Valor Econômico
O governo ainda não chegou a um consenso sobre a melhor forma de proteger os interesses da Petrobras no desenvolvimento dos novos campos de petróleo encontrados na camada pré-sal, indicou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
“A Petrobras terá uma posição defendida, mas não concluímos nossos estudos”, disse Lobão em Washington, em rápida entrevista a jornalistas depois de almoço na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, principal associação empresarial do país.
Lobão confirmou que uma das sugestões em debate no governo prevê a contratação obrigatória da Petrobras como operadora de todos os blocos do pré-sal que forem abertos à exploração no futuro, mas disse que a proposta é uma “ideia ainda não totalmente consagrada”.
Empresas estrangeiras interessadas em participar da exploração do pré-sal têm manifestado apreensão diante das evidências de que o governo pretende assegurar privilégios à Petrobras no modelo que será adotado para desenvolver os novos campos de petróleo, mas ontem elas preferiram se manter em silêncio.
Antes do almoço, Lobão se encontrou com um pequeno grupo de executivos, que incluiu um diretor da Chevron, uma das maiores petroleiras dos EUA. De acordo com um dos participantes do encontro, ninguém fez perguntas ao ministro sobre o pré-sal, nem Lobão tomou a iniciativa de falar sobre o assunto.
As companhias estrangeiras temem que o novo modelo em discussão no governo seja muito restritivo, forçando-as a se associar à Petrobras ou a entregar ao governo uma fatia muito grande da sua produção se quiserem participar da exploração da área. Mas as dificuldades que elas têm para encontrar novas reservas de petróleo mantêm aceso seu interesse pelo pré-sal.
“Os investidores estrangeiros poderão participar de todos os leilões e terão oportunidades em áreas onde não há praticamente risco”, disse Lobão. “Em razão da grande concentração de petróleo no pré-sal, eles terão oportunidades que nunca tiveram.”
Embora ninguém duvide da existência de depósitos gigantescos na camada pré-sal, ainda existe muita incerteza sobre a capacidade que a Petrobras e suas concorrentes terão de extrair de forma rentável esses recursos, localizados a mais de 5 mil metros abaixo da superfície do mar, sob camadas espessas de areia, rochas e sal.
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