Valor Econômico
A Holanda tem forte interesse em cooperação com o Brasil no setor de biocombustíveis e quer transformar o porto de Roterdã em ponto de distribuição para o etanol brasileiro na Europa, informou ao Valor o ministro holandês de Comércio Exterior, Frank Heemskerk, por telefone, logo após encontrar-se, em Amsterdã, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As metas européias para aumento do uso de biocombustíveis garantem boas perspectivas de futuro para o etanol de cana, argumentou o ministro holandês.
Ele assina hoje memorando de entendimento e cooperação com o Brasil no setor de biocombustíveis, que prevê a atuação dos dois países em projetos comuns em terceiros mercados e no chamado etanol de segunda geração, produzido a partir de celulose. Os dois países devem também buscar juntos mecanismos "sustentáveis" de produção do etanol, disse o ministro.
Na próxima semana, Heemskerk vem ao Brasil, acompanhado pelo prefeito de Roterdã, Ivo Opstelten, e executivos de cerca de 30 empresas holandesas, interessadas nos setores de transporte, energia e logística. "A Holanda tem muito a oferecer em infra-estrutura, construção de portos, para atender à ambição do Brasil de buscar cooperação para o PAC", garantiu o ministro holandês.
O risco de desaceleração na economia mundial com a recessão que ameaça os Estados Unidos não altera o interesse holandês em relação aos negócios com o Brasil, afirmou o ministro, que mostrou ter ficado impressionado com os argumentos levados pelo governo brasileiro. "O presidente Lula deixou muito claro que o Brasil, com a diversificação de sua economia e do comércio exterior, está muito menos dependente dos Estados Unidos", argumentou Heemskerk. "Está muito atraente para as empresas holandesas"
Esse interesse poderá ser medido pela participação das empresas da missão holandesa na feira Intermodal, em São Paulo, a maior feira de logística da América do Sul, onde os representantes do setor privado que acompanharão Heemskerk pretendem exibir o conhecimento técnico das empresas holandesas. Da missão fazem parte emissários dos portos de Roterdã, Amsterdã, Groningen e Vlissingen. O prefeito de Roterdã deve assinar acordo de cooperação econômica e cultural com o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).
A visita ao Brasil, segundo o ministro do Comércio Exterior da Holanda, deverá sublinhar o fato de que o país é o maior investidor no Brasil, com empresas como a Shell, o ABN Amro, o grupo Novell, Philips e Unilever. No ano passado, a Holanda retomou o papel de maior investidor estrangeiro no Brasil, que havia perdido para os Estados Unidos, com investimentos de US$ 8,1 bilhões, quase 24% do total de investimentos diretos estrangeiros. "Nos próximos anos, devemos aumentar ou, no mínimo, manter os atuais níveis de investimentos no Brasil", assegurou o ministro holandês.
Embora seja relevante para o Brasil, o total de investimentos holandeses no país representa apenas apenas 1,15% do total de investimentos da Holanda no mundo, o que leva o governo brasileiro a acreditar que é necessário atrair o setor privado holandês com as perspectivas de investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A proposta foi recebida com entusiasmo pelo ministro de Comércio Exterior, na conversa com o presidente Lula, acompanhado da ministra de Economia do país, Maria van der Hoeven, e de representantes de grandes empresas, que expuseram a Lula os problemas burocráticos, tributários e de de infra-estrutura encontrados no Brasil.
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