajustes constantes do preço, o GLP ganhou espaço graças à legislação alinhada às práticas internacionais e ao Código de Defesa do Consumidor, liberdade de preços e elevado grau de competição. Assim e subsidiado pelo governo federal, o GLP mostrou-se mais competitivo que o gás natural no uso em residências e no comércio.


Já no segmento industrial, o gás natural está sendo substituído pelo óleo combustível. E no automotivo, quando comparado ao álcool, gasolina e diesel, embora ainda seja competitivo do ponto de vista energético, vem perdendo gradativamente espaço devido ao preço na bomba, o que acarreta um efeito psicológico negativo no consumidor, que passa a optar por outros combustíveis. Com isso, o número de conversões caiu significativamente.
 

Com a concorrência abrindo caminho e a perda da competitividade devido às constantes altas no preço, o mercado do gás natural viveu um momento histórico no decorrer de 2008: chegada do gás natural liquefeito ao Brasil, as descobertas do Pré-Sal e a aprovação da Lei do Gás no Senado e na Câmara, seguindo para Sanção Presidencial. O dia 11 de dezembro será sempre lembrado na Indús­tria do Gás Natural como o dia da aprovação do novo marco regulatório, cujo foco é adequar a capacidade de transporte à capacidade de produção e à demanda. O grande objetivo da Lei do Gás é dispor, de forma mais abrangente, sobre a indústria do gás natural, cujas especificidades não foram plenamente contempladas na Lei 9.478/97, a Lei do Petróleo. O principal avanço é a instituição do regime de concessão para a construção e operação de gasodutos de transporte, através do qual se pretende expandir e democratizar a malha de gasoduto nacional.
 

Quanto às vendas de gás natural, elas sofreram interferências externas ao longo do ano. A principal delas foi a crise econômica, que somada ao desabastecimento de gás natural no Estado do Mato Grosso pela YPFB e ao rompimento do Gasoduto Brasil-Bolívia em Santa Catarina que bloqueou o envio de gás para dois Estados da Região Sul do país, propiciou quedas ao longo do ano. O mercado desestimulado fez com que o consumo caísse, refletindo a constante falta de planejamento no fornecimento. Os preços do gás natural também influenciaram, já que a queda das cotações dos preços do petróleo no mercado internacional ainda não foi positivamente refletida na conta do consumidor. Em São Paulo, no sul do país e em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o principal impacto é sentido em função do dólar já que o gás vem da Bolívia.


No entanto, apesar destes desestímulos, o volume de gás natural comercializado no Brasil continuou subindo em relação aos anos anteriores. No primeiro semestre, o consumo do gás natural manteve a média de 50,6 milhões de metros cúbicos diários. Já no segundo semestre do ano a média diária de consumo foi 49,1. Neste período é que houve o recorde na comercialização: 51,7 milhões de metros cúbicos por dia foram comercializados em outubro.
 

Em 2008, como nos anos anteriores, o principal consumidor do gás natural continuou sendo o setor industrial, com 25,8 milhões m³/dia e ligeiro crescimento de 1,86% com relação ao período anterior. No início do ano, o segmento industrial era destaque, mas no final os volumes diminuíram em cerca de 20%. Outro segmento a apresentar retração foi o automotivo, cuja média diária ficou em 6,6 milhões de metros cúbicos, 5,49% menor do que em 2007. 


Em contrapartida, um maior acionamento das térmicas aumentou o consumo do setor em 145,66%. As termelétricas consumiram a média de 13,3 milhões m³/dia de gás natural em 2008 frente aos 5, 4 milhões m²/dia em 2007.
 

O segmento de co-geração surpreendeu com um aumento de 18,26%, seguido pelo residencial com 9,29% e comercial com 4,38%. Respectivamente, os segmentos residencial, comercial e de co-geração consumiram 723 mil m³/dia, 609 mil m³/dia e 2,2 milhões m³/dia.
 

A região Sudeste continua a concentrar o maior número de concessionárias de distribuição de gás natural em uma única área de concessão - são três distribuidoras só no Estado de São Paulo -, e conseqüentemente tem a rede de distribuição mais extensa com 12.825 quilômetros. Esta região consome 80% do volume nacional de gás natural comercializado, seguida pelas regiões Nordeste com 11,8% e Sul com 7,6%. As regiões Centro-Oeste e Norte correspondem juntas a menos de 1% da média nacional.


O ano de 2008 foi caracterizado pelo investimento das companhias em infra-estrutura de distribuição. O número de extensão de redes ultrapassou os 16 mil quilômetros e o número de clientes, espalhados em todo o Brasil e distribuídos em todos os segmentos de consumo, já soma mais de 1,4 milhão. O crescimento acumulado do número de consumidores de 2007 para 2008 foi de 5,65%, enquanto que o de rede foi 5,80%.


Enfim, foi um ano peculiar para o mercado de gás natural: apresentou ligeiro crescimento, entretanto a falta de política do Gás Natural e de política energética, fez com que o insumo perdesse competitividade em todos os segmentos. Apesar das incertezas geradas pelos aumentos no preço, e conseqüente perda de competitividade, somado à crise financeira, 2008 foi um ano com boas notícias para o mercado e uma média de 49,5 milhões de metros cúbicos no consumo diário.


E o foco do mercado para 2009 é redobrar o esforço para ampliar os debates no Ministério de Minas e Energia para que a política de preço de custo dos energéticos seja tratada como política de governo. O objetivo é alcançar uma política de preços que permita a livre concorrência e que o gás natural volte a ser tão competitivo quanto antes.

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