Valor Econômico
Enquanto grandes executivos da indústria de petróleo divergem sobre os motivos que elevaram o atual preço do petróleo, que voltou a bater a marca de US$ 143 o barril, a Petrobras aguarda aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para seu plano de avaliação do campo de Carioca, encontrado no bloco BM-S-9, uma das maiores descobertas de petróleo dos últimos tempos. Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, só depois da aprovação da ANP a empresa vai divulgar qualquer projeção de reservas para a área, uma das mais promissoras do pré-sal e onde também foi encontrado o prospecto de Guará.
Segundo Estrella, se for perfurado mais um poço e se confirmar o sucesso exploratório, a Petrobras poderá pensar em um Teste de Longa Duração (TLD) na área. A ANP já aprovou os programas de avaliação de Tupi e Parati, mas novas sondas para a perfuração de águas ultraprofundas só chegarão ao Brasil em 2009.
O BM-S-9 fica em cima de um reservatório gigante apelidado de Pão de Açúcar. Estrella diz que ainda não é possível dizer que os blocos da área - que está ao lado de outros três blocos - terão de ser unitizados (programa de produção individual negociado). Isso só será possível dentro de um ano e meio a dois, quando as empresas sócias da área vão saber se as acumulações extrapolam os limites dos blocos, inclusive em direção de áreas da União. "Há indícios de que existe essa possibilidade e negociar isso será um grande desafio, porque são várias companhias trabalhando ali com percentuais de participação diferentes. Mas nossa avaliação é que a lei atual permite gerenciar isso", disse Estrella.
Ontem, durante abertura do 19º Congresso Mundial de Petróleo, que teve a presença do rei Juan Carlos, os presidentes da Repsol YPF, Antonio Brufau, BP, Tony Hayward, e da Shell, Jeroen Van der Veerr, atribuíram a escassez de petróleo no mundo a problemas como o aumento do consumo e dos custos de exploração, combinados com aumento dos riscos políticos.
É uma análise diferente da que foi apresentada pelo ministro da Indústria, Turismo e Comércio da Espanha, Miguel Sebastián, que vê uma forte bolha especulativa causada em parte pelo modelo de funcionamento dos mercados, marcado pela entrada de grandes investidores institucionais e fundos de investimentos. Ele defendeu um aumento da regulamentação e uma profunda reforma dos mercados com o objetivo de desincentivar e restringir a especulação financeira.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a criação de uma nova estatal para gerir a extração de petróleo do pré-sal é uma proposição. "É algo aberto à discussão", diz. O ministro encara com naturalidade as declarações do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. "Gabrielli é um gestor de uma empresa privada, que está defendendo os interesses da companhia. Eu preciso olhar os interesses do povo brasileiro. Mas não haverá quebra de contratos pré-existentes", garantiu o ministro. Ele reafirmou que defende uma atualização da Lei do Petróleo e disse que o ministério já formatou uma comissão para estudar o assunto.
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