Debate

Painel sobre os rumos da siderurgia brasileira fecha 2° Encontro Nacional de Siderurgia

No debate que encerrou o 2º Encontro Nacional da Siderurgia, realizado em São Paulo, cinco nomes de peso do ramo da siderurgia e da indústria nacional discutiram o que é preciso ser feito para alavancar o crescimento do setor após a crise. O debate foi mediado pelo jornalista George Vidor.

Redação
26/08/2009 15:07
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No debate que encerrou o 2º Encontro Nacional da Siderurgia, realizado em São Paulo, cinco nomes de peso do ramo da siderurgia e da indústria nacional discutiram o que é preciso ser feito para alavancar o crescimento do setor após a crise. O debate foi mediado pelo jornalista George Vidor.

 

Segue abaixo a opinião de cada um deles:

 

Marco Antônio Castello Branco, diretor-presidente da Usiminas

 

O presidente da Usiminas fez uma breve apresentação dizendo que o excedente na produção do aço no Brasil não é fator determinante para o crescimento. "O que vai determinar como vamos crescer é a nossa capacidade de resolver conflitos entre os atores envolvidos no setor - consumidores, trabalhadores, empresários e governo - e suas diferentes aspirações", concluiu Castello Branco. Ele destacou, entre esses conflitos, as questões trabalhistas, ambientais e a devida atenção que deve ser dada à política. "Ninguém tem muita paciência com a política. Mas não podemos deixar, por exemplo, uma questão trabalhista ser resolvida por decreto sem ter sido conversada entre empregadores e empregados antes."

 

Benjamin Mário Baptista Filho, diretor-presidente da ArcelorMittal Tubarão - Aços Planos

 

"Quando eu fui para a Coréia pela primeira vez,  em 1984, o país era pior que o Brasil. Hoje, existe uma nova Coréia", disse o presidente da ArcelorMittal Tubarão para dar um exemplo de um país que correu atrás do crescimento e deu a volta por cima em apenas uma geração. Hoje, o consumo per capita do coreano é de 1,2 mil kg por habitante. No Brasil, entre 1980 e 2008, o consumo passou de 100 kg para 120 kg. Baptista Filho citou os países asiáticos como os grandes consumidores atuais de aço por serem países que investem em infra-estrutura e também em educação. "O crescimento depende do consumidor. Ele é quem faz diferença. E consumidor mal educado definitivamente não consome aço", concluiu.

 

Jackson Schneider, presidente da ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

 

O presidente da Anfavea deu um panorama do setor automotivo - o segundo maior consumidor de aço no país, atrás da construção civil. Ele destacou como o segmento deu a volta por cima depois da queda nas vendas causada pela crise, levando o consumidor de volta às lojas e retomando um patamar saudável de vendas. O faturamento do setor, em 2008, foi de US$ 86,5 bilhões.

 

No entanto, apesar do crescimento de 6,7% no mercado interno previsto para esse ano, a produção geral caiu 5,2% por causa na queda das exportações. "A capacidade produtiva mundial é de 87 milhões, a produção efetiva é de 66 milhões. Ou seja, existe uma ociosidade de 21 milhões que poderíamos aproveitar melhor", disse.


Paulo Godoy, presidente da ABDIB - Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base

 

Godoy deu ênfase à queda nos investimentos do governo em infraestrutura. "Há alguns anos, beirava os 2,5% do PIB. Hoje, não passa de 0,5%". Para o presidente da ABDIB, é preciso um novo modelo de gestão dos gastos públicos, um novo modelo de concessões e marcos regulatórios mais estáveis. Ele ressaltou que a Copa de 2014 vai acelerar obras que são urgentes e que acabariam sendo feitas de qualquer forma, só que no longo prazo. Por fim, citou a importância do PAC para fazer com que os investimentos em infraestrutura saiam do papel.


Benjamin Steinbruch, diretor presidente da CSN

 

O presidente da CSN pediu um pouco de cautela. Disse que há uma certa artificialidade na apresentação dos números e que não está fácil vender - para ninguém.  Para Steinbruch, o que fez com que o Brasil se segurasse durante a crise que bateu muito mais forte nos países desenvolvidos foi a entrada de 60 milhões de novos consumidores brasileiros oriundos das classes C e D, alguns com auxílio de programas do governo. "Essas pessoas que compraram a primeira casa, a primeira geladeira, o primeiro fogão e o primeiro carro é que seguraram a demanda", disse. Graças a uma política de juros baixos, crédito e oferta de emprego.

 

No entanto, Steinbruch lembrou que há toneladas de produtos importados "em busca" de um mercado novo, e que o Brasil corre riscos nesse sentido se não rever sua política de importação. "Não sou pessimista, mas acho que temos que ter dúvidas em relação ao ano que vem", afirmou. "Não me atreveria a dizer que estamos imunes à crise. E dizer que o pior já passou é o pior risco que corremos".

 

A programação do 2º Encontro Nacional da Siderurgia, que reuniu mais de 700 participantes, foi encerrada pelo presidente do Instituto Aço Brasil. Flávio de Azevedo ressaltou a importância dos debates para a melhor compreensão da situação atual da economia e da indústria. Ele lembrou que o Instituto lançou durante o evento o Relatório de Sustentabilidade 2009. Em sua quinta edição, o documento revela o esforço que vem sendo desenvolvido pelas empresas no sentido reforçar seu comprometimento com os princípios do desenvolvimento sustentável e as demandas mais amplas da nossa sociedade.

 

O presidente referiu-se, ainda, ao posicionamento do INSTITUTO ACO BRASIL em relação ao tema mudança climática. Segundo ele, a indústria brasileira do aço propõe que os compromissos que venham a ser assumidos pela COP-15, em Kopenhagen, levem em conta os índices per capita, de desenvolvimento humano, de produção, e de consumo em cada pais. "As medidas adotadas no Brasil devem ser de caráter voluntário, de modo a observar os princípios das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e não impedir o crescimento econômico e a melhoria das condições sociais dos países em desenvolvimento", concluiu.

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