Valor Econômico
O debate sobre o preço do gás em Santa Catarina esquentou e ontem envolveu a presença do governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) como intermediador da discussão entre industriais, especialmente do setor cerâmico, e de diretores da distribuidora do combustível, a SCGás. Os industriais alegam pressão nos custos e perda de competitividade e relutam contra qualquer novo aumento. De outro lado, a SCGás, controlada pelo Estado, fala de alta no preço do petróleo e da necessidade de manter os investimentos.
Na reunião de ontem, ficou definido que gás em SC terá novo aumento dia 1º de agosto, de 8%. Será o terceiro aumento do ano: em fevereiro subiu 6% e outros 2% em maio. O metro cúbico em SC está hoje em R$ 0,9968.
"Reiteramos nessa reunião a nossa posição de nenhum aumento. Mas ficou acordado os 8%. As indústrias não terão como repassar esse valor aos preços", lamentou Glauco Côrte, primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
O apelo do setor produtivo diretamente ao governador veio depois de uma reunião na Fiesc, na sexta-feira, em que os ânimos dos empresários estavam exaltados e acusaram a SCGás de uma empresa não-confiável, de ser uma companhia de usura e não voltada ao desenvolvimento do Estado, e de não cumprir os investimentos previstos no orçamento. Na ocasião, os empresários chegaram a falar que a SCGás cogitava aumento de 22%.
A guerra travada entre setor produtivo e distribuidora vinha sendo ensaiada há alguns meses. Os aumentos da SCGás chegaram a levar por algumas vezes o presidente da empresa, Ivan Ranzolin, a se explicar na Fiesc junto aos empresários.
Otmar Müller, presidente do Sinceram-SC, alegou que as empresas vêm de prejuízos acumulados nos últimos anos por conta da questão cambial - que segue desfavorável - e que o aumento de preços pressiona os custos em momento de forte competição no mercado interno. Há três anos, ele alega, o gás representava 15% do custo total e hoje chega a 23%.
O diretor administrativo-financeiro, Carlos Leme, disse ontem que os 22% seriam necessários para manter o orçamento, mas diz que entendia como "razoável um reajuste de 13% a 15%". Segundo ele, a SCGás vai absorver parte do aumento que seria necessário, ficando em 8%, em favor das empresas. "Estamos em Santa Catarina em uma relação de parceria com o mercado", defendeu, em tom apaziguador.
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