<P>Há cinco anos, o governo do Estado inaugurava o que seria um dos portos mais modernos do País e a principal esperança de crescimento da economia cearense. O Porto do Pecém, depois de atrasos nas obras, críticas de ambientalistas e até denúncias de superfaturamento contra o governo Tasso Je...
O Povo - CEHá cinco anos, o governo do Estado inaugurava o que seria um dos portos mais modernos do País e a principal esperança de crescimento da economia cearense. O Porto do Pecém, depois de atrasos nas obras, críticas de ambientalistas e até denúncias de superfaturamento contra o governo Tasso Jereissati por parte de deputados estaduais, teve a placa descerrada em 28 de março de 2002, depois de receber um investimento próximo de R$ 250 milhões.
Na época, Porto e complexo industrial prometiam receber pólos petroquímicos e metal-mecânico. A estrutura foi pensada e executada para atrair um megainvestimento industrial como uma refinaria de petróleo e uma usina siderúrgica, que por sua vez iriam atrair diversas outras empresas. Hoje, próximo de festejar seu quinto aniversário, o Complexo Portuário do Pecém já perdeu a disputa pela refinaria e ainda depende de um entendimento entre investidores, governo e Petrobras para ver executar a siderúrgica Ceara Steel. O impasse diz respeito ao preço do metro cúbico do gás. Os investidores querem pagar R$ 2,90 baseados em um acordo firmado anteriormente e a estatal quer cobrar R$ 5,80.
De efetivos, o constante crescimento das exportações pelo porto e diversos elogios à estrutura do terminal. Há um aumento de cargas a cada ano. As novas linhas que estão sendo criadas ajudam nossas exportações. Agora temos rota até para Cabo Verde. Começou devagar, mas agora já estamos mandando ferro, cerâmica, madeira e outros produtos. Os acessos também são bons, afirma Álvaro de Castro Correia Neto, presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial (Aedi).
Mas no que diz respeito à atração de empresas, ainda não decolou. Até o momento, o complexo portuário abriga apenas quatro empresas - sendo duas termelétricas, uma fábrica de pré-moldados e concreto e outra de equipamentos para produção de energia eólica. Uma quinta empresa, de fabricação de suplemento alimentar animal, está em fase de instalação. Só sinto muito que a área da siderúrgica, que iria trazer empresas e aí, sim, explodir o movimento, ainda não chegou, completa Correia Neto.
Pelo planejamento inicial, feito há mais de 10 anos, uma usina siderúrgica iria entrar em funcionamento no segundo ano de atividade do porto. Ou seja, o Ceará já deveria contar com a usina siderúrgica e em pólo metal-mecânico no Pecém. A primeira era da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) que era pra entrar em operação dois anos depois do porto. A CSN não deu certo porque houve crise na Rússia com evasão de divisas e houve supervalorização do dólar que passou de R$ 3,20. Isso tudo inviabilizou o projeto. Então saiu a CSN e ficou a Vale (do Rio Doce), que era parceira e continuou. A gente teve de ir atrás de outros investidores, afirma o ex-governador Maia Júnior, que já ocupou as secretarias de Infra-Estrutura (Seinfra) e de Planejamento (Seplan) do Estado do Ceará (Seinfra).
Maia Júnior, que foi um dos responsáveis pelo projeto do complexo portuário e pela atração dos investidores internacionais, reconhece que se alguma siderúrgica já estivesse em funcionamento no complexo portuário, o pólo metal-mecânico seria uma realidade. Mas ele não considera que o complexo portuário está com capacidade ociosa. Acho que está sendo muito bem aproveitado. Se for pelo lado quantitativo, se olhar o quanto o Ceará exportava pelo único porto que tinha, o Pecém praticamente dobrou a movimentação do estado. Mostrou que o Estado tinha uma certa necessidade de um empreendimento dessa natureza. Movimentava 70 mil contêineres por ano e hoje já está em cerca de dois milhões. E a sua movimentação de carga geral já é 70% maior do que a (movimentação) anterior à existência do Pecém, diz.
O ex-governador afirma, ainda, que o importante foi construir a infra-estrutura e que ele acredita na solução do impasse entre Petrobras, investidores e Governo. Sem ela (infra-estrutura) não iria atrair nada. Eu continuo dizendo que o Ceará vai reverter essa situação. Não é possível que a classe política do Ceará não consiga fazer pressão e resolver esse problema, trazer esse investimento tão importante para um estado pobre como o nosso. Acho que irá sair. A segunda siderúrgica tinha previsão para 2009, se estivessem em andamento as obras iniciadas no ano passado. Mas elas estão paralisadas, afirma.
Fonte: O Povo - CE
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