The Wall Street Journal

Petróleo sobe, mas não há sinais de reaquecimento da demandaBen Casselman

Valor Econômico
01/06/2009 07:44
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O petróleo está em alta novamente, tendo atingido a marca de US$ 65 na semana passada, quando os investidores apostaram que a melhora na economia logo provocará a recuperação no consumo do combustível. Mas, até agora, isso está mais para esperança que para realidade.

 

Embora a alta sugira que os investidores pensam o oposto, as previsões de demanda dos especialistas são, em geral, de declínio, e os tanques dos reservatórios estão lotados de petróleo. Alguns especialistas do setor temem que o otimismo dos investi-dores seja destrutivo, puxando os preços para um patamar tão alto que pode sufocar qualquer recuperação nascente da demanda - e, provavelmente, dar uma freada na recuperação econômica.

 

A cotação do petróleo, que estava abaixo de US$ 45 o barril no fim de fevereiro, já subiu mais de 45% nos três últimos meses. A alta reflete um ampla gama de fatores: a fraqueza do dólar, o medo da inflação e o crescente apetite por risco dos investidores. Mas o motor dessa escalada parece estar nos primeiros sinais de recuperação econômica. Confiantes de que a recuperação produzirá demanda mais forte por petróleo, os investidores estão correndo para chegar em primeiro lugar em uma nova alta dos preços.

 

Houve alguns sinais recentes de demanda mais firme. O consumo de gasolina nos Estados Unidos aumentou por duas semanas consecutivas, de acordo com o Departamento de Energia. A demanda por petróleo na China cresceu 3,9% em abril, ante igual mês do ano passado, de acordo com a agência de notícias Reuters. O ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, disse na semana passada que uma recuperação econômica está "em curso" e previu que o preço do barril pode chegar a US$ 75 no fim do ano.

 

Mas outros indicadores sugerem que a recuperação ainda está distante. Os americanos consumiram menos gasolina nas quatro últimas semanas do que no mesmo período do ano passado, apesar de o preço na bomba de gasolina estar, em média, R$ 0,40 mais barato por litro. A Agência Internacional de Energia (AIE) informou, na semana passada, que a demanda global está no nível mais baixo em 20 anos e previu que o consumo cairá 3% este ano.

 

"Se olharmos ao redor do mundo, não creio que vejamos evidência de uma recuperação na demanda", disse Rachel Ziemba, analista de energia da RGE Monitor. Ela acha que o aumento da demanda na China tem muito mais a ver com a formação de estoques por parte do governo do país do que com o aumento do consumo.

 

Mesmo quando a demanda de fato se recuperar, grandes estoques de petróleo devem amenizar o receio de uma contração repentina na oferta. Os estoques de petróleo dos EUA estão 16,5% mais altos que há um ano, apesar de as importações terem caído 6,6%, numa média de quatro semanas. Em todos os países desenvolvidos, havia petróleo em estoque suficiente no fim de março para abastecer 62,4 dias de demanda, 14,7% mais do que um ano atrás, de acordo com a AIE.

 

Os investidores parecem ignorar todos os dados que apontam para o declínio na oferta e na demanda e, em vez disso, concentram-se nos "brotos verdes" (os sinais iniciais de recuperação da economia americana), como a melhora na confiança do consumidor, a redução no ritmo das demissões e a aceleração dos pedidos de bens duráveis.

 

A opinião de muitos analistas é de que o preço do petróleo subirá quando uma economia saudável levar a uma robusta demanda global, que superará a oferta. As petrolíferas têm alertado que um período prolongado de cotações baixas durante a recessão pode deprimir a produção por muitos anos, plantando as sementes de um novo salto no preço quando a demanda se recuperar.

 

Mas agora que o preço se recuperou com relativa rapidez - o petróleo esteve a US$ 65 pela última vez em novembro, após sofrer um brusco tombo do recorde de US$ 145,29 a que chegou em julho - os produtores estão sendo cautelosos. Rex Tillerson, diretor-presidente da Exxon Mobil, alertou na semana passada que ninguém sabe ainda se os "brotos verdes" em que os investidores estão apostando criarão raízes. "Acho que ainda é muito cedo para se tirar conclusões sobre esta economia", disse ele.

 

Até agora, a alta na gasolina não teve muito efeito sobre os hábitos de uso de automóvel dos americanos. O preço da gasolina no varejo subiu 18,9% em maio, para uma média de US$ 0,64 por litro, e, apesar disso, o AAA, sociedade americana semelhante ao Touring Club, previu um aumento de 1,5% no consumo de gasolina no feriado do Memorial Day, há uma semana, ante um ano atrás.

 

Isso pode mudar se a gasolina subir mais, especialmente agora que o desemprego e o aperto no crédito já estão afetando a confiança do consumidor. "Quando o preço começa a se mover na direção de US$ 3 [por galão, ou US$ 0,79 por litro] ou mais, isso começa a ter efeito psicológico e efeito real", afirmou Joseph Stanislaw, consultor de energia da consultoria Deloitte.

 

Se a alta do petróleo inibir a demanda ou se a economia encolher de novo, os investidores deixarão de investir em petróleo com a mesma rapidez com que colocaram dinheiro no negócio, disse Adam Sieminski, economista-chefe para energia do Deutsche Bank. Isso poderia empurrar a cotação para baixo e reiniciar o ciclo. De fato, como a inconstância no sentimento do investidor está tendo mais influência do que as mudanças mais lentas nos fundamentos, é provável que o mercado de petróleo tenha um longo e volátil verão no Hemisfério Norte.

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